UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE A AVALIAÇÃO FORMATIVA NO CONTEXTO DE ENSINO REMOTO

 

Carliane Rodrigues Benício[1]

Clara Lis de Sousa Silva[2]

Elika do Nascimento Gaudêncio[3]

 

RESUMO

Entende-se que a sociedade está passando por um período muito conturbado, em que algumas fragilidades foram intensificadas, pelo fato de ser uma situação inesperada e ao mesmo tempo preocupante. A pandemia de COVID-19 trouxe muitos desafios e perdas irreparáveis em todos os níveis sociais. Dessa forma, este artigo tem por objetivo trazer algumas considerações a respeito da educação, refletindo sobre o processo de avaliação formativa no ensino remoto, sendo um dos efeitos impostos por essa crise. A pesquisa constitui-se em um estudo bibliográfico e de abordagem qualitativa, com embasamento nas ideias de alguns teóricos como Costin et al (2020), Rodrigues e Santos (2020), Machado (2020), dentre outros. As informações colhidas mostram que a adaptação das aulas no modelo remoto trás uma insegurança para a maioria dos professores, pois o uso das tecnologias digitais no dia a dia não era algo frequente para algumas pessoas e ter que realizar as aulas através de novas metodologias e avaliar a aprendizagem dos alunos com base nessas mudanças intensas, foi de início muito difícil, além disso, pode ser enfatizado que para os discentes também é desafiador, devido à falta de concentração, organização da rotina de estudos, excesso de atividades e principalmente o acesso limitado à internet, todos esses fatores contribuem de maneira considerável no aprendizado.  

Palavras-chave: Avaliação Formativa; Ensino Remoto; Pandemia.

ABSTRACT

It is understood that society is going through a very troubled period, in which some weaknesses were intensified, due to the fact that it is an unexpected and at the same time worrying situation. The COVID-19 pandemic has brought many irreparable challenges and losses at all social levels. Thus, this article aims to bring some considerations about education, reflecting on the process of formative assessment in remote education, being one of the effects imposed by this crisis. The research constitutes a bibliographic study with a qualitative approach, based on the ideas of some theorists such as Costin et al (2020), Rodrigues and Santos (2020), Machado (2020), among others. The information collected shows that the adaptation of the classes in the remote model brings insecurity for most teachers, as the use of digital technologies on a daily basis was not something frequent for some people and having to conduct classes through new methodologies and evaluate students' learning based on these intense changes was very difficult at first, in addition, it can be emphasized that for students it is also challenging, due to lack of concentration, organization of study routine, excessive activities and mainly limited access to the internet, all of these factors contribute considerably to learning.


Keywords: Formative Evaluation; Remote Teaching; Pandemic.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Neste artigo serão abordadas algumas características sobre a avaliação formativa, levando em conta os desafios e as alternativas geradas pela atual situação. Diante disso, a avaliação se tornou um procedimento ainda mais desafiador, pois no ensino presencial, os professores tinham a possibilidade de analisar de forma mais clara o desenvolvimento dos alunos, se estavam conseguindo acompanhar os conteúdos trabalhados, já no ensino remoto, é uma realidade muito diferente, é preciso que o docente busque novas estratégias que possam nortear esse processo, então surge à necessidade de uma formação qualificada. No entanto, em meio a essa transição, muitos fatores influenciam no processo educativo e para torná-lo sucedido algumas questões necessitam ser repensadas.

É importante mencionar que devido às essas transformações ocorridas, conhecer e compreender as condições que os discentes estão inseridos é um dos pontos que facilitam e contribuem para o desenvolvimento de uma boa avaliação. Nessa perspectiva, cabe ao docente ser criativo para proporcionar aulas dinâmicas, que prezem por um maior envolvimento dos alunos, a partir de ferramentas variadas que demonstram se a aprendizagem está sendo promovida.

 Dessa forma, o objetivo do artigo é apresentar algumas concepções acerca da avaliação formativa e como o ensino remoto reflete nas expectativas de aprendizagem. A pesquisa foi realizada através de levantamento bibliográfico, com abordagem qualitativa.

 

Efeitos da pandemia no processo de aprendizagem

 

Diante dessa condição que nos foi imposta, as pessoas precisaram ressignificar suas rotinas, sejam em casa, no trabalho, na escola, de maneira totalmente inesperada. No que tange a educação, um dos principais efeitos do isolamento social, foi à mudança do ensino presencial para o remoto e isso representou um grande obstáculo, pelo fato de ninguém estar preparado para lidar com essa circunstância.

