Seja qual for o estado emocional em que nos encontramos no momento, de alguma forma nos obrigamos a administrá-lo, em nome de uma sanidade, de uma convivência e por uma questão básica de sobrevivência.

Momentos ruins, sentimentos de perda e melancolia, nos visitam periodicamente, puxando para baixo a nossa estima e alterando o nosso equilíbrio, testando eternamente nossa capacidade de superação.

Uma vida sem emoções, sem perdas e ganhos, sem alegrias e tristezas, sem paixões e decepções, não pode ser considerada uma vida, mas sim, uma simples passagem pela vida.

Um sentimento de frustração por não ter conseguido pôr em prática um sonho profissional, causa uma amargura, um vazio, um desgosto, muito difíceis de disfarçar.

Um casamento que não foi o dos sonhos e que não traz um terço da felicidade que se esperava, tem sua parcela considerável nas causas de amargura em nossas vidas.

Uma doença que nos acompanha durante boa parte de nossa vida, seja nossa ou de um ente querido, com todas as implicações físicas e psicológicas que fazem parte dela, é outro fator que ajuda a derreter a vela da chama de nossa alegria.

Quando surge em nosso caminho, algo que, como um sonho, se materializa diante de nós e se apresenta de tal forma maravilhoso, como que fosse programado por nós mesmos, com todos os predicados e anseios que queríamos encontrar em nossas vidas.

Eu acho que Deus ou quem quer que esteja lá em cima manipulando os nossos atos e decidindo nossos futuros, precisa, até para passar o tempo, brincar um pouco, testar a capacidade que as pessoas têm de se adaptar e de resistir a mudanças bruscas de estado, sejam eles climáticos, físicos ou emocionais.

Então ele apresenta essa nova e maravilhosa situação para nós, com uma série de obstáculos, cronológicos, sentimentais, sociais e tudo o mais que cerca aquilo que acreditamos e, por isso mesmo, vindo abalar aquele castelo construído durante toda a nossa vida.

Alguém já disse que, quanto maior a altura, maior é a queda. A proporção da alegria desse acontecimento é tão grande e imensurável quanto a dor de sua não concretização por pura perda de tempo enquanto avaliamos se vale o risco.

Você quieto, parado, olhando para o horizonte, quando então surge diante de você, um sonho, que apenas lhe pede para deixar para trás tudo o que você, bem ou mal, acreditou, enquanto esse sonho sai caminhando devagar, com a mão estendida para trás e você engasgado e paralisado no mesmo lugar.

Fica apenas em você uma dor, uma dor diferente, uma dor que não te deixa pensar nem respirar, uma dor com o cheiro e o toque do sonho, uma dor que você nunca imaginou que iria sentir.

Sérgio Lisboa.