UM ESTUDO SOBRE A NEUROCIÊNCIA COGNITIVA SOCIAL




Marcia Valéria Luz da Cunha

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RESUMO


Este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo sobre a neurociência cognitiva social. O artigo faz uma reflexão sobre pesquisas interessadas nos aspectos sociais do comportamento humano. O termo “neurociência” é ainda muito jovem e o artigo ajuda o leitor a compreender como opera o sistema nervoso. Existe a necessidade de se obter conhecimento sobre muitos aspectos envolvidos, tais como o funcionamento e desenvolvimento das células nervosas e suas capacidades elétricas e químicas, bem como também a importância de haver um planejamento criterioso para aperfeiçoar a aprendizagem em qualquer etapa.



Palavras-chave: Neurociência. cognição. aprendizagem

























___________________________________________________________________________¹ Doutoranda em Ciências da Educação pela UNADES – Paraguai (PY), Mestra em Ciências da Educação pela Universidade Maria Serrana – Paraguai (PY) Pedagoga pela - Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Pós- Graduada em Psicopedagogia – Faculdades Integradas Ipiranga. Pós Graduada em Docência do Ensino Superior-Universidade do Estado do Pará (UEPA).

INTRODUÇÃO


Entende-se que a Neurociência Cognitiva engloba aspectos muito amplos dentro da ciência e tenta descobrir como funciona as funções superiores, como a linguagem, a memória ou a tomada de decisões, e tem como objetivo principal estudar as representações nervosas dos atos mentais. Através da interdisciplinaridade entre a Biologia, a Psicologia e a Antropologia, surgiu a Psicologia Evolucionista que focaliza e diferencia o comportamento animal do humano a partir de exames empíricos.

Compreende-se que a Neurociência Cognitivo Social (NCS), trata de áreas cerebrais que governam as funções como a memória, o pensamento e as emoções. As emoções são uma das características essenciais da experiência humana normal e diz respeito ao estudo de como os indivíduos processam, armazenam e acessam informações de natureza social. Todas as emoções são expressas por meio de mudanças motoras viscerais e respostas motoras e somáticas estereotipadas, sobretudo o movimento dos músculos faciais.

De acordo com Gardner (1988), os psicólogos e neurocientistas possuíam métodos de investigação da estrutura anatômica e os padrões de atividade de neurônios do lombo frontal em animais, mas não sabiam suas funções e como era o seu nível comportamental. Ainda, conforme o estudioso, o cérebro-mente processa a informação encontrada na teoria da evolução e logo em seguida o comportamento apresenta funções adaptativas.

Segundo os pesquisadores Eisenberger, Lieberman e Williams (2003), investigaram as áreas cerebrais ativadas por uma experiência de exclusão social. Os protagonistas dessas investigações recebiam informações falsas de que participariam de um experimento, uma técnica de investigação que está sendo desenvolvida no âmbito da Neurociência Cognitiva Social onde os participantes interagem por uma rede de computadores, através de um jogo virtual de bola com dois parceiros fictícios, programados por um computador. Inicialmente todos participavam do jogo, na outra fase de registro os dois jogadores fictícios ficam jogando entre si, excluindo socialmente o participante da pesquisa. Os autores destacam, na fala de Williams (2007), que se percebe que o resultado é eficiente e mostra fortes sentimentos de rejeição social.

Segundo Gardner (1988), sugere uma escola com "especialistas em avaliação", cujo papel seria de compreender as habilidades e interesses dos alunos, verificando suas capacidades espaciais, pessoais e assim por diante. Além deste especialista, ele ainda sugere um "agente do currículo para o aluno", que teria como tarefa ajudar a pensar. Todas as pessoas nascem com o potencial de inteligências, porém em condições ambientais (amigos, família, localidade), elas recebem estímulos para o desenvolvimento de apenas uma ou duas inteligências.

Na escola, por exemplo, as crianças são estimuladas a desenvolver, quase que exclusivamente, as inteligências linguística e lógico-matemática, o que traz um debate sobre a necessidade de mudança no paradigma educacional. Para Gardner, todos apresentamos tendências individuais (áreas de que gostamos e em que somos competentes). Outro tema do seu interesse relacionados com a Educação foi à importância que deu ao desenvolvimento da criatividade nas crianças e à educação pela arte.

No cotidiano da sala de aula, muitas vezes professores sem qualificação ou olhar sensível, deixam de perceber as habilidades de seus alunos para que possam estimular a desenvolver essas inteligências detectadas. Muitos se encontram aptos, a exemplo da inteligência lógico-matemática, a lingüística, cinestésica, entre outras, e os professores não conseguem ouvir e perceber suas ansiedades, aflições e experiências de vida, além disso, o docente deve estar atento para tentar perceber o porquê alguns alunos não conseguem aprender certos conteúdos. Esta dificuldade pode estar associada, por exemplo, a Dislexia, um dos distúrbios de aprendizagem.

Entende-se que a Dislexia é um jeito de ser e aprender reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes genial, mas que às vezes aprende de maneira diferente. Uma educação para todos precisa valorizar a heterogeneidade, pois a diversidade dinamiza os grupos, enriquece as relações e interações. Desta forma a escola passa a ser um lugar privilegiado de encontro com o outro, para todos e para cada um, onde há respeito mútuo. É na escola que a Dislexia realmente aparece.

