UTILIZAÇÃO DA ALOE VERA (BABOSA) NO DISTRITO DE NARANIÚ- VÁRZEA ALEGRE-CE

                                 Cícera da Silva Araújo Lima

Francisco Nicolau Pinheiro

 

 

 

RESUM0

 

A Aloe vera (babosa) é uma planta bastante estudada atualmente, por a mesma está sendo utilizada em vários ramos: medicina, cosmético, ornamentação, entre outros. O estudo desta espécie bastante utilizado no Distrito de Naraniú, maior distrito de Várzea Alegre-CE, foi realizado através de pesquisa bibliográfica e de campo. No presente trabalho entrevistou-se a população dos quarentas sítios, sendo uma pessoa por localidade, mediante a aplicação de entrevistas e questionários enfocando dados sócio-econômico-cultural e a localidade em que residem. Foi feito o levantamento do conceito, origem, características, histórico, cultivo, utilidades e composição química sobre a babosa. Conclui-se que esta erva é utilizada em todo este Distrito externamente para combater a queda de cabelo, acne, ferida e caspas, e tem uso interno para combater úlcera gástrica. De acordo com Zago (2002), a babosa apresenta três grandes capacidades: capacidade de penetração nos tecidos sem isso, ela não seria o que é, e a água e os hidratantes não poderia agir; capacidade de gerar um revestimento protetor prevenindo contra o desenvolvimento de bactérias nocivas à saúde; capacidade de aumentar a circulação do sangue através disso, ela torna mais rápida a eliminação das células novas, provocando a reconstituição dos tecidos e a cicatrização.

Palavras-chave: Aloe vera, planta medicinal, utilidades.

 

ABSTRACT

 

Aloe vera (aloe) is a plant currently studied enough, for it is being used in various fields: medicine, cosmetic, ornamental, among others. The study of this species widely used in Naraniú District, the largest district of Lowland Alegre-EC, was conducted through literature and field research. In the present study interviewed the population of the forties sites, one person by location, by applying interviews and questionnaires focusing on socio-economic-cultural data and the location in which they reside. Was made lifting the concept, origin, characteristics, history, culture, utilities and chemical composition of the aloe. It is concluded that this herb is used throughout this District externally to combat hair loss, acne, wound and dandruff, and has internal use to combat gastric ulcer. According to Zago (2002), aloe has three main capabilities: ability to penetrate tissue without it, she would not be what it is, and water and moisturizers could not act; ability to generate a protective coating against preventing the development of harmful bacteria to health; ability to increase blood circulation through it, it makes faster elimination of new cells, leading to tissue reconstruction and wound healing.

Keywords: Aloe vera, medicinal plant, utilities.

INTRODUÇÃO

      A Aloe vera é uma planta muito utilizada por muitos naraniuenses, ela é plantada em vasos ou mesmo no chão do quintal das residências.

      De acordo com Braga (1960),” a babosa é uma planta carnosa, acaulescente ou  quase  acaula,  de folhas acuminadas, glauco esverdeadas, cheias de uma substância mucilogenosa, grossa, suculenta com cheiro forte e pertence a família Liliáceas“.

      Já de segundo Mattar (1955) “a Aloe vera age sobre os intestinos e deve ser evitado em exagero pelos os que sofrem de hemorroidas e pelas gestantes, pois pode provocar hemorragias causando, assim, o aborto”.

    “A Aloe vera é uma planta utilizada para diversos fins medicinais a centenas de anos, dentre esses problemas relacionados com a pele como: acne, caspa, queimaduras, etc. É uma erva de pequeno porte, e possui folhas suculentas, a qual é usada para fazer muitas vezes suco, que tem efeito anti-helmíntico” (ZAGO, 1998).

     O objetivo desta pesquisa foi realizar um levantamento sobre a babosa para saber de qual forma é utilizada esta erva, e se seu uso está correto ou exagerado, ou seja, fazer uma comparação entre o conhecimento popular dos naraniuenses e o conhecimento científico. Aproveitando o ensejo foi feito à pesquisa popular e científica das substâncias encontradas nesta planta, para saber realmente a eficácia da mesma.