Conforme Palú, Schürz e Mayer (2020, p. 124) “Nesse contexto, a educação aparece como um dos aspectos bastante afetados por essa pandemia, pois teve que pôr à prova alguns de seus paradigmas mais preciosos”. Nessa concepção, são relevantes as incertezas sobre os resultados na aprendizagem dos alunos, uma vez que, o tempo em que os sujeitos estão distantes do espaço físico é bem extenso. “A pandemia, contudo, não deixou escolha: se práticas de ensino remoto não fossem implementadas como alternativa às aulas presenciais suspensas, a função social de escolas e das universidades deixaria de acontecer durante tempo indeterminado” (COSTIN et al, 2020, p. 12). Então, enfatiza-se que é difícil saber como esse processo vai influenciar diretamente no aprendizado, porque a estrutura das escolas e do ensino, no sentido prático, é muito distinto do que estavam acostumados a presenciar.

Ao refletir sobre essa transição emergencial, compreende-se que as vulnerabilidades presentes no sistema educacional como também na vida das pessoas são profundas e além da crise do Covid-19 as evidenciarem, intensificaram as dificuldades em diversos espaços sociais, o que necessitou de um ajuste imediato. Outra consequência ocasionada pela pandemia no processo de aprendizagem está direcionada a falta de intimidade dos docentes em utilizar as TICs como auxílio metodológico, principalmente nessa conjuntura.

 

[...] Apesar dos novos paradigmas educacionais e da fatídica afirmação de que a tecnologia digital quando usada de maneira apropriada é importante para a educação do século XXI, é grande o percentual de professores que ainda não estão preparados para lidar e para usar essas ferramentas, e muitos alunos também, pois fazer o uso de jogos e redes sociais não indica a apropriação da tecnologia como uma ferramenta educacional. (RODRIGUES e SANTOS, 2020, p. 124).

 

Nessa perspectiva, se evidencia que vários profissionais ficaram desnorteados nesse momento por falta de preparo e formação adequada, que pudessem mediar sua prática, além de oferecer um bom uso das ferramentas digitais, grande parte apresentou uma dificuldade muito significativa ao darem continuidade à aprendizagem por meio do ensino remoto. Outro fator nesse processo de adaptação, diz respeito ao acompanhamento, comprometimento e a parceria da família juntamente com a instituição, pois principalmente nesse cenário, ela torna-se um suporte para que os conteúdos sejam absorvidos pelo aluno nos seus próprios lares, em razão dos professores não estarem fisicamente em comunicação, então os pais ou responsáveis precisam ser ativos para contribuírem nesse processo de envolvimento dos estudantes, durante as aulas e nas atividades desenvolvidas. Mas por outro lado surge uma preocupação por parte dos professores e da gestão, visto que, além de não terem acesso à internet, muitas famílias se isentam da responsabilidade e não buscar comunicar de nenhuma forma aos docentes, se os alunos estão conseguindo acompanhar os encontros online, se as tarefas estão sendo realizadas nas aulas off-line, enfim, não há como o professor saber de fato se a aprendizagem está sendo efetiva e consequentemente não é possível avaliar esse aluno de maneira precisa, tornando-se algo fragmentado.

 

[...] A avaliação deve assumir um novo formato adaptado ao ambiente virtual e a percepção de que é um processo transversal à prática pedagógica. O professor precisa ter como foco o que o aluno aprendeu a partir do que lhe foi fornecido nas aulas online, levando em consideração a adequação do plano de aula, os vídeos complementares aos conteúdos, as videoaulas, os áudios explicativos, as instruções oferecidas nas atividades explicando aos desafios e situações problemas apresentadas. (RODRIGUES e SANTOS, 2020, p. 48).

 

Nessa situação, o processo de avaliar demanda uma postura mais flexível do professor, pois os resultados da aprendizagem serão obtidos por meios diferentes da forma presencial, sendo através das aulas online e das atividades diversificadas. Mesmo com o distanciamento social a avaliação precisa acontecer e ser coerente com a realidade dos alunos, nesse sentido, é necessário que o professor tenha uma metodologia articulada, de modo que sejam proporcionadas aulas atrativas e dinâmicas, pois o formato remoto também dispõe de possibilidades para que a aprendizagem seja efetuada, mas é importante que os docentes busquem estratégias que possam facilitar o ensino.

