Uma nova escrita para o nome de um velho homem

(escrito por Jhoacyr d’Abadia)

Uma nova escrita para o nome de um velho homem. Foi com esta frase que eu comecei a pensar em como seria a mudança de um nome para chamar mais a atenção de leitores e seguidores hipnotizados pelas histórias americanas ou pelos fatos estrangeiros.

Intuo invariavelmente que os livros e autores estrangeiros perpetram muito mais sucesso no Brasil do que os brasileiros. Eu, quase sempre, me vejo protestando: “será porque eles e não nós?” É uma interrogação impregnada de desejo em ver nossa cultura sendo valorizado com o que temos: periferia, trânsito caótico, roubos em casas, roubos nos comércios, roubos na política... Roubos, em síntese; estradas esburacadas, asfaltos por repararem, praças inacabadas, educação precária, saúde “na UTI do próprio Hospital”, e etc.

Vejam bem comigo, meus poucos leitores, o que empolga-nos são as coisas atraentes aos olhos, aos ouvidos, ao paladar, ao tato. Encantam-nos o que seduzem os Sentidos. Segue mais ou menos assim: assistir um filme produzido com toda tecnologia cinematográfico dos produtores de cinema de Hollywood ou ver um filme nacional produzido em formato documental; ouvir Adele ou Daniel Costa; comer um pastel na Lanchonete Viçosa (da rodoviária de Brasília) ou um Hambúrguer no Mc. Donalds; tocar na mão de um dos atores do elenco do filme “Guerra nas Estrelas” (Star Wars) como Daisy Ridley, John Boyega e Oscar Isaac ou ser saudado por um gari, o qual está com a mão calejada de tanto carregar o lixo que tanto produzimos? Para estas conglomeradas perguntas sabemos perfeitamente das respostas. Pois, assim é: gostamos do que é mais fascinante.

Eu tenho amigos, saibam vocês, que já leram todos os livros “Harry Potter” da série de sete romances de fantasia escritos pela autora britânica J. K. Rowling, mas nunca foram capazes de ler um único livro de autoria brasileira. A lógica por trás disso é que “o estrangeiro é melhor”. Por isso, o meu pensar em um nome “americanizado” para ver se atrai leitores, ao passo que ser Filósofo brasileiro não tributa muitos leitores. De uma nova vertente eu até entendo: não temos meios para divulgar o que produzimos. É o que diz! E, sem reservas, o que se acredita.

Temos autores muitos bons, porém estão publicando pela internet por meio de editoras que acreditam nestes acanhados autores porque para elas não há nada a perder. Elas já têm suas “hospedagens na internet”. Então investir em pessoas desconhecidas nunca será perca, no entanto as Editoras de renome e que dispõem de uma boa visibilidade no mercado nacional ou internacional dificilmente voltará seus olhos para um autor “desconhecido pela mídia”.

A partir destas intempestivas eu cheguei a pensar em uma nova dimensão para o meu slogan “Uma nova escrita para o nome de um velho homem”. Poderia ser diferente se a realidade não estivesse cravada na seriedade do assunto e não me deixasse tão atordoado quando vejo meus irmãos pedirem carona para o seu talento nas beiras das estradas da nossa cultura brasileira rica de dons e carismas, mas que se deixam afugentar pelo medo do diferente, aquele que mesmo sendo bonito e bom se torna feio e sem utilidade pela credibilidade dispensada a eles.

Tudo só é bom quando este bom faz parte de sua vida e não fica apenas num imaginário. Cada coisa que existe é boa pelo próprio fato de existir. Você, por exemplo, pode ter as melhores ideias no seu mundo, mas se seu mundo não fizer parte do mundo de uma grande chusma de pessoas, sua brilhante ideia ficará sendo exclusivamente ampla pra você, porém, para que todos vejam que é realmente uma boa ideia, eles precisam ir até ela, participar daquilo que você propõe, sentir-se único com aquilo que é “seu bom”, seu mundo sem que você se preocupe por nunca ter hipnotizado ninguém com suas historias e fatos brasileiros ou por eles fazem parte somente da história nacional. Assim, pensou. Deste pensamento, se fez. Fazendo se reinventou o pensar e o fazer.