Desde o século XVI a Europa vinha se modernizando. Mas foi durante o século XVIII que essas mudanças revolucionaram a produção. Não em favor dos trabalhadores, mas para ampliar os lucros dos burgueses.

Aos longo dos dois séculos anteriores produziram-se alterações na política, na economia, na distribuição das terras… e isso fez da burguesia a classe social com mais poder econômico. Mas isso não aconteceu de forma rápida e simples: houve um longo e penoso processo para isso acontecer. Longo porque demorou cerca de dois séculos. Doloroso porque para os burgueses ficarem ricos os trabalhadores tiveram que empobrecer, perder suas terras e migrar para as cidades.

A partir do século XVI desenvolveu-se a prática do mercantilismo e do cercamento. O mercantilismo favoreceu o enriquecimento dos comerciantes. Com o cercamento foi a nobreza rural que enriqueceu, pois, na prática, tomou as terras dos pequenos produtores. Estes migraram para a cidade ou viraram mendigos.

Estavam lançadas as bases do capitalismo: riqueza de pequenos grupos, tendo muita gente à sua disposição para trabalhar por salários baixos. Mas os grupos que estavam enriquecendo queriam mais. Investiram no desenvolvimento de máquinas que produzissem mais. Dessa forma foi sendo superado o sistema de produção doméstico e artesanal e instalando-se um modelo que recebeu o pomposo nome de maquinofatura.

As máquinas, inicialmente de tecelagem, produziam em poucas horas o que vários operários demoravam dias para produzir… e de forma mais econômica, pois elas não dependiam de parada para almoçar e ir ao banheiro… nem cobravam os baixos salários pagos aos proletários (trabalhadores assalariados).

Foi assim que se instalou a Revolução Industrial. As máquinas produzindo mais trazendo a consequência do desemprego entre os trabalhadores, mas aumentando muito a produção e a riqueza da burguesia.

Mas não foram só as máquinas das tecelagens que se instalaram na sociedade inglesa. Os transportes também se modernizaram com os navios e locomotivas a vapor. Assim ampliaram-se as distancias sócio-econômicas entre os burgueses e o operariado, mas encurtaram-se as distâncias entre os donos da indústria produtora e seus mercados consumidores.

O fato é que o conjunto de mudanças ao longo do processo da Revolução Industrial fez melhorar a agricultura, aumentando a oferta de alimentos; também a ciência médica avançou com novos medicamentos, como a vacina contra varíola.

Todos esses avanços possibilitaram o aumento da população e, por conseguinte, oferta de mão de obra para as fábricas e, por outro lado, também aumentaram os problemas sociais em relação à moradia, prostituição e ao aumento das doenças nos bairros operários sem infraestrutura…

Outra face dolorida da Revolução Industrial era o ambiente de trabalho. Os operários passavam mais de dez horas num ambiente abafado (pois tudo ficava fechado) e sujo. Além disso, os donos das fábricas preferiam as crianças (a partir de seis anos) e as mulheres para trabalhar, pois seus salários eram menores que o dos homens.

Esse cenário de contradição socio-econômica não passou despercebido. E, como forma de reagir contra ele, os operários começaram a se organizar. Nasceram as associações e depois os sindicatos. Desenvolveram-se, também as teorias socialistas. Entre estas podemos lembras as de Karl Marx, não tanto pelas novidades na defesa dos operários, mas porque elas marcaram o desenvolvimento de socialismo científico.

As teorias de Marx não só explicavam as transformações que estavam ocorrendo na sociedade mas, principalmente, apresentavam propostas concretas para os operários promoverem a sua revolução. A primeira delas, entretanto, somente aconteceu já no século XX, na Rússia.

 

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO