UMA MODERNIDADE DE TRANSPORTE NA GRANDE SÃO LUÍS - MARANHÃO

Por josé raimundo alves | 30/06/2025 | Geografia

UMA MODERNIDADE DE TRANSPORTE NA GRANDE SÃO LUÍS - MARANHÃO

 

José Raimundo Alves[1]

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RESUMO

 

A Grande São Luís enfrenta uma transformação crítica em seu sistema de transporte coletivo. Diante da concorrência de aplicativos de mobilidade e da insatisfação com ônibus superlotados, a integração de um metrô urbano moderno com ônibus regionais surge como solução viável. Este artigo analisa os desafios atuais, propõe um modelo de integração multimodal e discute seus impactos socioeconômicos e ambientais. A modernização não apenas revitalizará o transporte público, mas também promoverá a inclusão territorial das quatro cidades da Ilha do Maranhão: São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa.

 

Palavras-chave: transporte coletivo, metrô urbano, integração modal, mobilidade sustentável, Grande São Luís.

 

RESUMEN

 

La Gran São Luís enfrenta una transformación crítica en su sistema de transporte colectivo. Ante la competencia de aplicaciones de movilidad y la insatisfacción con autobuses sobrecargados, la integración de un metro urbano moderno con autobuses regionales surge como una solución viable. Este artículo analiza los desafíos actuales, propone un modelo de integración multimodal y discute sus impactos socioeconómicos y ambientales. La modernización no solo revitalizará el transporte público, sino que también promoverá la inclusión territorial de las cuatro ciudades de la Isla de Maranhão: São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar y Raposa.


Palabras clave: transporte colectivo, metro urbano, integración modal, movilidad sostenible, Gran São Luís.

 

ABSTRACT

 

The Greater São Luís is facing a critical transformation in its public transportation system. In the face of competition from mobility apps and dissatisfaction with overcrowded buses, the integration of a modern urban metro system with regional buses emerges as a viable solution. This article analyzes the current challenges, proposes a multimodal integration model, and discusses its socioeconomic and environmental impacts. Modernization will not only revitalize public transport but also promote territorial inclusion among the four cities on the Island of Maranhão: São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar, and Raposa.


Keywords: public transportation, urban metro, modal integration, sustainable mobility, Greater São Luís. 



 

INTRODUÇÃO

 

O transporte coletivo na Grande São Luís enfrenta um paradoxo desafiador. Enquanto o mundo avança em inovações tecnológicas que revolucionam a mobilidade urbana, o sistema local se mantém anacrônico, fundamentado principalmente no uso de ônibus. Com tarifas superiores a R$ 4,00, a realidade do transporte público se torna um entrave para a população, especialmente para aqueles que vivem nas áreas mais periféricas. Essa situação é ainda mais complicada pela superlotação dos veículos, pela limitação de horários e pela falta de uma integração tarifária universal, fatores que desestimulam o uso do transporte coletivo e, consequentemente, comprometem a mobilidade urbana de maneira geral.

Paradoxalmente, à medida que o transporte coletivo se vê em declínio, veículos por aplicativo ganham relevância, criando uma nova dinâmica de mobilidade na região. Se, por um lado, os aplicativos oferecem uma alternativa à precariedade do transporte público, por outro, eles agravam a exclusão de populações que não têm acesso a tecnologia ou que não podem arcar com os preços cobrados. A depender desses serviços para a locomoção, muitos acabam por enfrentar uma crise dupla: a inviabilidade de um transporte coletivo acessível e a dependência de soluções que não atendem a todos. Este cenário é perigoso e reforça desigualdades socioeconômicas, levando a um ciclo vicioso de exclusão.

A superação dessas adversidades não é apenas uma questão de melhorar a eficiência dos ônibus ou ajustar suas tarifas. É necessário repensar a própria estrutura do transporte urbano em Grande São Luís. Nesse contexto, a implantação de um metrô urbano se apresenta não apenas como uma alternativa viável, mas como uma estratégia imprescindível para reconectar os territórios e promover a equidade socioespacial. Um sistema de metrô integrado com ônibus modernos e outras modalidades de transporte poderia proporcionar uma rede mais eficiente e acessível, contemplando as necessidades da população.

