CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITAITUBA – CESUPI

                     FACULDADE DE ITAITUBA - FAI

                                               

 

Curso: Especialização Lato Sensu: Docência para o Magistério Superior

 

 

 

WANDA MARIA DE SOUSA COMPASSO.

 

 

 

 

 

MEMORIAL DESCRITIVO

 

 

 

Título: UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

 

Itaituba/Pará

 

julho/2014

 

 

Local - Ano

 

 

MEMORIAL DESCRITIVO

 

Minha história de vida começou no dia em que eu nasci, precisamente, no dia 21/01/1971, na cidade de Altamira-PA. Segundo relato dos meus pais, nasci próximo de uma aldeia indígena, pois na época meu pai trabalhava na FUNAI como caçador de índios; quando criança ele sempre me contava as história vividas na tribo; a sua missão era caçar índios para domesticá-los. E o mais incrível é que os índios eram caçados de laço, de acordo com o que ele falava, era um programa da FUNAI para domesticar os índios, pois, existia já uma aldeia somente de índios mansos. Fui criada pelas índias da aldeia, pois segundo a minha mãe, ela fazia questão de cuidar da menina branca, que era o mimo da tribo. Com o passar do tempo, o meu pai resolver aventurar de outra forma, ou seja, procurando qualidade de vida em outra região. No ano de 1973 chegou à comunidade do Creporizinho, naquela época era somete eu e meu irmão mais velho, portanto, para lá foi toda a família. Como era uma região muito precária, não tínhamos acesso à escola, pois a família do meu pai era a única que vivia naquele lugar, em que existia apenas uma farmácia, a pista de avião, que era o único meio de transporte na época, uma igreja e apenas um comércio chamado de “cantina”. Desta forma, vivíamos naquele lugar distante de tudo e de todos. Com o passar dos anos, o meu pai viu que eu precisava estudar, mas como não tinha escola, ele percebeu que a única pessoa que podia me ensinar era o farmacêutico que, segundo ele, era o mais inteligente do lugar. Desta forma,  começou minha trajetória escolar; algum tempo depois, meu pai percebeu que eu já lia a cartilha do ABC, indo e voltando. Então, ele achou por bem me colocar num colégio interno, pois assim me possibilitaria o estudo de forma mais confiável.  No ano de 1978, viajamos para Santarém- PA, onde fui matriculada no colégio Batista de Santarém, aos 8 anos de idade; naquela escola comecei a dar meus primeiros passos nos estudos. A princípio, tudo parecia difícil, pois a distância dos meus pais me causava muita saudade. Assim, por muitas vezes, pedia para o meu pai,  que me trouxesse de volta, mas ele, com sua palavras sábias, sempre me aconselhava que era o melhor para mim. A lei que vigorava naqueles anos era a lei de nº 5.692/71 que dava ênfase ao ensino das línguas estrangeiras. Lembro-me que durante o tempo que estudei na Escola Batista de Santarém, todo o dia tinha o momento cívico, em que se cantava o Hino Nacional, enquanto a bandeira era hasteada. Cursei do 1ªserie até à 4ª serie do ensino primário na mesma escola durante 5 anos,  pois eram necessários 2 anos para cumprir o 1º ano. Assim também como todas as outras séries, pois era assim a divisão dos anos escolares. Sempre fui uma aluna aplicada. tirava boas notas e fazia sempre o melhor para agradar o meu pai. Aos 12 anos regressei para o seio da família, que já morava em Itaituba devido ao estudo dos meus irmãos; apenas o meu pai continuava no garimpo. No ano de 1984, a minha mãe me matriculou na Escola A Mão Cooperadora, e nesta escola cursei o 5º ano do Ensino Fundamental. Devido a minha falta de interesse nos estudos, repeti o ano e nos meados da década de 80, com o processo de abertura e democratização, o sistema escolar se reorganizou e em 1996 foi publicada uma nova LDB, que rege o sistema escolar brasileiro na atualidade. No ano de 1986 fui matriculada no Colégio de Ensino Fundamental Joaquim Caetano Correia de Sousa. Estudei apenas o 1º ano nesta escola, e desta vez por falta de comportamento, como castigo, fui morar no garimpo com o meu pai. Segundo a minha mãe me tirando dos estudos era uma forma de disciplinar. E aos 16 anos parei os meus estudos, com 17 anos, em l988, me casei e os meus sonhos de estudar