Um perigo que ronda a América do Sul

Acabo de receber da Argentina a seguinte notícia: EL GOBIERNO RECHAZÓ LA PROPUESTA DE VENDER TIERRAS PARA PAGAR LA DEUDA.
Est
a notícia preocupa em muito não só a Argentina, mas toda a América do Sul, em especial os países endividados.

As instabilidades econômicas e financeiras provocadas pelas crises na Rússia, na Turquia, na Coréia do Norte e em outros países, sempre repercutiram de forma desastrosa nos países produtores de bens primários e que têm nas bases de exportação de alimentos as suas fontes de receitas. Mas que dependem e muito da posição do dólar em relação à importação de insumos para a produção de alimentos exportáveis, o que gera uma forma de desequilíbrio nas finanças, e por conseqüência obriga estes países a buscarem empréstimos internacionais. Fato que ocorre no BRASIL, ARGENTINA e outros países. Menos na COLOMBIA. (?)

Ao fato de se buscar empréstimos internacionais, pensa-se em um outro fato, que é o de pagar estes empréstimos.
Mas quem disponibiliza tais somas também é sabedor dos riscos, das dificuldades e das incertezas que corre.

Pois bem. A ARGENTINA vinha tentando mentir para si mesma que era detentora de uma economia similar à economia estadunidense. Havia uma paridade falsa do peso argentino com o dólar americano. Isto era mais ou menos assim: as autoridades financeiras e os políticos argentinos fingiam que tinham uma moeda forte e toda a população argentina fazia de conta que acreditava. E um dia a mentira do conto do "faz de conta" acabou e os argentinos se viram ante uma situação inusitada. Não tinham dinheiro nem para comprar papel higiênico, quanto mais comida. Estavam quebrados. Tecnicamente falidos. Não aceitavam o peso argentino nem no Paraguai.

A esta situação de quebradeira, promovida em função dos erros administrativos de seus dirigentes, um único setor manteve-se de pé. Não buscou apoio, não pediu apoio, não passou o chapéu junto a bancos internacionais. Manteve-se tranqüilo dentro do possível e conseguiu administrar muito bem o caos instalado. Foi a agropecuária argentina.
Manteve-se segura e firme. Não se endividou e bancou o superávit argentino.

Ora. Para quem emprestou dinheiro para os argentinos, estava dado o sinal verde. Se existe um ativo que resiste a tudo e a todos é a terra. É como dizia o meu saudoso avô João Miranda: "DEUS fez terra uma só vez". Os japoneses acuados que estão por não possuírem mais espaço e nem fronteiras agrícolas, vislumbraram na ARGETINA a oportunidade de ouro. E para tal foram contratar os serviços do lobista internacional Kissinger. Que rapidamente identificou a situação econômico-geográfico-espacial. O território argentino possui milhares de hectares que se prestam para inúmeras atividades agrossilvopastoris, que atende de pleno as necessidades japonesas em duas frentes distintas. A primeira garantia o pagamento da dívida argentina pela doação de suas terras. A segunda passaria a produzir para atender a demanda interna do JAPÃO e com um adicional: as exportações seriam via Oceano Pacífico.

Mas a preocupação não está só na audácia e cara de pau dos japoneses e do lobista Kissinger. A preocupação está no fato de que 30 mil japoneses detêm algo como 13% de uma dívida argentina de um total de US$ 2.700.000.000,00, ou como são chamados os Bônus Samurais, que foram emitidos nos anos 90 e culminaram com a última emissão no ano 2000, durante ao governo Fernando de La Rua, que por sinal se foi por la calle... E em se mantendo este mesmo tipo de situação, por certo haverá uma nova situação em que o japonês venha se valer desta posição credora e comece a pressionar diplomaticamente ou até comercialmente o pagamento da dívida por terras nacionais.

E com muita postura temos as palavras do Chefe de Gabinete Presidencial, Alfredo Atanasof, "Los argentinos queremos honrar nuestras deudas, pagar lo que debemos, pero a ninguno se le ocurre hacerlo de esta manera, con el patrimonio cultural y de todos los argentinos".

Mas as coisas não param por aí. Têm-se noticias de que os japoneses também credores do BRASIL estão se assanhando e com estudos bem adiantados em promover a cobrança da dívida brasileira utilizando-se do artifício da construção de uma hidroelétrica no rio Madeiras. O lago a ser formado seria de uma dimensão tamanha que iria permitir a navegação até a fronteira com o Peru e dali, os japoneses construiriam sistemas modais integrados que lhes assegurariam o acesso ao Pacífico. Ou seja, os modernos samurais que tentaram dominar a China, a Coréia, a Birmânia, agora estão abrindo seus puxados e diminutos olhos para a América do Sul.
Com um agravante: os japoneses seriam donos da hidroelétrica, quando não sócios majoritários.
E o que mais chama a atenção neste tipo de investida é que os japoneses já se apoderaram de uma fatia do solo brasileiro. Basta ver o que aconteceu no Triângulo Mineiro, com o Projeto Campo, em que o Ex- Ministro Alisson Paulinéli pilotou a investida japonesa. (Para quem não se lembra do Ex- Ministro: "PLANTE QUE O GOVERNO GARANTE), e foi aquela quebradeira...