O metrô, além de ser uma solução para a superlotação e a falta de horários adequados, oferece a oportunidade de diminuir os custos operacionais a longo prazo, reduzindo o número de ônibus nas ruas e potencialmente resultando em tarifas mais justas. Com um investimento inicial significativo, a construção de linhas de metrô poderia finalmente trazer uma resposta assertiva ao caos do trânsito e à ineficiência do transporte coletivo. Essa mudança não só beneficiaria os usuários do transporte público, como também contribuiria para a melhoria da qualidade do ar e para a sustentabilidade ambiental da região.

A discussão sobre a mobilidade urbana em Grande São Luís deve ser ampliada para incluir não apenas a implementação de novas tecnologias, mas também um olhar atento às diversas populações que dependem do transporte coletivo. A equidade socioespacial passa pela acessibilidade e pelo direito à cidade, onde todos, independentemente de sua localização ou condição social, possam se deslocar de maneira digna. Portanto, investir em um sistema de metrô associado a ônibus modernos é estabelecer uma base para um transporte mais justo, inclusivo e capaz de atender à crescente demanda da população em desenvolvimento que aspira por melhores condições de vida. 

 

1. O SISTEMA ATUAL: FRAGMENTAÇÃO E EXCLUSÃO

 

O sistema de transporte coletivo na Grande São Luís, em sua essência, revela um paradoxo preocupante: enquanto muitas cidades ao redor do mundo estão se modernizando e implementando soluções de mobilidade inovadoras, a capital maranhense ainda depende quase que exclusivamente de ônibus. Essa dependência se torna um entrave significativo, especialmente quando consideramos que o bilhete único municipal, uma tentativa de adotar certa flexibilidade tarifária, é restrito e não abrange a totalidade das linhas. Além disso, os turistas e novos usuários que visitam a cidade se deparam com a dificuldade de utilizar um sistema que não oferece acesso universal a esse cartão. A configuração atual, que inclui terminais de integração como Cohama e Praia Grande, facilita a interligação de regiões, mas exige que os usuários realizem trocas físicas de veículos sem qualquer compensação tarifária, o que acaba onerando ainda mais o bolso do cidadão.

A situação se torna ainda mais crítica quando analisamos a conectividade intermunicipal, que é precária e desarticulada. Um exemplo claro disso é a ligação entre São Luís e Paço do Lumiar, onde as linhas de ônibus realizam trajetos de forma segmentada, resultando em tarifas não integradas e horários irregulares. Para aqueles que precisam se deslocar, por exemplo, ao aeroporto, o processo exige várias etapas e o pagamento de múltiplas passagens. Esse modelo não apenas onera financeiramente os usuários, mas também desestimula o uso do transporte coletivo, já que a ineficiência e a falta de conforto tornam a experiência desgastante. Uma estrutura de transporte que deveria facilitar a vida dos cidadãos termina, em vez disso, se tornando um impeditivo para a mobilidade urbana.

Além disso, a ineficácia do sistema atual do transporte público marginaliza os cidadãos de baixa renda, que, muitas vezes, não conseguem desfrutar de todas as vantagens que a cidade tangencia, como lazer, cultura e acesso a serviços. A realidade é que o transporte coletivo de São Luís ainda não foi pensado de forma a atender as demandas diversificadas da população, limitando o acesso à educação, ao trabalho e ao entretenimento. Esse cenário reforça a necessidade urgente de repensar a implementação de uma rede de transporte que não apenas sirva para o deslocamento entre casa e trabalho, mas que também permita a vivência plena da cidade.

Neste contexto, a proposição de um metrô urbano se apresenta como uma alternativa viável e necessária. A implantação de um sistema metroviário, articulado com ônibus modernos e eficientes, poderia transformar a dinâmica da mobilidade na Grande São Luís. Um metrô não apenas proporcionaria um meio de transporte rápido e confiável, mas também facilitaria a integração das diferentes regiões e municípios, reduzindo os tempos de espera e as tarifas pagas pelos usuários. Assim, teríamos um sistema mais abrangente, que atenderia não apenas um nicho da população, mas sim a todos os cidadãos que dependem diariamente de um transporte de qualidade.