parecia que finalmente tinha acabado. Com 20 anos tive a minha primeira filha; após 3 anos de casada fui morar com meu esposo e minha filha no garimpo do Creporizão que fica a 50 km de distância do garimpo do Creporizinho, sendo assim, após 17 longos anos, regressei para a escola com 33 anos de idade, no ano de 2004. No primeiro momento, foi tudo muito difícil, pois tudo era novo, o sistema, as disciplinas, a maneira como as coisas aconteciam. Cursei, de início a 3ª etapa, para ter um reforço, pois tinha passado muitos anos sem estudar. No ano seguinte, passei para a 4ª Etapa, mas lembro-me de um episódio interessante que aconteceu naquela época. Certo dia estava indo para a escola, quando alguém me parou no caminho e me perguntou porque eu estava estudando, pois “papagaio velho não aprende a falar”, foi o suficiente para que eu desistisse mais uma vez dos estudos, e somente no ano seguinte continuei os estudos.  Em 2006, conclui o Ensino Fundamental, logo em seguida, em 2007 comecei a estudar o Ensino Médio Modular pelo SOMI; conclui no ano de 2009. As dificuldades enfrentadas foram muitas, tive muitas perdas durante esses anos em que regressei para a escola; meu esposo teve que trabalhar como caminhoneiro, e eu tive que trabalhar também. Nesta época, surgiu uma vaga de agente de saúde na comunidade, e com a ajuda do presidente consegui me fichar para assumir a vaga disponível; sendo assim trabalhei na saúde por 12 anos, sempre contribuindo com a comunidade, procurando fazer o meu trabalho, da melhor forma possível. Quanto às perdas, perdi primeiro meu pai que faleceu devido a um enfarto; logo em seguida, com 40 dias perdi minha mãe, foi um choque inigualável, pois diante da situação, tive que me responsabilizar pela criação dos irmãos, que ficaram pequenos. Alguns anos, depois perdi a minha irmã caçula, e depois de 2 anos, o meu irmão mais velho, mas nem mesmo com tantas sacudidas da vida, me fizeram desistir de estudar; acredito que devido a tantas perdas tinha um sonho de fazer Enfermagem e quem sabe, chegar a Medicina, mas o destino reservava outro caminho, pois no ano de 2010, ingressei na FAI- Faculdade de Itaituba. Fiz a inscrição no curso de pedagogia, no início parecia não ter tanto sentido para mim, pois na realidade o meu objetivo era fazer enfermagem, mas como na época não tinha ainda o curso na faculdade e mesmo e tivesse não tinha como fazer, pois só podia estudar se fosse no intervalar, continuei cursando pedagogia, de acordo com o tempo foi me apaixonado pelo mesmo. Pois como já estava aduando na sala de aula surgiu a necessidade de me qualificar profissionalmente. De acordo com a Lei 9394/96 - A Formação de Professores Um estudo comparativo das diretrizes estabelecidas para a formação de professores de Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental nos anos 70 e nos anos 90. Coloca em primeiro plano a formação inicial enquanto preparação profissional. É a formação inicial que permite aos professores a apropriação de conhecimentos e a experimentação das competências para atuar no novo cenário, qual seja o da realidade atual. E a cada período, tinha que enfrentar juntamente com minha família muitas dificuldades, pois não tínhamos casa e vivíamos de aluguel, sempre que viajávamos para Itaituba era um sufoco para conseguir casa para alugar. Certa vez fiquei aqui na FAI no alojamento com meus filhos, e quando o meu esposo chegava dormíamos no caminhão que ficava estacionado em frente à FAI. Posso garantir que não foi fácil durante estes 4 anos, mas hoje estou em minha  própria residência que foi construída com muito esforço, trabalho na educação á 2 anos, estou cursando o 1º período da pós-graduação e me sinto realizada como pessoa e profissionalmente. De uma coisa tenho certeza que a vida me ensinou a valorizar cada conquista, pois se hoje chequei onde estou foi com muito esforço, e com a ajuda de Deus e daqueles que Ele me deu como companheiros aqui na terra a minha família e os amigos verdadeiros que fazem parte também da minha trajetória de vida. E o, mas importante que aprendi é que quanto mais você busca o conhecimento, mas você descobre que é muito pouco o conhecimento adquirido, pois ele é infinito.