Um fato interessante é que no Brasil, várias alternativas foram se constituindo no sentindo de atender melhor as crianças da classe menos favorecida

No Brasil a creche surgiu no primeiro momento como assistencialista, sendo um método diferente dos países europeus, tinha como propósito ajudar aquelas mulheres que trabalhavam em fábricas e as viúvas desamparadas, ou até mesmo crianças abandonadas. Naquele momento o interesse era tirar a responsabilidade dos pais (mãe solteira ou mesmo mulheres da corte) e assumir a paternidade dessas crianças. Para Rizzo (2003) Eram sempre filhos de mulheres da corte, pois somente essas tinham do que se envergonhar e motivo para destacar do filho indesejado.

Devido ao aumento de mortalidade infantil, a desnutrição generalizada, acidentes domésticos, provocou na sociedade a pensar em um espaço para as crianças fora do âmbito familiar. “[...] problema, que a criança começou a ser vista pela sociedade e com um sentimento filantrópico, caritativo, assistencial é que começou a ser atendida fora da família”. DIDONET,2001p.13)

Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma baba, as pobres se viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles cuidasse. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos de operaria de baixa renda, tinha que ser gratuito ou cobrar muito pouco. Ou para cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, criança pobre e o caráter assistencial da creche. (DIDONET,200, p.13)

 

Um fato interessante é que no Brasil, várias alternativas foram se constituindo no sentindo de atender melhor as crianças da classe menos favorecida. Na época existiu a roda dos excluídos, conhecida por esse nome, onde colocava os bebês abandonados era composto de forma cilíndrica, dividida ao meio por uma divisória e fixado na janela da instituição ou casa de misericórdia. A mãe ou alguém da família deixava o bebê na roda ao girar a roda, puxava uma corda para avisar a rodeira que o bebê acabava de ser abandonado.

Por mais de um século a roda de exposto foi à única instituição de assistência à criança abandonada no Brasil, apesar dos movimentos contrários a essa instituição por parte de um segmento da sociedade, foi somente no século XX, já em meados de 1950, que o Brasil efetivamente extinguiu-as, sendo o último pais a acabar com o sistema da roda dos rejeitados. (MARCILIO,1997)

As creches foram criadas não pelo poder público, mas sim pelas organizações filantrópicas para atender crianças pobres e mães trabalhadoras que não tinha onde deixar seus filhos.

Nesse mesmo período, foi criado o Instituto de Proteção à infância do Rio de Janeiro pelo médico Arthur Moncorvo Filho, que tinha como objetivo não só atender as mães grávidas pobres, mas da assistência aos recém-nascidos. Foi considerada uma instituição mais importante, por ter expandidos seus serviços para todo território brasileiro. (VAGULA, BONAFINI, 2013)

No período de industrialização no país, cresce o número de mulheres trabalhando em fábrica e também tem a chegada de imigrantes no Brasil; os movimentos ganham força onde eles se organizam e começam a reivindicar melhores condições de trabalho dentre elas: a educação e cuidados para seus filhos.

 

Os donos das fábricas, por seu lado, procurando diminuir a força dos movimentos operários, foram concedendo certos benefícios sociais e propondo novas formas de disciplinar seus trabalhadores. Eles buscavam o controle do comportamento dos operários, dentro e fora da fábrica. Para tanto vão sendo criadas vilas operarias, clubes esportivos e também creches e escolas maternais para os filhos dos operários estarem sendo atendidos em creches, escolas maternais e jardins de infância, montadas pela fábrica, passou a ser reconhecida por alguns empresários como vantajoso, pois mais satisfeito, as mães operarias produziam melhor. (OLIVEIRA,1992, p.18)

 

 

De acordo com Oliveira, podemos entender que só foi através das reivindicações que as mães conseguiram um espaço para ficarem seus filhos.

Enquanto as instituições atendiam as crianças das camadas mais populares, as propostas das particularidades, de cunho pedagógico, funcionavam em meio turno, dando ênfase na socialização e a preparação para o ensino regular. Nota que as crianças das diferentes classes sociais eram submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes, já que, enquanto as crianças de classes menos favorecidas eram atendidas com proposta que partiam de uma ideia de carência e deficiência, as crianças das classes sociais mais abastadas recebiam uma educação que privilegiava a criatividade e a sociabilidade infantil. (KRAMMER,1995)

 Com a preocupação de atendimento a todas as crianças, independente da sua classe social inicia um processo de regulamentação desse trabalho no âmbito da legislação. Resenha baseado no livro Organização Pedagógica na Educação Infantil: reflexão e pesquisa- Edilaine Vagula e Marlizete Cristina Bonafini Steinle.

Referência Bibliográfica

DIDONET, Vital. Educação Infantil. Humanidades. N. 43. Brasília, 2003, p.13)

KRAMMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. São Paulo: Cortez,1995. p.140

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos. 7 ed. São Paulo: Cortez1992

RIZZO, G. Creche: Organização, montagem e funcionamento. Rio de Janeiro. Alves 2003.

Gean Karla Dias Pimentel, Graciele Castro Silva, Renata Rodrigues de Arruda