 

Conclusão

Conforme Haase (2009) a Neurociência vem nos apresentar o que antes desconhecíamos sobre o momento da aprendizagem, pois o cérebro é um órgão fantástico e misterioso. Suas regiões, lobos e sulcos trabalham em conjunto, onde cada uma precisa interagir com a outra. Entendemos que o uso de estratégias adequadas em um processo prazeroso e dinâmico, provocará uma boa qualidade do funcionamento cerebral, de forma positiva e permanente, obtendo resultados satisfatórios.

O progresso da Neurociência levou a avanços no mundo da Educação. Agora, com conhecimento científico, educadores podem planejar aulas cada vez mais assertivas. A relação entre a Neurociência e a aprendizagem tem fortalecido as práticas pedagógicas.

Uma incorporação mais aprofundada dos estudos do desenvolvimento infantil para professores do ensino básico, pode ter um impacto enorme no sucesso futuro. Pesquisas nos mostram que educadores parecem equivocados sobre a Educação Infantil. Abraçando as informações fornecidas pela Neurociência pode-se corrigir essa lacuna na compreensão. Muitas escolas já estão mudando seus programas e rotinas para beneficiar o progresso do aluno. Por exemplo, mudar o horário do início das aulas pela manhã pode trazer grandes benefícios, 30 minutos a mais de sono pode melhorar muito a função cognitiva e o estado de alerta em sala de aula.

Outra mudança importante que o ambiente escolar pode proporcionar, de acordo com a Neurociência, é permitir que os alunos escolham conteúdos de um guia de curso diversificado e espacem as lições ao longo do tempo. O efeito de espaçamento basicamente diz que aprender ideias complicadas ao longo do tempo, em vez de tudo de uma vez, melhora a compreensão e a criação de novos neurônios. Os professores podem desviar para esse conhecimento no desenvolvimento e aprimoramento de currículos.

O uso de tutoria cognitiva em estudantes que apresentam dificuldades com a matemática, por exemplo, é um grande avanço para os educadores. Melhorar a forma como a matemática é processada e entendida é fundamental para o sucesso do aluno. Isso serve para todas as disciplinas, que podem ser ensinadas de diversas maneiras e adaptadas a novas demandas da Educação.

Cada vez mais a Neurociência e a aprendizagem mostram o quão importante é entender como o cérebro funciona. Observa-se que um ponto importante é que os alunos precisam de repetições e abordagens variadas para tirar o máximo proveito do aprendizado. Isso significa que jogos, atividades em grupo, aulas práticas e aprendizado inconsciente podem ter um lugar na sala de aula. A metodologia ativa apresenta métodos de ensino que estão se adaptando a um novo olhar sobre a prática pedagógica.

Seres humanos são seres sociais. Ou seja, a incorporação e o foco em atividades sociais e subsídios para conexões em sala de aula podem ajudar a possibilitar o aprendizado. Esta é uma pequena mudança que os professores podem empregar em sala de aula para ajudar os alunos a alcançar seu potencial. Além disso, estas atividades podem incluir o ensino das habilidades socioemocionais, que são muito importantes para o desenvolvimento das crianças, assim como enxergar uma nova relação com o ensino escolar.

A relação entre a Neurociência e a aprendizagem está continuamente fornecendo possíveis aprimoramentos tecnológicos para os professores. As opções para aprender a utilizar aplicativos e software para envolver os alunos, contribuindo no aprender, utilizando também o espaço adequadamente para desenvolver os cérebros destes, estão crescendo todos os dias. Perceber os conceitos básicos de como utilizar essas ferramentas para influenciar a aprendizagem de forma positiva na sala de aula, é essencial.

Além de entender os benefícios que o uso correto na Neurociência pode trazer pra educação, pesquisas também apresentam como a aprendizagem contínua pode ajudar no desenvolvimento do cérebro. A ideia básica é que a educação continuada diminuirá a taxa de declínio da plasticidade cerebral enquanto envelhecemos. Isso significa que as escolas devem incentivar o aprendizado contínuo, ao longo da vida, para desenvolver uma prática saudável.

A Neurociência está ajudando a diagnosticar crianças com autismo e síndrome de Asperger logo aos 18 meses de idade. O departamento de Neurociência de Cambridge desenvolveu até um DVD animado para ajudar as crianças pequenas a aprender sobre as emoções. Programas especializados dirigidos por pesquisas científicas estão ajudando a melhorar a forma como ensinamos as crianças sobre o espectro do autismo.

A relação entre a Neurociência e a aprendizagem apresentam lições especialmente interessantes. Quanto à alunos que demandam métodos de ensinos especiais, como crianças com dislexia e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), a abordagem correta faz toda a diferença nesse processo. Os educadores que reservam tempo para aplicar as descobertas científicas nas aulas podem perceber uma diferença marcante na forma como seus alunos se desenvolvem. Até mesmo porque, quando procuram novas formas de ensino, os professores também buscam entender como funciona a percepção e a aprendizagem de cada aluno. Todos apresentam exigências específicas. Cada estudante vai demandar uma atenção diferente na sala de aula, seja na leitura, na escrita, na fala, no raciocínio ou no comportamento.

O importante é entender como recorrer a Neurociência, percebendo que a prática pedagógica com base nessa ciência, pode impactar positivamente. A utilização da Neurociência na sala de aula pelos educadores continuará influenciando os alunos nos próximos anos. Tudo indica que esta é uma conexão positiva que pode beneficiar o sistema educacional e a sociedade como um todo.



Referências

HAASE, Vitor Geraldi; CHAGAS, Pedro Pinheiro; ARANTES, Érica Alves. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil: Um convite à neurociência cognitiva social Gerais. Revista Interinstitucional de Psicologia. vol.2, no.1, Juiz de Fora, Junho 2009;

WWW.cambridge.ac.uk.