De fato, são muitos os efeitos causados pelo vírus da Covid-19, principalmente na educação, o que refletiu em todo o processo de ensino e aprendizagem, na maioria das escolas o ensino remoto significou um grande desafio e nesse cenário de intensas transformações, acompanhar o desenvolvimento dos estudantes requer diferentes abordagens e instrumentos, é necessário utilizar vários parâmetros para avaliar e de forma que seja justo para todos, ressaltando as avaliações diagnóstica e formativa. Por ser um momento atípico para todos, é relevante que os professores estejam comprometidos em sua prática, trazendo algo atrativo para as aulas e possivelmente alcançar uma maior compreensão e aproveitamento da aprendizagem, mesmo que a distância.

 

Estratégias avaliativas no ensino remoto

 

A pandemia trouxe consigo um universo de desafios para a educação. Todo o processo que estava sendo desenvolvido foi impactado por esse caos que transformou de maneira expressiva o cenário educacional, diante disso foi necessário que houvesse uma readaptação para que novas estratégias pudessem ser colocadas em prática.

 

[...] Este será o momento de colocar em prática, de fato, um processo avaliativo que comtemple todas as áreas de competências, de uma forma transversal, e que não se resuma a testes escritos. Sendo avaliados a partir de casa, será essencial criar formas diversificadas para o fazer, através de pequenas atividades, quer em formato digital quer físico. (MACHADO, 2020, p. 166).

 

Nessa condição, para que o ato de avaliar seja realizado de forma coerente e justo, é importante que o professor faça observações diárias, principalmente com relação às atividades entregues, através dos resultados registrados é possível diagnosticar como o aluno está desenvolvendo a aprendizagem, considerando também instrumentos variados que possam facilitar a análise. No ensino remoto, mesmo que alunos e professores estejam separados fisicamente, algumas possibilidades auxiliam na construção do conhecimento, mas para isso acontecer, cabe ao docente definir quais objetivos precisam ser alcançados, como direcionar os discentes para essa proposta e qual caminho seguir para superar as dificuldades encontradas, por certo, essa contínua transição nos inquieta, nos traz reflexões e acima de tudo uma capacidade muita grande de resiliência.

No contexto em que estamos vivendo é necessário pensar em quais recursos se adequam melhor, como otimizar o tempo de aula, como contribuir para a aprendizagem, o que pode ser feito para atrair a atenção dos alunos, é significante essa preocupação que foi desenvolvida, em razão de ser um problema que continua se espalhando por toda parte.

 

[...] Entre as preocupações trazidas em relação à pratica no período de isolamento, apontaram o volume de trabalho, a preocupação com a presença dos alunos e sua aprendizagem, o medo de não dar certo e estado emocional de todos os envolvidos. Enquanto aprendizagens, destacaram a importância de ouvir o aluno, da apropriação aos recursos tecnológicos, a capacidade de adaptação e de se importar mais com o outro. (ALMEIDA, ALMEIDA e SILVA, 2020, p. 84).

 

Em um momento atípico como este o ensino e a aprendizagem devem ser uma construção coletiva, realmente não tem sido fácil, mas iniciativas precisam ser dadas para que uma parte das adversidades sejam amenizadas, então, pode-se ressaltar que nesse processo, o professor necessita manter o equilíbrio, ser consciente sobre a sua prática e se ela está sendo suficiente para atender essas exigências.

Como afirma Demo:

 

[...] Refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos etc. Daí os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados estejam sempre subordinados a finalidades e objetivos previamente estabelecidos para qualquer prática, seja ela educativa, social, política ou outra. (DEMO, 1999, p. 01).

 

Para o desenvolvimento das atividades alguns aspectos precisam ser analisados e priorizados no planejamento, que possam oportunizar a compreensão dos conteúdos. Uma estratégia que pode ser aplicada a avaliação é substituir as provas escritas por situações problemas, de modo que o aluno se sinta estimulado a refletir e a se questionar como aquela situação pode ser resolvida. Esse tipo de atividade leva o aluno a ter maior interesse pelo o que está sendo proposto e torna-se viável a concretização de um aprendizado. O tipo de estratégia avaliativa que será utilizada precisa ter uma finalidade clara, além de ser condizente com as ferramentas que servirão de subsídios para o diagnóstico do professor. Levando em consideração o avanço tecnológico, os profissionais tem a disposição vários recursos que podem auxiliar a obtenção dos resultados.