A implementação de um metrô urbano associado a um sistema de ônibus mais moderno e adaptável seria uma estratégia não só para conectar fisicamente a cidade, mas também para promover a equidade socioespacial. Ao democratizar o acesso à mobilidade, podemos criar oportunidades para que populações periféricas se insiram mais plenamente em um contexto urbano que possui tanto a oferecer. O investimento em transporte coletivo de qualidade é, portanto, um passo crucial para garantir um futuro mais justo e inclusivo, onde todos, independentemente de sua condição econômica, possam desfrutar dos benefícios que a Grande São Luís tem a oferecer. 

 

2. METRÔ + ÔNIBUS: UM MODELO PARA A GRANDE SÃO LUÍS

 

A estruturação de um eixo metroviário na Grande São Luís surge como uma solução inovadora e necessária para a mobilidade urbana, apresentando um modelo de transporte que pode transformar a dinâmica de deslocamento na região. Com a criação de um metrô moderno, pretende-se conectar não apenas a capital, São Luís, ao município de Paço do Lumiar, mas também oferecer uma ligação significativa a São José de Ribamar e a Raposa. O tronco central, que ligaria o Centro de São Luís ao Maiobão, promete facilitar o acesso a áreas densamente habitadas e, muitas vezes, negligenciadas pelo transporte público atual. Essa proposta não apenas atenderia à demanda crescente por uma mobilidade eficaz, mas também propiciaria uma maior integração socioeconômica entre os municípios da Ilha.

Além do tronco central, a inclusão de ramais que integrem zonas industriais, como o Distrito Industrial, revela-se fundamental para impulsionar a economia local e criar novas oportunidades de emprego. Essa interligação não só atenderia aos trabalhadores que se deslocam diariamente para estas áreas, mas também fomentaria o desenvolvimento regional, atraindo novos investidores e negócios. A circulação de pessoas entre os centros urbanos e as zonas de trabalho se tornaria mais fluida, uma característica que está na essência das grandes metrópoles do mundo. Portanto, é crucial que as questões técnicas para a implementação dessa infraestrutura sejam abordadas de forma multidisciplinar, envolvendo engenheiros, urbanistas e especialistas em transporte.

Entretanto, a estruturação do sistema de metrô não deve ser vista de forma isolada. Para que a mobilidade urbana se torne realmente eficiente, é necessária a implementação de um sistema de ônibus alimentadores, que desempenhariam o papel de "última milha". Estes ônibus, modernos e climatizados, seriam responsáveis por conectar os bairros periféricos às estações do metrô, garantindo que a população tenha acesso facilitado ao novo sistema de transporte. Essa ação se inspira em exemplos bem-sucedidos de cidades ao redor do mundo, onde a integração entre diferentes modais é uma realidade, promovendo assim a inclusão social e a acessibilidade.

A adoção de faixas exclusivas para os ônibus alimentadores é outra estratégia essencial que deve ser considerada para garantir a eficiência e a velocidade do serviço. A criação de corredores específicos para esses veículos evitaria os congestionamentos, frequentemente experimentados no trânsito da cidade, e aumentaria a regularidade das viagens. Além disso, a sincronização dos horários entre ônibus e trens, possibilitada por aplicativos de mobilidade, facilitaria a experiência do usuário, tornando o transporte público mais atrativo e otimizado.

A construção de um sistema de transporte integrado, que combine metrô e ônibus alimentadores, representa não apenas uma melhoria na infraestrutura urbana, mas também um avanço em termos de justiça social e equidade. O acesso a um transporte público de qualidade permitirá que todas as camadas da população se beneficiem das oportunidades oferecidas pela cidade, como acesso a serviços, cultura e lazer. Assim, é imperativo que a proposta de um metrô urbano embale promessas de um futuro mais conectado e acessível para todos os habitantes da Grande São Luís, reintegrando territórios e promovendo a equidade socioespacial na ilha. 

 

3. TECNOLOGIA E GESTÃO: PILARES DA MODERNIZAÇÃO

 

Na Grande São Luís, a implementação de um Bilhete Único Universal emerge como uma necessidade premente para facilitar a mobilidade da população. A criação de um cartão único que seja válido para metrô, ônibus e barcas não apenas simplificaria a experiência do usuário, mas também poderia atrair mais pessoas ao transporte público, reduzindo a dependência de veículos particulares. A consolidação de um sistema integrado é crucial para garantir que todos os cidadãos, independentemente de sua localização, tenham acesso a um meio de transporte acessível e eficiente. A urgência dessa necessidade é evidente, considerando as deficiências atuais que afetam tanto os municípios centrais quanto as áreas periféricas.

