Médico da SBIm lança livro com algumas respostas para esta pergunta

A vacinação está entre as maiores conquistas em saúde pública no mundo. Ainda sim, alguns grupos acreditam que vacinas não devem ser indicadas. Quais os principais motivos dessa recusa e suas consequências? Essas questões são abordadas pelo médico Guido Levi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de imunizações (SBIm), no livro "Recusa de Vacinas - Causas e Consequências" (60 páginas). Em linguagem simples e de fácil leitura, o autor busca fatos históricos, análises científicas e dados estatísticos para lançar luz sobre essa polêmica. O livro está disponível para download gratuito no site da SBIm.

Os fatos históricos da vacinação no mundo e os mitos gerados pela difusão de boatos antivacinação, questões como erros científicos, crenças religiosas ou filosóficas e desinformação são abordados na publicação. Outro ponto polêmico são os aspectos legais e éticos na vacinação compulsória, tema que mereceu um capítulo em que o médico discorre sobre países que adotam a medida.

Grandes controvérsias

No capítulo "As grandes controvérsias e as consequências da não vacinação", Levi destaca o impacto causado por um suposto estudo científico, publicado na prestigiosa revista Lancet, atestando que a vacina tríplice viral (SCR - sarampo, caxumba e rubéola) seria causa de autismo. "O autor, A J Wakefield, havia recebido pagamento de advogados em processos por compensação de danos vacinais; o estudo que conduzira era completamente falho e a associação entre a vacina e o autismo foi derrubada, fato que custou ao médico a perda do registro profissional", lembra Levi. "Mas os danos causados por esse falso estudo comprometem a segurança da saúde de muitas crianças até hoje, devido à recusa de vacinação por parte de seus pais", analisa.

O médico cita como uma das consequências da não vacinação e o risco desse comportamento não apenas para o indivíduo, mas também para a comunidade, o surto de sarampo que teve início em uma escola da capital paulista, em 2011, onde estudavam muitas crianças que não haviam sido vacinadas por opção dos pais. "Essa opção pode representar um sério risco para a saúde coletiva e um pesado ônus para os serviços de saúde que investem no controle e erradicação de doenças imunopreveníveis", analise Levi.   

Guido Levi defende que a grande batalha a favor da vacinação deve ocorrer basicamente na área da informação e do esclarecimento. "Consideramos importante o debate aberto desses temas e ‘Recusa de Vacinas - Causas e Consequências’ é uma parte desse esforço de informar e educar empreendido pela SBIm", afirma. 

"Recusa de Vacinas - Causas e Consequências" será distribuído pelo PNI a todos os coordenadores do programa em cada capital. Para fazer o download gratuito do livro, acesse:  www.sbim.org.br/categoria/publicacoes/livros/.

As vacinas e a História

Varíola - Foi responsável pela morte de cerca de 400 mil pessoas por ano na Europa em séculos passados - três milhões de nativos foram dizimados pela doença introduzida pelos espanhóis no "Novo Mundo". No Rio de Janeiro, na última década do século XIX, a varíola vitimou 8.599 pessoas. "Hoje, graças ao esforço que erradicou a doença, os médicos formados na última década só conhecem a varíola por meio de ilustrações de livros antigos", analisa o vice-presidente da SBIm.

Poliomielite - Conhecida como "paralisia infantil", a doença foi erradicada do Brasil no início da década de 80 graças à vacinação em massa. "Se não fossem as interrupções da vacina Sabin em alguns países da Ásia e da África, ela já estaria erradicada do mundo", explica Levi. 

Febre amarela - Na segunda metade do século XIX, no Rio de Janeiro, foram registradas 58.063 mortes pela doença. A cidade tinha, em 1850, apenas 166 mil habitantes. "Foi graças a uma vacinação em massa das populações em situação de risco, aliada a políticas de saneamento básico, que o tipo urbano não tem mais sido visto desde a década de 1940. O tipo silvestre tem sido observado em algumas ocorrências anuais", destaca.

Sarampo - "Na década de 1980 ainda tínhamos enfermarias lotadas de crianças com a doença que provocava altíssima mortalidade e sequelas. Graças à vacinação, hoje, quem sai da faculdade de medicina só conhece o sarampo pelos livros".