 

[...] Além disso, a tecnologia vem se mostrando útil aos docentes, possibilitando-lhes trabalhar com dados sobre o que aprende cada aluno, de forma a desenvolver estratégias mais efetivas de ensino. Neste sentido, o uso de plataformas adaptativas, que permitem identificar mais precisamente as insuficiências de aprendizagem de cada estudante e o seu direcionamento aos conteúdos que suprirão as lacunas identificadas, poderão ser particularmente importantes para apoiá-las. (COSTIN, 2020, p. 10).

 

Além de otimizar o tempo, essas ferramentas podem contribuir na tomada de decisão por parte do docente, visto que, o contato físico com os discentes está temporariamente inviável. Diante de toda essa mudança que o mundo está passando, é necessário se fazer uma avaliação articulada, que propicie uma análise assertiva e adequada ao percurso escolar. Isso se faz necessário, pois a transposição do ensino presencial para o remoto traz outros sentidos para a aprendizagem. Mais do que avaliar, é de suma importância que as aulas sejam atrativas e possibilitem diferentes estímulos, para que os alunos não se sintam sobrecarregados, pois como é uma nova realidade e as pessoas ainda estão aprendendo a lidar com elas, sendo assim, enfatiza-se que uma aula objetiva e dinâmica é muito mais significativa.

 

Potencialidades na avaliação formativa

 

Atualmente a forma como se avalia o aluno é sempre um ponto delicado, e a forma de avaliações mais tradicionais nem sempre apresenta com clareza o desenvolvimento dos alunos durante o processo de aprendizagem. Por isso é fundamental que o professor possa saber a forma mais adequada de avaliar o aluno e a avaliação formativa é o procedimento que alguns professores utilizam para acompanhar o desenvolvimento do aluno.

Ela pode ser conceituada como uma prática contínua que determina o desenvolvimento da aprendizagem. A avaliação formativa permite auxiliar o aluno em sua trajetória educacional cotidiana e através do diálogo é possível alcançar os objetivos definidos.

Segundo Bloom (1976), a avaliação formativa visa mostrar ao professor e ao aluno o seu desempenho na aprendizagem bem como no decorrer das atividades escolares, oportunizando localizar as dificuldades encontradas no processo de assimilação e produção do conhecimento, possibilitando ao professor correção e recuperação. Sendo assim, a avaliação formativa considera que o aluno aprenda através do decorrer do processo, que vai reconstruindo o seu conhecimento por meio das atividades realizadas.

Esse processo traz consigo uma visão bastante complexa em questão do desenvolvimento da aprendizagem, pois apresenta em sua análise vários elementos além do cognitivo que podem ser definidoem outras modalidades, através de atividades para medir o conhecimento.

Vale ressaltar que o processo avaliativo precisa ser voltado para a melhoria da aprendizagem e ajuste de práticas, e assim, buscar uma avaliação que se fundamenta nos princípios das teorias socioculturais e cognitivas. Este processo mede a evolução de cada aluno no processo de aprendizagem.

Para alcançar toda essa potencialidade, é fundamental que o processo avaliativo seja contínuo e diverso, tanto em relação às metodologias como nas ferramentas. Perrenoud (1999) sobre a avaliação formativa cita:

 

[...] Pode-se ajudar um aluno a progredir de muitas maneiras: explicando mais simplesmente, mais longa ou diferentemente; engajando-o em nova tarefa, mais mobilizadora ou mais proporcional os seus recursos, aliviando sua angústia, devolvendo-lhe a confiança, propondo-lhe outras razões de agir ou de aprender; colocando-o em outro quadro social, desdramatizando a situação, redefinindo a relação ou contrato didático, modificando o ritmo de trabalho e de progressão, a natureza das sanções e das recompensas à parcela de autonomia e representação do aluno. (PERRENOUD, 1999, p.105).

 

Essa forma de avaliar não exclui a realização da avaliação somativa, mas é um procedimento que vai além das notas e boletins, denomina-se como outra forma de avaliação a ser realizada durante o processo de ensino, como um auxílio para a aprendizagem.