Mas o assunto requer mais detalhamentos relacionados com a soberania nacional e até o que se tem abordado a respeito deste assunto, que é a SEGURANÇA ALIMENTAR. O JAPÃO passaria de importador de alimentos a exportador via AMÉRICA LATIINA: teria então duas situações à cavaleiro. A primeira relacionada com a venda de alimentos e a segunda como detentora de reservas hídricas imensas e valiosas, pela formação do lago monumental no represamento do rio Madeira.
Uma nação como o JAPÃO não tem o mínimo escrúpulo nas ações relacionadas com a cobrança de suas dívidas.
E não será surpresa se neste momento os samurais não estiverem junto ao Itamaraty tentando convencer os nossos diplomatas em lhes abonarem a tentativa de construir a hidroelétrica no rio Madeiras e implantar Projetos Agropecuários às margens do rio Madeiras, assim como promover e financiar a construção de algo como 17 hidroelétricas no complexo Araguaia - Tocantins, assim como projetos de culturas irrigadas.
E na mesma similitude instalar projetos agropecuários às suas margens, em troca da dívida externa brasileira.
Os estudos atuais indicam que a tonelada métrica de soja exportada pelo Porto de Paranaguá é muito mais compensadora do que pelo complexo hidroviário Tapajós/Amazonas. Agora imaginemos esta integração entre o rio Madeiras e o complexo Tapajós/Amazonas e teremos então uma situação de mercado muito favorável aos japoneses, que estariam por assim dizer liderando uma fatia do mercado da Cadeia Produtiva da Soja.

A mais devastadora das tentativas japonesas, se concretizadas, se relaciona com a perda da nossa soberania.
A segunda, em que pese o Japão sediar em Kioto ações relacionadas ao Meio Ambiente, não são os japoneses os mais indicados para o gerenciamento de políticas ambientais. Haja vista o que o Japão detém nos dias atuais: um dos maiores passivos ambientais o mundo. Chegam a tal ponto que não existem mais árvores ou plantio destinado ao fabrico de papel.

Com estas citações, pode-se advir o que será o futuro da América Latina, na qual países endividados, não só com Japão, mas também com outros países que estão no limite ou já esgotaram suas fronteiras agrícolas. O que eles serão capazes de fazer para modificar a forma de pagamento. Em vez de moeda, terra. Em vez da soberania nacional, a perda da identidade e da soberania nacional.

Já temos exemplos mil, na Bahia, no oeste do Piauí, oeste do Maranhão e por ai se vão os gringos.
Só para exemplificar: um grupo americano comprou algo como 30.000 hectares de terra em Jaborandi, na Bahia.
Uma realidade concreta e real é o que está ocorrendo no município Luiz Carlos Magalhães, onde os americanos já são donos de alguns milhares de hectares.

A realidade é uma só.
Dívidas de empréstimos feitos em moeda, lastreados em títulos governamentais, sempre que possível deverão ser pagos em moeda referencial.
O que não se pode admitir futuramente que venha a existir no BRASIL são tentativas como a que se tentou levar a efeito na ARGENTINA, onde os japoneses tentaram esbulhar, tentaram na bacia das almas, tentaram se aproveitar de um momento de fragilidade emocional e financeira para em uma tentativa de verdadeiro estupro, trocar o débito por terras argentinas. Isto soa como um ato de ferimento e desconsideração para com a soberania nacional seja ela argentina, brasileira ou que mais seja.

O BRASIL necessita urgentemente rever as posições que permitem a estrangeiros adquirirem terras em território nacional, assim como participarem como sócios de empreendimentos e quando não se utilizarem testas de ferro.
Que se tente neste momento adquirir terras americanas, em função de um passivo existente para ver o que acontece.

(*) (Um recadinho para os barbudos do MST: levantem esta bandeira, caso contrário, vocês irão ficar sem terra).
Os próximos avanços dos credores internacionais, via globalização, serão em direção à aquisição de terras, de complexos agropecuários. E com isto estará em jogo à identidade nacional, a soberania nacional, o orgulho nacional e, sobretudo, estará sendo exposta ao mundo a falta de competência e de crime de lesa pátria, quando as autoridades permitirem que tal venha a ocorrer.