Uso Exclusivo em Serviço.

Este fato aconteceu em uma das primeiras aulas práticas de Ecologia que realizei no Marajó. Saíamos na sexta-feira de manhã cedo. Partindo, como de costume, da Praça do Operário, em São Brás, Belém, Pará e seguíamos para Icoaracy. De lá embarcávamos na balsa ferry boat para o porto de Camará, Salvaterra, ilha do Marajó. Quase 4 horas depois desembarcávamos em Camará e rodávamos cerca de dez minutos. Aí, já começavam as atividades práticas no Campo Cerrado da beira da estrada. Aproximadamente duas horas depois, embarcávamos todos e seguíamos viagem. Eram mais cerca de 25 km na PA-154 até a beira do rio Paracauarí. Na margem direita do rio, aguardávamos uma outra balsa para embarcar e atravessar finalmente para Soure. Cerca de quinze a vinte minutos depois já em Soure, seguíamos mais cerca de quatro quilômetros até chegar em nosso destino, a comunidade de Tucumanduba, Soure, Pará. Da saída do ônibus de Belém até a sua chegada em Tucumanduba, Soure, eram quase seis a sete horas de duração. Convenhamos que era uma boa jornada, quase um triatlo!!! Uma parte dos participantes ficavam alojados na sede da Associação dos Caranguejeiros de Soure e outra parte na Base da ONG Novos Curupiras, uma bem próxima da outra. Cada um levava sua rede, ou colchonete, ou saco de dormir, ou até barraca de camping, além de repelente, garrafinha de água ou cantil e outros apetrechos de uso pessoal. Eu levava o rancho providenciado pela FCAP/UFRA e uma cozinheira da ONG.

Após o desembarque a arrumação das tralhas e rancho. Em seguida, esperando o almoço, fazíamos uma reunião para comunicação da programação a ser cumprida e dos deveres e direitos de todos, etc e tal. Alvorada às seis horas da manhã, com direito a fogos de seis tiros! Banho meu um único chuveiro, café às sete e às oito, embarque no ônibus para o destino da aula prática do dia. Almoço, só na volta da jornada, o que acontecia lá pelas 15, 16 horas.

Finalmente, a turma era liberada. Descansar, passear e outros programas eram indicados ou sugeridos. Um deles aconteceu na noite de sábado para domingo. Parte da turma queria conhecer o centro de Soure, ou melhor, queria ir a uma balada. Como era afastado do centro e não existia serviço de ônibus público, só moto-táxis, um grupo vei a mim pedir para que o motorista deixasse eles no ônibus da FCAP/UFRA. Argumentei que o motora estava cansado e que eles tentassem negociar direto com o mesmo... E continuei: Que ele só poderia deixá-los. A volta era por conta de cada um. E outros blás, blás, blás. Depois de argumentos e contra argumentos, concordei e acompanhei todos anunciando que iríamos fazer um reconhecimento ecológico noturno pela cidade e na volta quem quisesse descer em algum ponto, o fizesse, por conta e risco. Saímos. Depois de visitarmos o trapiche, o “point” da cidade, rodamos até a Quarta rua e paramos em frente a uma balada.

“– Estamos recebendo a visita de estudantes da FCAP!” ouvi o estrondo do som na aparelhagem colocada na calçada.

E continuou: “– Governo Federal. Ministério da Educação. Faculdade de Ciências Agrárias do Pará! Uso exclusivo em serviço!” Putz! O cara leu tudo que tinha na parede lateral do ônibus, inclusive a placa amarela! Todos desceram e entraram no recinto da balada. Fiquei por último e falei ao motorista. “-- Bora embora! Depois desta recepção, só nos resta ir embora! E nos mandamos pra Tucumanduba.