A avaliação formativa é de suma importância para o processo de aprendizagem dentro de uma instituição, pois através dela o professor poderá identificar o que necessita ser adaptado para que os alunos tenham maior motivação, tanto em participar, em realizar as atividades como explanar suas ideias. Percebe-se que na prática pedagógica isso ainda fica a desejar, porque em algumas situações as dificuldades não são percebidas, tampouco solucionadas, sendo um reflexo para a questão do insucesso em sala de aula. Nesse sentido, ressalta-se que ao avaliar de forma precisa, o docente deve conhecer essas necessidades iniciais e durante o processo trazer alternativas que possam superá-las.

É evidente que a avaliação formativa se torna um procedimento trabalhoso, pois exige muita dedicação e esforço por parte do professor, o qual precisa organizar, planejar, elaborar atividades com intencionalidades objetivas e subjetivas. É fundamental observar os alunos de forma coletiva e individual, reformulando o planejamento, trazendo novos métodos que possam superar as dificuldades encontradas no decorrer do processo de aprendizagem. Deste modo é necessário que o docente tenha uma capacidade para esta prática, pois exige uma maior disponibilidade do tempo para elaborar e reelaborar novas metodologias.  

No que se referem aos instrumentos avaliativos, na perspectiva da avaliação formativa, esses precisam ser os mais diversificados e variados, e dentre eles, destacam-se: "[...], as provas, os seminários, as apresentações, entrevistas, observação, trabalhos, tarefas, exposições, diários, [...], exercícios em sala..." (CUNHA, 2014, p.11). É importante que o docente possa saber a forma correta de usar a avaliação formativa, saber todos os métodos e procedimentos para que haja uma avaliação efetiva.

Alguns professores têm certa dificuldade em relação à avaliação formativa, pois muitos deles não sabem como utilizar os procedimentos necessários. Há diversos fatores que dificultam a elaboração da avaliação formativa por parte de alguns professores, principalmente aqueles que ainda utilizam metodologias de um ensino tradicional.

Sendo assim, o docente precisa observar a avaliação também, como uma forma de analisar sua prática e assim saber o que precisa ser melhorado. Analisando o que os alunos aprenderam, o professor avalia o que precisa retomar, e essa prática deve ser feita diariamente.

 

METODOLOGIA

 

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi realizado um estudo bibliográfico através de e-books e artigos científicos, relacionados à temática.  Com base nos pensamentos de autores, foi possível refletir sobre os efeitos da pandemia na aprendizagem como também apresentar algumas considerações a respeito da avaliação formativa durante o ensino remoto.

Segundo Gil (2008):

 

[...] A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Por exemplo, seria impossível a um pesquisador percorrer todo o território brasileiro em busca de dados sobre a população ou renda per capita; todavia, se tem à sua disposição uma bibliografia adequada, não terá maiores obstáculos para contar com as informações requeridas. (GIL, 2008, p. 50).

 

Por meio da abordagem qualitativa, podemos compreender que o processo avaliativo tornou-se ainda mais desafiador devido o distanciamento entre professores e alunos, dessa forma, é necessário o uso de novas metodologias que possam facilitar tanto o ensino como o acompanhamento da aprendizagem no modelo remoto. Segundo Gerhardt e Silveira (2009), na abordagem qualitativa um dos principais focos é a busca de informações precisas que contribuam para compreensão do objeto de estudo.

A leitura dos textos nos proporcionou um olhar mais aprofundado, pois ao discorrer sobre a temática abordada foi analisado a importância da avaliação formativa e como está sendo realizada nesse momento tão conturbado.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A partir das informações colhidas, é possível compreender que a educação na contemporaneidade apresenta uma nova estrutura, a qual precisou ser ajustada para que o processo de ensino e aprendizagem pudesse ser realizado, através de plataformas digitais. Em consequência da pandemia, a vida das pessoas foram transformadas por completo e vivenciar todos os efeitos do isolamento tem sido muito difícil, pois cada indivíduo possui uma perspectiva sobre esses acontecimentos e reagem de uma forma diferente um do outro. Na aprendizagem, o ensino remoto significou algo inovador e ao mesmo tempo muito incerto, porque tanto professores, alunos, família, tiveram que mudar suas rotinas para que esse formato pudesse acontecer.  O uso das ferramentas digitais como auxílio na educação é de fato relevante, pois a tecnologia na nossa realidade é algo que faz parte diariamente, mas está familiarizado com elas e acessá-las continua sendo limitado para muitas pessoas.

