Como falar do que não é? Acredito que seja impossível, mas a respeito de perspectivas, podemos conceber o não-ser apartir de um referencial lógico-dedutivo.
Mergulhados em uma pós-modernidade, com uma busca doentia sobre o instante, desejando ultrapassar o tempo, almejando um futuro não-feito, transformando e criando em uma simulação futurista, um vazio considerado porvir.
Dentro de nós, aplicando o princípio do espelho, estaremos nos deparando com a outra face do ser, o vazio existencial que procuramos preencher, como apêndices, como objetos que ao longo do tempo estarão sendo relacionados a algo existido, por compartilhar do momento existente em uma permuta de relações entre entes.
Assim, criamos nossa artificialidade, com sua arquitetura bruta, refletindo nossa desumanização, uma realidade que busca atender uma expectativa autômata, onde o humano vai sendo descartado no processo, criando algo autônomo e que torne o homem desnecessário em uma funcionalidade que visa atendê-lo, tornando-o epígono de uma metafísica teísta, criador de um mundo que irá servi-lo.
Alimentar-se do vazio é ter uma fome insaciável, tendo em vista a inexistência de preenchimento, criando uma busca contínua em ocupar algo que não poderá ser contido e nem ocupado, como encher um recipiente sem fundo, continuando a fabricar mecanismos para encher o objeto, como alterando a composição do que será conteúdo, mas jamais conseguindo sanar a falta do que seria o limite.
Ainda tenta-se domesticar a natureza, em uma lógica civilizatória, ou seja, de destruição do mundo em que se vive, por desejar fazê-lo seguir a meta irreal de um porvir inexistente, utilizando toda uma fantasia para preencher o imaginário em busca de modelos fictícios, atendendo a necessidade do homem em desfazer-se, conforme a percepção já consciente do não-ser.