     “Conforme Barraca (1999)” o suco das folhas é emoliente e resolutivo, quando usadas topicamente sobre inflamações, queimaduras, eczemas, erisipelas, queda de cabelo, etc. A polpa é antioftálmica, vulneraria e vermífuga (uso interno). A folha despida de cutícula é um supositório calmamente nas retites hemorroidais. É ainda utilizada externamente nos entorse, contusões e dores reumáticas”.

    Segundo Hedendal (2001) “o uso terapêuto da babosa, data de milhares de anos, desde os povos antigos, como gregos, judeus, egípcios, árabes, africanos, europeus e, mais recentemente povos do continente americano”.

     “A planta vem sendo utilizada desde muito tempo com finalidade terapêutica, devido às propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas de substâncias ativas que estão concentradas tanto no gel quanto na casca das folhas de Aloe vera e que lhes confere muitos benefícios a saúde humana” (JOSEPH; RAJ, 2010, p. 106-110; NANDAL; BHARDWAJ, 2012, p. 38-46).

     “Com os avanços científicos, o consumo de plantas medicinais perdeu espaço para os medicamentos sintéticos. Entretanto, o alto custo destes fármacos, o difícil acesso, os seus efeitos colaterais, bem como, nos dias atuais, o uso crescente de produtos de origem natural, contribuíram para o ressurgimento do uso de plantas medicinais” (Gama & Silva, 2006; Brasileiro et al., 2008).

     As informações são vastas do poder curativo da babosa e suas outras utilidades são várias, é por isso que a mesma tem controlado um grande mercado comercial na área de cosmético e é utilizada no meio rural como planta medicinal.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Aspectos Físicos de Várzea Alegre-CE

     O município de Várzea Alegre-CE tem uma área territorial de 811,20 km2 e está situado entre as regiões Centro Sul e Cariri, sul do Estado do Ceará, a 467 km de Fortaleza. Limita-se ao norte com o município de Cedro; ao sul com Caririaçu e Granjeiro; a leste com Cedro e Lavras da Mangabeira; e a oeste com Farias Brito e Cariús (FONTE: IBGE, 2014).

     O relevo apresenta solo bastante montanhoso sobressaindo às serras: Cavalos, Charneca, Criolos e Negra, tendo em todo o leito terras de várzeas.

     Possui várias lagoas como: São Raimundo, Iputi, Nunes e Lagoa de Dentro. Este município está localizado a 6° (graus), 47minutos e 20 segundos de Latitude Sul e39° (graus), 17 minutos e 45 segundos de Longitude Oeste.

     O município consta de três rodovias: BR-230 e CE- 060.

     A rede hidrográfica faz parte da bacia do Salgado e é constituída pelos principais cursos d’água existentes como: Riacho do Machado, Riacho São Miguel e Riacho do Meio. Principais açudes: Caraíbas, Riacho Verde, Lagoa Seca, Vacaria, Mameluco, do Brejo, Olho D’Água e Ubaldinho. Principais barragens: Fortuna e Cachoeira Dantas.

     O clima é quente na região Centro Sul e fresco na região do Cariri. A temperatura varia entre 27° C sendo que o período chuvoso inicia-se geralmente em janeiro estendendo-se até o mês de junho existindo a presença de estiagem, com pluviosidade média bastante variada, ou seja,

nos anos considerados secos entre 400 a 600mm, nos anos considerado normal chove 963,5mm e no ano de  2014 choveu 1058mm (FONTE: FUNCEME, 2014).

     A cobertura vegetal é a caatinga representada principalmente por: Cydonia olonga (marmeleiro), Acacia Jurema  (jurema), Combretum leprosum (mofumbo), Ficuspumila (unha de gato), Mimosa caesalpiniithfolia Benth (sabiá), Schinus molle (aroeira), Dipteryx odorata (camaru),Vatairea macrocarpa (amargoso) e Anadenanthera colubrina (angico).

     O município de Várzea Alegre-CE possui população de 39.861 habitantes em 2014, densidade demográfica (háb/km2) de 45,99 e grande parte da população para sobreviver depende das bolsas do governo federal (FONTE: IBGE, 2014).

     Os principais eventos culturais são: Semana da Co-Padroeira - Nossa Senhora das Mercês (janeiro), Carnaval de Várzea Alegre, Semana Santa, Festas Juninas, Semana do Padroeiro São Raimundo Nonato (agosto),Semana do município (outubro) e Natal da Paz (dezembro).

