Eu sou um pouco de tudo, sou sol, sombra, semente.  Oração, oratória, semântica, dialética e pura ilusão. Contumaz confusão, pânico e resignação.

Eu sou a pergunta e ao mesmo tempo a resposta.  Sou segundos, minutos, dias, semanas, meses, anos luz, e finalmente infinito.

Eu sou um tudo de nada para ser refeito novamente.  Sou átomo, pó, pedra, diamante, a matéria mais bruta, a partícula indivisível.

Eu sou você, sou ele, e os outros também e no fim somos um só. Somos tudo isso somados numa só alma desde o principio. 

 E só assim prosseguirei constante e consciente. Anulando-me em sua frente.  Ate desaparecermos na  luz do dia.

Sou o que sou, e serei um pouco mais adiante, quando somar, unir, conectar cada singular ponto do coração.

Sou finito também na medida em que o passo seguinte deixa pegadas, uma trilha que serve de estrada para quem vem de longe ou logo atrás. Na medida em que repenso o meu impulso tomado, revejo esse caminho onde vejo claramente onde minha intenção estava naquele exato momento que segui cego ou iluminado dando mais um passo. Exatamente isso que sou um desejo vindo de algo com uma intenção única e totalmente dedicada.  Então e nisso que nos encontramos em pleno parto, no momento que essa forca esta em trabalho com a sua criação assombrosa e monumental. Como essas coisas podem coexistir juntas no mesmo momento, tempo? O criador e a criatura? Parece que o criador pode coexistir com a criatura, mas e a criatura? O que parece religiosamente como certo ou errado e visto apenas através do nosso próprio ponto de vista, de percepção.  Mas mudando de cachorro quente para hot dog. Senão der um salto quântico, de um lado para o outro totalmente oposto, correr da sombra para o sol, ou do sol para a sombra. Vai ficar estancado, preso entre dois pontos opostos. O que existe então existe entre essas duas coisas? E o resto transita em algum lugar nessa linha do tempo e do intemporal, entre matéria e espirito...  entre o parto e o nascimento.  Mas existe essa coisa que existe entre as coisas? E o ponto de união, conexão entre um extremo e outro?  O resto existe de um lado ou do outro destes extremos em algum lugar ali indo de um ponto para outro e nada pode precisar exatamente para onde.  Ora! Este eu sou que contamina tudo ate os mínimos detalhes, desenha com esmero a minha face no espelho e enche a minha boca de mim mesmo. Agarra-se ao corpo que nem sangue suga, e partilha as sobras com ninguém mais a não ser eu mesmo. E eu sou o tal do eu sou, mas e uma pena que no fundo não passo de apenas um reflexo? Um espantalho sendo levado e puxado, manipulado para tudo quanto  e lado.