DESIGNIUS DEI

Os povos antigos eram verdadeiros sábios.
Tinham uma antevisão pertinente e acurada
Que lhes permitia, muitas vezes, ouvir o sol,
Sem que seu mistério maculasse seus lábios.
Eram doutos como nunca na grande jornada
Em que as almas perderam-se do girassol.

Não eram hábeis apenas para estrelas ouvir,
Ou para decifrar a voz do vento nas garoas.
Tinham plena consciência do tempo futuro
Ou das coisas do presente que podiam ferir
Mortalmente toda uma geração de pessoas,
Fazendo a Terra inteira perecer no escuro.

Havia um sinal particular de mau agouro
Com o qual suas previsões mais acertavam
Acerca de efeitos socialmente destrutivos.
Era um entendimento que valia todo o ouro
Até ali achado nas minas que escavavam,
E até os reis os julgavam assaz instrutivos.

Era a questão do respeito geral pela mulher
E do respeito que esta a si mesmo se dava.
Logo, quando este sinal não estava presente
E a sociedade inteira fazia o que bem quer,
Poucos anos restavam para a queda na lava
Que condenaria a todos ao abismo ardente.

A modernidade é completamente diferente.
Não ouvem mais as estrelas nem lêem mãos
E nem respeitam mais o estado consciente
Que honrava os mais sábios e os anciãos.

Como a única lei que restou é a do egoísmo
E da liberdade para uso da própria vontade,
Não tardou para a mulher o exibicionismo
E a exploração comercial de sua sexualidade.

Crendo ganhar algum bem com a indecência,
E sem nunca ter ouvido as sabedorias antigas,
A mulher se achou poderosa na incongruência
E assim perdeu marido, filhos e até as amigas.

O passo seguinte é o fim doloroso e sem volta
Que os sábios antigos descobriram e pregavam.
Não é à toa que a sociedade entrava em revolta
Contra as mulheres da vida que se aventuravam

A colaborar com os homens em suas taras vis,
Levando ao desrespeito final por todas as leis.
Era claro que quando elas saiam de seus covis
Só traziam desgraça ao povo e luxúria aos reis.
Nos dias de hoje festejamos a pífia liberdade
De uma geração que não vê mal em mais nada:
Quanto tempo durará esta Era de Calamidade
Até que um novo tremor não a deixe soterrada?


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Poema para um livro de poesias proféticas.
Prof. João Valente de Miranda.