    Sua divisão político-administrativa registrada a existência de cinco distritos: Naraniú, Calabaça, Canindezinho, Ibicatu e Riacho Verde. 

   

Aspectos Físicos do Distrito de Naraniú

     O Distrito de Naraniú está situado no norte do município de Várzea Alegre-CE, faz fronteiras ao norte com o município de Cariús; ao sul com o distrito de Canindezinho; ao leste com o município do Cedro; e ao oeste com a sede do próprio município.

     Este município foi criado em 1933, fica a 15 km da sede, o mesmo é o maior distrito em território e em população.

     A rede hidrográfica deste distrito é constituída pelos os riachos: São Miguel, São Caetano e vários córregos, os quais todos se unem e forma o açude do Ubaldinho localizado no sítio Ubaldinho deste distrito, o mesmo abastece toda a cidade do município do Cedro.

     O clima é muito frio no período de maio a agosto chegando a medir até 13°C e muito quente no período de setembro a dezembro chegando a medir 39°C.

     O relevo deste distrito é composto pela Serra do São Caetano, chapadas e várzeas. A vegetação não difere dos demais distritos do mesmo município. O qual nos deixa preocupado com grande desmatamento para a plantação de pastagem  para a criação de gado de alguns proprietários para o uso de leite e corte.

     A religião predominante é a católica, mas existem também várias Igrejas Evangélicas.

     Este distrito possui 40 (quarenta) sítios. A sede do distrito de Naraniú é a Vila São Caetano, a qual possui a Capela de São Caetano, igreja esta, que por possui mais de dois séculos foi tombada, e hoje é Patrimônio Público, ela é a foto postal deste distrito.

     A agricultura não difere dos demais distritos, é de subsistência, com plantação de arroz, feijão, milho e amendoim. Mais de cinquenta por cento das famílias naraniuenses sobrevivem com ajuda das bolsas cedida pelo o Governo Federal.

     Este distrito possui oito escolas e dois postos de saúde, com um PSF(Programa Saúde da Família).

     Quase em todas as casas deste distrito, a população cultiva algum tipo de planta medicinal, a qual, a que está em destaque atualmente é a babosa (Aloe vera).

 

Mapa do município de Várzea Alegre-CE mostrando em cor marrom o distrito de Naraniú – FONTE: Blog do Inharé por Giovani Costa, 2014.

Realização da Pesquisa

 

    A pesquisa foi efetuada no período de 2 a 17 de abril de 2015 no distrito de Naraniú município de Várzea Alegre-CE. Foram entrevistados moradores dos seguintes sítios: Brejo I, Brejo II, João Ribeiro, Alto dos Andrés, Sereno, Lagoa de Dentro, Cipó, Saco I, Saco II, Mucuripe, Fantasma I, Fantasma II, Mulungu, Serraria I, Serraria II, Novo Jordão, Barro Vermelho, Paraiso, Trinta e Dois, Lagoa Redonda, Fechado de Baixo, Fechado de Cima, Picada, Gato do Mato, Socorro, Coan, Fazenda, Riacho do Meio, Piçarra, Alto do Sabiá, Mundo Novo de baixo, Mundo Novo dos Félix, Bacupari, Boa Vista, Pacheco, Ubaldinho, Vara da Prensa,  Oitis, Alto dos Machados e Vila São Caetano.

     O desenvolvimento da presente pesquisa constou da elaboração de um questionário padronizado aplicado à população, onde o mesmo consta das seguintes informações sobre o entrevistado: nome, endereço, profissão, tipo de moradia, números de pessoas residentes na moradia, renda familiar e grau de instrução. Além de dados habituais: se cultiva a babosa, o porquê do cultivo e para que é utilizada?

     O conceito, a origem, as características, o histórico, o cultivo, utilidades, substâncias, lenda e mitos citados na pesquisa foi realizada através de consultas às bibliografias especializadas, sendo acrescentadas também informações dos entrevistados.

     As informações sobre Aloe vera popular babosa, foram realizadas de acordo com os seguintes autores: Côrrea 1955; Mattar, 1995; Lorenzi & Matos, 2008; Bhardwaj, 2012; dentre outros.