A viabilidade do Bilhete Único Universal deve ser acompanhada pela introdução de subsídios públicos destinados a tarifas sociais. Atualmente, muitos cidadãos enfrentam dificuldades financeiras que limitam suas possibilidades de deslocamento, restringindo não apenas o acesso a serviços essenciais, mas também ao lazer e à cultura. Ao oferecer tarifas subsidiadas para aqueles que mais precisam, o governo pode estimular o uso do transporte coletivo, fomentando um sistema mais inclusivo e justo. Essa equidade tarifária pode não apenas ajudar a aliviar a carga financeira, mas também incentivar mudanças no comportamento da população em relação ao transporte público.

No contexto das inovações tecnológicas, os aplicativos de mobilidade têm se mostrado uma ferramenta promissora para aprimorar a experiência do usuário no transporte coletivo. Plataformas como o Moovit fornecem informações em tempo real sobre rotas, horários, e até mesmo alertas de atrasos, permitindo que os usuários planejem suas viagens de forma mais eficiente. A integração de serviços, como Uber e bicicletas, amplia as opções de deslocamento, tornando o sistema mais dinâmico e adaptável às necessidades dos usuários. Em São Luís, a implementação dessas ferramentas deve ser integrada à gestão pública para que possam operar de maneira complementar, garantindo um serviço de qualidade.

Além disso, as bicicletas elétricas podem servir como uma alternativa viável para percorrer curtas distâncias, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. Ao estimular o uso de bicicletas, a cidade pode contribuir não apenas para a descongestão do trânsito, mas também para a redução da emissão de poluentes, promovendo um ambiente mais sustentável. A criação de infraestrutura para o uso seguro de bicicletas, aliada a um sistema de transporte público eficiente, pode representar uma transformação significativa na mobilidade urbana de São Luís.

A junção de um Bilhete Único Universal, subsídios para tarifas sociais e o uso de tecnologias de mobilidade pode pôr fim a um ciclo de exclusão que afeta a população de São Luís. A reestruturação do sistema de transporte precisa ser pensada de forma integrada, incluindo a interconexão entre diferentes modais e a viabilidade econômica para todos os usuários. A implementação desses desafios exige comprometimento por parte das autoridades e a colaboração da sociedade civil, garantindo que o transporte público se torne uma alternativa viável e atrativa que beneficie a todos, promovendo a equidade social e a eficiência urbana. 

 

4. IMPACTOS LOCAIS E REGIONAIS

 

A inclusão territorial e social no contexto da mobilidade urbana é um desafio premente para a Grande São Luís, especialmente para cidades como Raposa e Paço do Lumiar, que há muito convivem com o isolamento devido à precariedade do transporte público. A integração desses municípios ao sistema de transporte coletivo, por meio da implementação de linhas de metrô e ônibus modernos, é fundamental para romper essas barreiras geográficas e sociais. Ao oferecer um meio de transporte acessível e de qualidade, a população, que depende consideravelmente de opções informais, poderá acessar mais facilmente serviços essenciais, trabalho, educação e lazer. Esse aumento na conectividade não apenas facilita o dia a dia dos cidadãos, mas também promove um sentido de pertença e cidadania, essencial para o desenvolvimento sustentável dessas áreas.

Além de melhorar a inclusão, a criação de estações de metrô em zonas periféricas pode ter um impacto significativo na redução das desigualdades socioeconômicas. A estratégia conhecida como “transit-oriented development” (TOD), que tem sido aplicada com sucesso em diversas cidades ao redor do mundo, pode ser um modelo a ser seguido. Com a instalação de estações em áreas antes negligenciadas, há um potencial considerável para atrair investimentos em comércio e serviços locais. Esse novo cenário pode gerar empregos, dinamizar a economia regional e, consequentemente, elevar a qualidade de vida dos habitantes. A infraestrutura de transporte se torna, assim, um vetor de transformação social e econômica, favorecendo não apenas aqueles que utilizam o sistema, mas toda a comunidade ao redor.

