1. APRESENTAÇÃO

O século XX deixou, é bem verdade, um legado de grandes conquistas nos campos dos direitos humanos. Do ponto de vista da política, os processos de mobilização e reivindicação pelos direitos individuais e coletivos conquistaram espaço e se legitimaram graças aos avanços tecnológicos. Assim, todas essas questões nos levam a considerar que as mudanças culturais e sociais vislumbram, de maneira inédita, a possibilidade de compartilharmos, quase que universalmente, uma concepção de dignidade, de solidariedade e de justiça social.

E dentro desse contexto, podemos observar que a educação popular se expressa, na contemporaneidade, como um conjunto de desafios educativos que busca dar resposta aos problemas decorrentes das desigualdades socioeconômicas, políticas e culturais que afetam, por que não dizer, a humanidade em escala global. Por isso é que temos o desejo de apresentar uma análise sobre o papel da educação popular na constituição de sujeitos sociopolíticos, levando em consideração alguns pensamentos de Paulo Freire que postula uma educação libertadora e conscientizadora, voltada para a geração de um processo de mudança na consciência dos indivíduos, orientada para a transformação deles próprios e do meio social onde vivem (FREIRE, 1970).

Pelo que expõe o autor nesse postulado, entendemos que ele foi aplicado originalmente em programas de alfabetização de jovens e adultos da área rural do Nordeste e ampliou-se para todo o território nacional, entre junho de 1963 e o golpe militar de março de 1964. E somente a partir dos anos 70, ele foi aplicado em várias regiões do mundo em “trabalhos de base” em geral. Entretanto, ele permanece como característica para ressignificar o papel e a educação popular em contextos de desigualdades sociais e educacionais para as pessoas e para as sociedades. Ainda em Freire aprendemos que a educação é um ato educativo de conhecimento e uma prática liberdade, por isso também é que ela é antes de tudo, conscientização.