 

REVISÃO DE LITERATURA

     O nome Aloe é originário do hebraico halal ou arábico alloeh ( que significa substância amarga, brilhante) e do latim vera ( que significa verdadeiro). É conhecida no Brasil por babosa (BARRACA, 1999).

     Aloe bardadensis é conhecida como Aloe vera  ou Aloés, tem um aspecto de um cacto de cor verde, mas este pertence à família Liliáceas e sua verdadeira origem é africana. Esta planta tem por dentro um líquido viscoso e macio, e nas suas folhas apresentam triangulares, grossos, suculentas, orladas, de espinho em serrilha. Apresenta também torno de um pequeno tronco e produz flores pendulares são de cor vermelho ou alaranjado intenso reunido em cacho. A parte da planta usada: folha, polpa e seiva (CÔRREA, 1955).

     A Aloe vera é uma planta utilizada por diversos fins medicinais há muitos anos. São catalogadas mais de 200 (duzentos) espécies de Aloés. Apenas 4 (quatro) espécies são seguras para o uso dos seres humanos, dentre as quais se destacam a Aloe arborensis e a Aloe Barbadensis Miller, sendo esta última reconhecida com a espécie com maior concentração de nutrientes no gel da folha (ZAGO,1998).

     Foi trazida por comerciantes para o mercado londrino em 1693 e em 1843 quantias consideráveis eram importadas. Atualmente é plantada em grande escala em diversos países, como México, EUA e China. Foi reconhecida pela Farmacopeia Britânica como droga oficial em 1932 sendo aceita também em diversas outras farmacopeias. É muito comum no Brasil onde é popularmente utilizada na cicatrização de feridas, no tratamento de queimaduras, conjuntivite, dores reumáticas dentre outros males (Haller, 1990; Alonso, 2007; Lorenzi & Matos, 2008; Guerra et al., 2008).

    “Planta carnosa, acaulescente, ou quase acaule. Folhas acuminadas, Glauco esverdeadas, cheias de uma substância mucilogenosa, grossa e suculenta com cheiro forte “(BRAGA, 1960)”.

Foto tirada na casa de um dos entrevistados - Aloe vera (babosa), 2015.

    

      Atherton (1997)’ diz que a Aloe vera chamada de a planta milagrosa, a natural, dentre outros nomes que sobreviveram por 4000 (quatro mil) anos dentre dos quais essa planta tem beneficiado a humanidade. George Ebers em 1862 foi o primeiro a descobrir o uso da Aloe na Antiguidade em um antigo manuscrito egípcio dotado de 3500 a.C., o qual foi de fato uma coleção sobre ervas medicinais”.

     Outros pesquisadores encontraram relatos do uso desta planta entre civilizações antigas como os egípcios, gregos, chineses, muçulmanos, judeus, japoneses, macedônios e mesmo citações na Bíblia mostram claro que esta planta é citada em João 19:39, o que tudo indica, ela é considerada uma planta poderosa, há muito tempo.

     Esta planta também é chamada “planta da saúde e da beleza”, tem seu uso documentado desde a História Antiga, com passagem em antigos documentos fenícios. Também há relatos que Alexandre Magno usava Aloe vera como único paliativo para os ferimentos de Médicos gregos e romanos como Dioscorides e Plínio usavam Aloe obtendo maravilhosos efeitos e legendárias sugestões que persuadiram Alexandre “O Grande” a capturar a ilha de Socotra no Oceano Índico (ATHERTON, 1997).

     “A Aloe vera é uma erva que é companheira antiga da humanidade. Muçulmanos, maometanos e judeus a usavam penduradas nas portas como proteção para todos os males. Perto da Meca era plantada ao lado dos túmulos para dar paciência aos mortos. Os africanos relatam que a babosa traz boa sorte para dentro de casa e repele energias negativas. Um pano vermelho com algumas gotas do sumo da babosa colocado no carro evita acidentes e roubo, esses são algumas lendas e mitos” (HENDERSON, 1997).

     E ainda hoje inúmeras e renomadas instituições científicas e docentes, como o Instituto de Ciências e Medicina Linus Pauling, de Palo Alto, Califórnia, Instituto Weisman de Israel, Universidade de Oklahoma e outros, têm feitos estudos formais sobre a Aloe vera.