Outro aspecto crucial a ser considerado na discussão sobre transporte urbano é a sustentabilidade ambiental. A implementação de um sistema de metrô, aliado a ônibus modernos, com tecnologias menos poluentes, pode levar a uma redução significativa nas emissões de CO₂. Estima-se que esse modelo poderia diminuir em até 30% as emissões diárias, substituindo uma fração considerável do uso de veículos individuais. A redução da poluição atmosférica é essencial para a promoção da saúde pública e do bem-estar da população, além de contribuir para o cumprimento de metas ambientais globais. Nesse sentido, promover um transporte público eficiente se alinha com os objetivos de desenvolvimento sustentável, crucial em um mundo que enfrenta crises climáticas sem precedentes.

Ao trabalhar por uma inclusão territorial efetiva, redução das desigualdades e promoção da sustentabilidade, o novo sistema de transporte também tem o potencial de mudar a percepção que a população tem do transporte público. Quando as opções de mobilidade são mais competitivas em termos de conforto, eficiência e valor, a tendência é que mais pessoas optem por deixar seus carros em casa, contribuindo para um menor congestionamento e uma vida urbana mais saudável. A valorização do transporte coletivo deve ser acompanhada por campanhas educativas que sensibilizem a população sobre os benefícios de um sistema de transporte eficiente e ambientalmente consciente.

A transformação do sistema de transporte na Grande São Luís não deve ser apenas uma questão de infraestrutura, mas um esforço colaborativo que envolve a comunidade, o poder público e especialistas em mobilidade. A integração das cidades, a redução das desigualdades e a busca por um futuro sustentável são aspectos interligados que, se bem trabalhados, podem resultar em uma cidade mais justa, acessível e convidativa. A reflexão sobre essas questões é urgente e necessária, pois não é apenas uma questão de transporte, mas uma construção da cidade do futuro que todos desejamos. 

 

5. DESAFIOS E CAMINHOS

 

A construção de um sistema de transporte urbano moderno e eficiente na Grande São Luís depende de um robusto planejamento em termos de financiamento e governança. A implementação de um projeto de metrô e a modernização da frota de ônibus não podem ser sustentadas apenas por recursos públicos; por isso, a adoção de parcerias público-privadas (PPPs) emerge como uma solução viável. A união de esforços entre o setor privado, com seu know-how e capacidade de inovação, e o setor público, que possui a responsabilidade social e a supervisão, pode criar um modelo que beneficie a todos. Além disso, o envolvimento de instituições financeiras, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pode proporcionar os recursos necessários para viabilizar esse ambicioso projeto, junto a mecanismos de taxação sobre combustíveis que podem contribuir para um fundo de transporte.

A criação de uma agência de transporte vinculada ao governo do Estado é fundamental para coordenar e integrar a gestão do sistema de transporte intermunicipal. Essa agência teria a responsabilidade de planejar, implementar e monitorar as operações, garantindo que as políticas de transporte sejam levadas em consideração em cada uma das decisões. Além de facilitar a interligação entre os diversos modais de transporte, essa estrutura contribuiria para que a comunidade local exerça sua participação e exerça influência nas decisões que impactam seu cotidiano. Dessa forma, um gerenciamento centralizado e transparente poderá auxiliar na maximização dos benefícios sociais e econômicos do novo sistema.

Um transporte urbano eficaz não apenas melhora a mobilidade das pessoas, mas também se traduz em desenvolvimento social e econômico. O fortalecimento das malhas rodoviárias e ferroviárias pode facilitar o acesso da população a serviços essenciais, espaço de trabalho e oportunidades de lazer, resultando em maior qualidade de vida. O retorno financeiro decorrente desse crescimento pode, por sua vez, ser redirecionado para sustentar a expansão do próprio sistema, criando um ciclo virtuoso de investimentos e retornos. Assim, o financiamento inicial necessário para a implantação do sistema é, na verdade, um investimento estratégico para a cidade.

A superação da cultura automotiva, que ainda permeia muitas cidades brasileiras, é um passo crucial para a construção de um futuro urbano mais sustentável. O investimento em transporte coletivo deve ser acompanhado por campanhas educativas que abordem as vantagens do uso do transporte público, além de práticas de mobilidade ativa, como caminhada e ciclismo. Tais campanhas podem mudar a percepção de tempo e espaço, incentivando a migração modal, onde as pessoas passam a preferir o uso do transporte coletivo em detrimento do carro particular, gerando uma redução das emissões de carbono e descongestionando as vias urbanas.