Nesse sentido, as dificuldades evidenciadas pela pandemia no processo educacional, nos permite observar e refletir que ainda há muitos obstáculos para se alcançar a qualidade do ensino e aprendizagem, seja na formação dos professores, na estrutura das escolas, no comprometimento das famílias, enfim, são expressivas necessidades que precisam ser superadas, pois muitas pessoas consideram que no aprendizado serão apresentadas falhas.

Por um lado, a pausa das aulas presenciais significou uma possibilidade para a saída da comodidade, todos os envolvidos no meio educacional estavam acostumados a atuarem sempre da mesma forma, desde as salas de aulas como fora delas, e diante das mudanças ocorridas, as pessoas tiveram que aprender a usar os meios tecnológicos, a adaptarem suas rotinas e tentar de alguma forma lidar com essas transformações, é importante enfatizar que já não se trata de uma situação em curto prazo.

Com base nisso, pode-se dizer que no ensino remoto a metodologia utilizada pelo professor é o que vai fazer diferença, se a aula é dinâmica, espontânea, será proporcionado um maior aproveitamento do conteúdo que está sendo trabalhado, no entanto, quando a metodologia não condiz com essa nova realidade, os alunos não conseguem manter-se atentos, visto que, torna-se algo cansativo e desinteressante. Então, no momento de avaliar é desafiador, porque os docentes não possuem critérios que norteiam sua prática de maneira eficaz, assim, a falta de metodologia atrativa, influencia a ação avaliativa. 

Desse modo, a avaliação deve ser constante, principalmente nesse novo contexto, o professor precisa conhecer a realidade individual da turma que ele irá atuar e assim desenvolver estratégias que possam chamar a atenção dos discentes, avaliando-os desde o primeiro dia de aula, para saber o que necessita ser readaptado, quais ferramentas são mais acessíveis, e assim viabilizar uma prática justa e coerente. A avaliação formativa é um procedimento que avalia os alunos na proporção que eles conseguem aprender, com o propósito de ajudá-los a ter consciência e controle de seu próprio aprendizado.

Portanto, a avaliação no contexto de ensino remoto deve ir além da atribuição de notas, pois é necessário um olhar muito mais crítico, sensível, observador, uma vez que, é uma situação que demanda do professor maior criatividade, articulação e engajamento, para intervir de maneira expressiva no desenvolvimento desse processo.

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, Fernando José de; ALMEIDA, Maria Elizabeth B. de; SILVA, Maria da Graça Moreira da (orgs). De Wuran a perdizes: Trajetos educativos. –São Paulo : EDUC, 2020.

 

BLOOM, Benjamin S. et al. Taxinomia dos objetivos educacionais. Nova York: David Mckay, 1956. P. 262.

 

COSTIN, Claudia; et al. A escola na pandemia : 9 visões sobre a crise do ensino durante o coronavírus. -1. ed. –Porto Alegre, 2020.

 

CUNHA, Kátia Silva. O campo da avaliação: tecendo sentidos. Ensaios Pedagógicos: Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das Faculdades OPET. Pernambuco, p. 1-14, 2014. Disponível em: Acesso em: 26 fev. 2021.

 

DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. -6ª. ed. Campina, SP : Autores Associados, 1999.

 

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Org). Métodos de Pesquisa. Coordenado pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. –Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

 

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. -6. ed. –São Paulo : Atlas, 2008.

 

MACHADO, Dinamara Pereira. Educação em tempos de Covid-19 : reflexões e narrativas de pais e professores. -1. ed. –Curitiba : Editora Dialética e Realidade, 2020.

 

PALÚ, Janete; SCHÜTZ, Jenerton Arlan; MAYER, Leandro. Desafios da educação em tempos de pandemia. –Cruz Alta : Ilustração, 2020.

 

PENNENOUD, Philippe. Avaliação: Da excelência a regularização das aprendizagens- Entre duas lógicas- Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

 

RODRIGUES, Janine Marta Coelho; SANTOS, Priscila Morgana Galdino dos (orgs). Reflexos e desafios das novas práticas docentes em tempos de pandemia. –João Pessoa : Editora do CCTA, 2020.

 

SILVA, Silvio Luiz Rutz da; ANDRADE, BRINATTI, André Maurício. Ensino remoto emergencial. – Ponta Grossa, PR : Ed. dos Autores, 2020.

 

 

 

 

[1] Graduanda pelo Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, [email protected];

[2] Graduanda pelo Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, [email protected];

[3] Graduanda pelo Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, [email protected].