     Por acreditarem que a babosa representa uma proteção para todos os males, antigos muçulmanos e judeus cultivam a mesma, para curarem feridas e até mesmo para pendurar as folhas na porta de entrada das suas casas. As Ilhas de Socotorá, no Oceano Índico (séc. IV a.C.) foi conquistada por Alexandre Magno, por saber a  grande quantidade de babosa neste local, pois o mesmo conhecia os poderes cicatrizantes da babosa, o qual queria usar a mesma para a curar os ferimentos de seus soldados.

     “As rainhas egípcias Nefertiti e Cleópatra cultivavam e taxaram grandiosamente a Aloe vera como sendo o melhor tratamento de beleza. Naqueles tempos beleza e saúde estavam intimamente ligadas, muito mais que estão atualmente” (ATHERTON, 1997).

     Segundo o produtor Rogério Dosouto, a babosa (tanto a Aloe vera quanto a arborescens) desenvolve-se bem em qualquer tipo de solo, desde que seja bem drenado. Mas, precisa de pleno sol para se desenvolver.

     No seu livro, Babosa Não é Remédio... Mas Cura, frei Romano Zago (2002) afirma que” a espécie Aloe arborescens apresenta melhores resultados que Aloe vera (barbadensis), mais usada na indústria cosmética. Para ele, as propriedades medicinais encontram-se na folha toda e não apenas no gel, assim, como na arborencenses o volume da casca é muito grande, há maior concentração de substâncias”.

     Enfim, desde antiguidade até os dias atuais a babosa é cultivadatanto para o uso medicinal como para o uso ornamental em jardins.

     A Aloe veraé uma planta utilizada para diversos fins medicinais há muitos anos, geralmente é utilizada para problemas relacionados com a pele (acne, queimaduras, ferimentos, coceiras, eczemas, erisipela, picadas de insetos, queda de cabelo, etc).

     A babosa aplicada sobre queimaduras ajuda rapidamente a retirar a dor, pelo o seu efeito reidratante e calmante, o qual irá reparando o tecido queimado, curando desta forma a queimadura.

     É considerada pela Comunidade científica como antibiótico, adstringente, coagulante, inibidora da dor e estimulante da regeneração dos tecidos e da proliferação das células. Essa planta milenar veio conseguindo o respeito de todo o planeta. Já estamos no século XXI, e ainda não se descobriu todo o seu potencial.

     A Comissão de Controle Nuclear do Governo dos Estados Unidos e Departamento de Saúde afirma que tratamento de babosa é 100% mais eficiente que os tratamentos convencionais utilizados para resolver problemas com radiação beta.

     Shampoos com babosa fazem parte do estoque de farmácias desde a década de sessenta, possivelmente por conta do tratamento da seborreia.

     Há vários séculos os índios mexicanos vêm utilizando a babosa para dar brilho, força e viabilidade aos cabelos. Isso se deve ao fato de que a pele e o cabelo são levemente ácidos em sua composição, que é uma defesa natural contra as bactérias que estão sempre em contato com essas partes. Como a babosa tem o mesmo fator pH do nosso corpo, ela prolonga a proteção contra as bactérias e além de ser antialérgica.

     “Na União Soviética pesquisas mostram que a babosa foi usada no tratamento de problemas auditivos, impedindo a destruição de fibras nervosas essenciais. E no tratamento da anemia, descobriu-se que a babosa potencializou o efeito ferro a qual reduziu a irritação das paredes intestinais, tendo um ótimo resultado. Cientistas americanos utilizam a babosa no tratamento da tuberculose, descobriram que a erva era capaz de inibir o crescimento também desta bactéria. No Egito, os médicos fizeram experiências com a calvície e obtiveram resultados excelentes. Alguns indivíduos tiveram a perda dos cabelos totalmente paralisada e o crescimento de novos fios” (VIANA, 1997).

     O Dr. Greg Henderson (1997) diretor de uma clínica naturalista, no estado e da Califórnia, apoiando em provas de laboratório, menciona as seguintes propriedades da babosa: “ação anestésica ação anti-inflamatória, ação coagulante, ação queratolítica, ação antibiótica, ação desintoxicante, ação nutritiva, ação digestiva, ação energizante, ação reidratante da pele, ação transportadora, ação regeneradora celular”.

