A vida, inexoravelmente, é feita de experiências individuais, escolhas, decisões, condutas, posturas, comportamentos inatos e adquiridos, projetos de realização pessoal... E das excrescências do nosso equipamento biológico, mente e de nossos “estados emocionais” (...)

Em meu entendimento, todas as pessoas, de uma forma ou de outra, buscam serem felizes!

 As nossas limitações pessoais, as más experiências, sucessivamente, repetitivas, vivências mal elaboradas, posturas “cristalizadas”, crenças distorcidas, preconceitos, ignorância “cultural”, infância traumática (gerando patologias emocionais...) “agruras” decorrentes da estrutura de nosso aparelho psíquico e de nossa ecologia neurológica, inexperiência e erros de perspectiva, impedem-nos de alcançarmos em pequeno, médio ou alto grau nossos objetivos (materiais, se for o caso) espirituais, amorosos, culturais, intelectuais, e, sobretudo, existenciais...

A minha experiência pessoal levou-me a eleger a DÚVIDA como a postura mais inteligente diante das circunstâncias da vida.  Ainda que ela cause certo grau de ansiedade, ela nos faz parar para refletir... Ponderar... Avaliar... Reaprender...

Nunca fui partidário da postura radical do CERTO OU ERRADO...

Acho que tal paradigma implica muita ambiguidade e uma generalização fácil, visto que quase sempre não se contextualiza as circunstâncias. Não inclui nem pondera a estória de vida de cada um e o espaço existencial em que a pessoa foi criada. Uma conduta assim pode gerar uma posição de arbitrariedade e implacabilidade, anulando todas as atenuantes, exacerbando um juízo hermético.

De fato podemos pontuar que existem coisas de caráter ignóbil, mórbidas, cabal e francamente, psicopatológicas, imorais (dentro de uma específica tradição cultural, óbvio) ações e condutas por demais insensatas ao crivo do bom-senso ou alienadas da Realidade, em que a sua “própria” essência as desqualificam no seu nascedouro...

Outro exemplo que pode ser, perfeitamente, considerado são os erros humanos, classificados como pecados de gênese teológica (qualquer que seja a confissão religiosa), obviamente, isto se aplica, exclusivamente, para quem é partidário da crença de que existe uma INTELIGÊNCIA SUPERIOR que rege “todas as coisas” -- uma suprema entidade metafísica que muitos “fiéis”, proclamam como DEUS!

Indubitavelmente, tudo o que é vivenciado pelo sujeito sofre uma influência compulsória no grau qualitativo de seu aprendizado, em face de seus conteúdos internos correlacionados, entre si.

                                                          FELICIDADE X INFELICIDADE

 Estes estados existenciais, residem, em oposição, “dentro de você mesmo”, ou de qualquer pessoa. Há por parte das mentes pesquisadoras espalhadas pelo mundo, um CONSENSO que a cada dia se confirma ainda mais de que a chave destes “estados existenciais” está circunscrita na nossa geografia psíquica, quer seja na orquestração sináptica (decorrente dos estímulos excitatórios ou inibitórios dos neurotransmissores), quer seja na psicologia individual -- intrínseca a cada um -– estruturada, historicamente, pelos conteúdos “psíquicos” que elaboramos, fantasiamos, reprimimos ou alimentamos (frutos das interpretações que fazemos de nossas vivências pessoais) e pelas impressões e percepções que fazemos acerca de nós mesmos – do Outro -- e da Realidade que nos circunda.

Todos estes fatores têm como nominativo aquilo a que denominamos personalidade (ou pessoalidade, como quer atribuir à neurociência). Ficou patente pelas ciências psi que fatos exteriores, lugares, acontecimentos, situações, vivências, experiências individuais ou interações interpessoais, quaisquer que sejam estas instâncias externas, estão, indissoluvelmente, amalgamadas, em suas expressões, cognições, conexões e sínteses, à ecologia biológica inerente a todo e qualquer ser humano: os fatores endógenos – interorgânicos...

Desvelar o nosso enigma pessoal, identificar a nossa potência individual – perceber nossa identidade singular – fragilidades e limitações e renunciar a modelos de performance comportamental “artificiais”, segundo “alguns homens sábios”, é o caminho natural e possível para entramos em comunhão com as pessoas, com a existência terrena e viabilizarmos um contato autêntico e real com o nosso EU e o nosso “espírito” (aquilo que transcende a lógica formal e nos conecta com o sobrenatural...).

Para muitos, já ficou compreendido e aceito que o resultado (sempre “parcial”) da empreitada exposta no parágrafo anterior é o único quinhão de felicidade pessoal “possível” para o ser humano neste mundo tão conturbado...

Acrescente-se a isto que enquanto houverem seres humanos em estado de infelicidade, qualquer pessoa que não seja egocêntrica, subentende que a felicidade plena será sempre uma UTOPIA!

A citação “bíblica” nos adverte que: “O mundo jaz no maligno...”.

Encerro, repetindo “a tese” dissertada no primeiro parágrafo deste relato: você pode ser o autor de sua biografia ou a vítima passiva das circunstâncias (e de si próprio). Você tanto como eu e qualquer um está, irremediavelmente, só na busca de si mesmo!!

Eu espero e desejo, sinceramente, uma mudança radical e transcendental nas ideias e posturas que as pessoas assumem para si: regras – estereótipos – normas – clichês – paradigmas – lógicas situacionais – teses mecanicistas – organicidade de condutas e comportamentos...

É preciso haver espaço nisto tudo para a ESPONTANEIDADE...

Aonde estará o seu EU REAL? Submerso neste catálogo existencial?

Não há LIBERDADE? Flexibilidade?  Espaço para o ERRO? Chance para o INUSITADO?

Tudo precisa estar sob CONTROLE?

Não se culpe tanto. Não se machuque mais do que a própria vida ja fez contigo...

Reinaldo Müller > "Reizinho"