A implementação de um sistema de transporte coletivo integrado e eficiente poderá não apenas servir às necessidades de mobilidade da população, mas também contribuir para a construção de uma sociedade mais coesa e justa. Ao facilitar o acesso a áreas menos favorecidas, como Raposa e Paço do Lumiar, e ao promover a inclusão territorial e social, a nova infraestrutura de transporte rompe com os ciclos de exclusão. Além disso, a adoção de práticas sustentáveis garantirá que o desenvolvimento econômico ocorra em harmonia com o meio ambiente, preservando a qualidade do ar e a saúde da população. Assim, a transformação do transporte em São Luís pode ser vista como um passo significativo rumo a um futuro mais equitativo e sustentável. 

 

CONCLUSÃO

 

A modernização do transporte na Grande São Luís não deve ser encarada apenas como uma aspiração, mas sim como uma necessidade urgente para resolver problemas estruturais que afetam a vida cotidiana de seus cidadãos. O atual sistema de transporte, baseado predominantemente em ônibus, não tem conseguido atender a demanda da população de maneira eficiente e acessível. As tarifas elevadas, a superlotação e a falta de integração entre os diferentes modos de transporte criam barreiras significativas, especialmente para as comunidades de baixa renda, que dependem do transporte público para acessar oportunidades de emprego, educação e lazer. Nesse contexto, a implementação de um sistema metrô-ônibus, respaldado por tecnologia e gestão eficaz, representa uma solução viável e inovadora.

Um dos principais benefícios dessa modernização é a possibilidade de salvar as empresas de ônibus, que atualmente enfrentam desafios crescentes devido à concorrência de aplicativos de transporte. A integração de um metrô moderno com ônibus alimentadores não apenas melhoraria a eficiência do sistema, mas também criaria um ambiente mais competitivo e sustentável. Essa interconexão permitiria que as empresas de ônibus se adaptassem às novas realidades do mercado, garantindo sua relevância e sustentabilidade financeira. Assim, um sistema bem estruturado pode oferecer aos cidadãos uma alternativa de mobilidade mais viável e confortável, ao mesmo tempo em que promove a viabilidade econômica das companhias de transporte.

Além disso, ao democratizar o acesso à cidade, a proposta de um sistema de transporte integrado beneficiaria não apenas a população da capital, mas também as comunidades de Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa. A integração tarifária e a melhoria da infraestrutura viária ajudariam a romper os ciclos de isolamento social e econômico. As relações intermunicipais se fortaleceriam, permitindo que os moradores dessas áreas periféricas desfrutassem das mesmas oportunidades que os habitantes do centro da cidade, como acesso a serviços de saúde, educação e cultura. Dessa forma, o transporte coletivo se tornaria um instrumento de inclusão social, promovendo a equidade na qualidade de vida dos cidadãos.

A implementação de um sistema de transporte moderno também posicionaria a Ilha de São Luís como um modelo nacional de mobilidade sustentável. A transição para um sistema que prioriza o transporte coletivo sobre o individual pode reduzir significativamente as emissões de carbono e contribuir para um ambiente urbano mais saudável. Cidades ao redor do mundo já demonstraram que, ao adotar uma mobilidade mais sustentável, conseguem não apenas melhorar a qualidade do ar, mas também incentivar hábitos de vida mais saudáveis entre seus cidadãos. Com essa modernização, a Grande São Luís teria a oportunidade de liderar a transformação em mobilidade urbana no Brasil, mostrando que a sustentabilidade pode andar de mãos dadas com o desenvolvimento econômico e social.

Por fim, o momento é propício para que gestores públicos, academia e sociedade civil unam esforços na busca pela inovação na mobilidade urbana. A janela de oportunidade está aberta e a construção de um sistema metrô-ônibus representa não só uma solução para problemas prementes, mas um passo fundamental rumo a uma cidade mais inclusiva, sustentável e dinâmica. A modernização do transporte na Grande São Luís é uma responsabilidade coletiva, que requer visão, planejamento e a disposição para transformar ideais em realidade. É hora de agir, garantindo que as futuras gerações tenham acesso a um transporte de qualidade, que não só conecte territórios, mas também promova dignidade e bem-estar a todos os cidadãos da ilha. 

 


 


[1] Professor de Ensino Médio

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