     Sob este enfoque, segundo Viana (1997), na composição química da Aloe vera foram identificadas inúmeras substâncias com os seguintes minerais:

     * Potássio: colabora para a manutenção do ritmo cardíaco, regulando os fluidos do sangue e dos músculos, além de estimular as funções renais;

     * Sódio: trabalhando junto do potássio, estabilizam o nível de hidratação no organismo transportando aminoácidos e a glicose para dentro da célula;

     * Cálcio: acelera a coagulação e a ativação das enzimas, controla também movimentos cardíacos;

     * Ferro: absorve o oxigênio para dentro dos glóbulos sanguíneos e aumenta resistência às infecções;

     * Magnésio e manganês: oferecem condições para que as enzimas digestivas trabalhem com maior eficiência, impedindo a formação das dolorosas peras no rim, preservam o sistema nervoso e os músculos;

     * Cromo: colabora no controle do nível de açúcar no sangue, do metabolismo da glicose e da circulação;

     * Colina: composta de lecitina, indispensáveis ao metabolismo;

     * Cobre: participa da formação do sangue.

     Ainda de acordo com Viana (1997) nesta erva também foram encontradas em sua composição as seguintes vitaminas:

     *Beta Caroteno (A): ajuda a regularizar a visão, pele, ossos e contra anemia;

     *Tiamina (B1): colabora no crescimento dos tecidos e energia;

     *Riboflavina (B2): associa a vitamina B6 participando da produção das células sanguínea;

     *Niacina (B3): participa da regulação do metabolismo;

     *Piridoxina (B6): associa a vitamina B12 participa das produções das células sanguíneas;

     * Cianocobalamina (B12): contra anemia e problemas neuropatológicos;

     * Ácido Ascórbico (C): combate as infecções estimulando o sistema imunológico;

     * Tocoferol (E): juntamente com a vitamina C combate as infecções;

     * Ácido Fólico (do complexo B): auxilia a formação do sangue.

     Os aminoácidos são elementos que compõem as proteínas. Os mesmos são classificados em essenciais (aqueles que o organismo não consegue produzir) e não essenciais, os aminoácidos essenciais são fundamentais as funções cerebrais, eles também exercem uma ação direta sobre as reações emocionais. Dentre os oito aminoácidos classificados como essenciais, sete estão presentes na  Aloe vera. Dentre os doze secundários ou não essenciais (os que o organismo pode produzir a partir dos essenciais), dez estão presentes na babosa são eles: Ácidos Aspártico, Ácido Glutâmico, Alanina, Arginina, Cistina, Glicina, Prolina, Serina, Tirosina e Histidina (ATHERTON,1997).

     Ainda na opinião de Atherton (1997)” foram encontradas também na sua composição várias enzimas, as quais contribuem no nosso sistema imunológico. Estas enzimas são: Catalase (evita a acumulação de líquido no corpo), Celulose (ajuda a digerir a celulose), Creatina Fostoquinase (enzimas muscular), Protealitiase (liquidifica as proteínas no seu interior), Fosfatase, Amilase e Nucleotidase”.

     Há também outras substâncias encontradas nesta erva, as quais têm como funções de antibiótico, laxativo, tranquilizante, etc., estas substâncias são Ácidos Graxos, Lignina, Saponinas, Antraquinonas, Aloína, Isobarbaloína, Ácido Aloético, Aloe emodina, Ácido Cinâmico, Óleo Etéreo, Ácido Crisofônico, Antranol  e Resitanol.

     Na Aloe vera também é encontrado na sua composição carboidratos, que são responsáveis pelos efeitos milagrosos gerados pela utilização da mesma. São: Aldopentose, Alínase, Celulose, Lípase e Manose.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

     Em todo o Distrito de Naraniú- Várzea Alegre-CE a citação do uso da babosa como forma de planta medicinal ou até mesmo superstição ou ornamentação não está embasada em fundamentação científica, e sim, está embasada em conhecimentos populares.

