Eu tenho vivido tempos de muitas dúvidas.Tenho me perguntado sobre a razão de nascermos para termos como única certeza, a certeza de que morreremos. E estou me ireferindo mesmo a toda e qualquer espécie de seres. Nascemos totalmente carentes e dependentes e assim viveremos se não houver quem nos ajude a superar as necessidades, desde as mais simples do início da vida.
Tenho me perguntado muito sobre o destino de cada ser vivente. Por que entre uma família nascem pessoas tão felizes e outras com um destino imensamente cruel, e o mesmo acontece com todos os tipos de animais? O ser humano, racional, ainda tem a chance de fazer escolhas, mas, e os animais, dos quais vou me abster de entrar em detalhes?
Geralmente procuramos seguir pelos caminhos do bem, no entanto a Bíblia sinaliza dizendo que há caminhos que ao homem parecem direitos, mas na verdade são caminhos de morte (...). Ou seja, morte no sentido de que alguns caminhos nos levam ao mal.
Ontem foi para mim um dia de muita tristeza e pranto, que só mesmo com a ajuda de pessoas amigas consegui mais uma vez olhar de perto para o vale da sombra da morte, que foi a partida de um irmão querido em circunstâncias muito dolorosas, o qual nasceu e viveu fora dos parâmetros de uma vida normal e digna, e assim o seu espírito fez a passagem para um plano de existência que, espero, seja melhor do que o que ele viveu aqui.
À sombra de uma árvore naquele campo santo, onde seria a sua última morada neste vale de lágrimas, ouvi a leitura do Evangelho e suas explicações de que o salário do pecado é a morte. Ouvi também sobre as maravilhosas promessas de que o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, afirmando que quem crê em mim tem vida eterna, e mesmo que esteja morto viverá (João 11:25).
Ouvi sobre promessas de que haverá um dia em que aquele corpo e todos os outros dos que já partiram e partirão crendo nesta promessa, haverão de ressuscitar; promessas de que aqueles mesmos corpos que ali estão, nesse dia glorioso ganharão vida, pois os seus pecados já foram perdoados e eles nunca mais morrerão. Segundo a Bíblia.
Esses são momentos de muita fragilidade, nos quais qualquer palavra de esperança serve de apoio e consolo, e com elas preferimos concordar, pois dão alívio nesses momentos cinzentos e dolorosos. São palavras que servem para segurar a âncora do nosso barco, para que não vá direto ao fundo daquele mar de desânimo, tristeza e decepção diante de tantas coisas difíceis de se compreender e aceitar. Mas passada a tempestade maior, acendem-se os conflitos dentro de mim, e prossigo caminhando a esmo nessa estrada espinhosa, cheia de incertezas e sem rumo certo, que é a vida. Nossa vida aqui, embora efêmera, é o que temos de concreto. Então sinto-me espiritualmente à deriva, pois já nem sei mais em que me segurar. Sinto que existe alguém, um ser, um espírito superior que tudo criou, que é justo e bom, e tudo vê mas não interfere, e é justamente essa não interferência que me deixa estática e sem nada entender. Justo eu que acreditava tanto nessas promessas, hoje me sinto completamente apática, desnorteada e fria como como uma parede cinza. Que verdade será essa, tão difícil de eu entender diante de tudo que vejo à minha volta, diante de tanto sofrimento do meu próximo, principalmente nos dias violentos que estamos vivendo? Acho que me deu um branco, me sinto como um barco entre as brumas, e elas me impedem de tomar qualquer direção.