Uma árvore à beira do rio e uma mulher
Por GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA | 28/03/2012 | PoesiasUMA ÁRVORE À BEIRA DO RIO E UMA MULHER
Salvador, 26-01-1979
A cidade corre como os carros que nela correm.
Só o povo paira como os pensamentos que nele para.
O tempo emigra como a altivez de um velho relógio.
A mulher bonita sofre como se a tivessem
Colocada no anonimato.
Deve ser duro ser mulher de rico.
É duro ser mulher fingida.
Onde já se viu mulher de rico, feliz?
Observei uma árvore
Que corria parada,
Sem conseguir sair do lugar.
Onde já se viu árvore de cidade, feliz?
Observei um rio
Com suas águas negras,
Que gritavam por socorro
Em busca de um mar revolto,
Que dissolvesse sua sujeira.
Onde já se viu rio poluído, feliz?
Onde já se viu uma mulher numa árvore,
À beira de um rio de despejos, feliz?
A cidade paira, sem ver,
O povo para, mas não vê.
Uma mulher rica para, mas não compreende.
Está cega, está perdida.
Nada aprendeu de útil na vida.