     Sobre a faixa etária dos entrevistados, dos quarenta entrevistados, 60% são idosos, os quais utilizam a babosa em maior percentual internamente como forma de evitar ou curar úlcera gástrica; 30%  são adultos; 10% são adolescentes.

     Esta afirmação popular conduz com o conhecimento científico, pois frei Romano Zago em seu livro “O Câncer tem cura” (1998), advoga que a folha da planta passada no liquidificador e ingerida em jejum durante duas semanas ajuda a cicatrizar ferimentos no estômago.

     Sobre as profissões dos entrevistados, foram observados que 60% são aposentados, os mesmos são os que preparam o uso da babosa em sua residência; 30% são: dona do lar, professores, agente de saúde e agricultores; 10% são estudantes.

      Com relação ao tipo de moradia pode-se observar que 80% dos entrevistados moram em casa própria, os mesmos comentaram que foram eles próprios quem plantaram essa erva em sua moradia.

      Quanto ao número de pessoas por moradia apresentou o seguinte resultados: 80% das residências compõem-se de quatro pessoas, foi observado que existem muitos netos morando com os avós, pois os pais vão a procura de emprego nas cidades e deixam os seus filhos morando com os avós.

      Com relação à renda familiar dos entrevistados, 70% ganham um salário mínimo, por ser aposentado, professor, agente de saúde, etc. Graças a ajuda dos Programas Sociais do Governo Federal as famílias carentes nenhuma passam fome.

     Sobre o grau de instrução dos entrevistados: 5% temo ensino superior; 10% concluíram o ensino médio; 20% concluíram o ensino fundamental; 60% mal sabem ler e escrever; 5% são analfabetos. Graças aos programas de alfabetização este distrito tem melhorado bastante em relação, a saber, ler.

     Quanto ao cultivo da babosa todos os entrevistados conhecem a erva, 80% cultivam a mesma em suas residências.

     Em relação ao tempo de cultivo, todos que cultivam informam que desde crianças cultivam a mesma. Dos que não cultivam, que no exato momento não está cultivando, mas já cultivaram algum momento.

     Com relação ao por que do cultivo dessa planta: 40% cultivam para utilizar internamente, ingerindo para curar úlcera no estômago; 30% afirmam que utilizam esta planta para aplicar sobre feridas dos habitantes da residência e de algum animal quando for preciso, pois é um ótimo cicatrizador; 20% utilizam esta erva para aplicar nos cabelos e na face para evitar caspa e espinhas; 5% utilizam como ornamentação; 5% utilizam em superstição, ou seja, para evitar mal olhado.

      Alguns dos entrevistados baseado no conhecimento popular informaram algo que bate de acordo com o conhecimento científico como: “esta planta age sobre os intestinos”, deve ser evitado pelos que sofrem de hemorroidas e pelas gestantes, pois pode provocar hemorragias causando, assim, o aborto MATTAR (1995).

C0NSIDERAÇÕES FINAIS

 

      A comunidade do Distrito de Naraniú tem muito conhecimento popular sobre plantas tóxicas como também sobre plantas medicinais. A Aloe vera é uma das plantas medicinais mais utilizadas pelos os naraniuenses. 80% dos entrevistados cultivam a babosa no exato momento que foi realizado a pesquisa de campo, os demais já cultivaram a mesma em algum momento de suas vidas.

     Com relação o porquê do cultivo, a babosa é ingerida para combater úlcera estomacal, e sobre feridas tanto de seres humanos como em animais, e também é utilizada para combater queda de cabelo, caspa e acne.

     Sob a composição química da babosa, nesta erva podem encontrar vários sais minerais como: potássio, sódio, cálcio, ferro, magnésio, cromo e cobre, os quais contribuem na colaboração para a manutenção do ritmo cardíaco, regulando os fluidos do sangue e dos músculos, além de estimular as funções renais; é também encontrada várias vitaminas nesta planta como: A, B1, B2, B3, B6, B12, C e E, as quais contribuem na produção de células sanguínea em combate a anemia e da epiderme renovando a pele.

     A Aloe vera é uma excelente planta, pois a mesma tem várias propriedades como: ação anestésica, ação anti-inflamatória, ação coagulante, ação queratolítica, ação antibiótica, ação desintoxicante, ação  nutritiva, ação regeneradora celular.

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