Um encontro folgazão

Daniel Camargo estava sentado na cadeira de balanço, bebendo Guaraná, com os ouvidos atentos á espera do barulho de um carro, quando finalmente escutou o ronco do motor subindo a estrada. Foi até a frente da casa e ficou olhando o veículo entrar e estacionar, mais uma vez, debaixo da mangueira. No mesmo lugar da véspera. Vanessa Grande Rios acenou de dentro do carro, e o Orion saudou a visitante latindo e abanando o rabo.

Vanessa saiu, afagou a cabeça de Orion dizendo palavras amorosas ao cachorro, depois se virou sorrindo para Daniel Camargo, que vinha na sua direção. Parecia mais sossegada que no dia anterior, mais confiante, e ele, mais uma vez, sentiu um ligeiro choque, mais precisamente uma emoção que estremeceu sua postura ao vê-la. Mas agora era diferente. Agora havia sentimentos novos, pairando no ar, e não apenas lembranças. Se é que tinha acontecido alguma coisa, era o fato de que a atração que ele sentia por Vanessa ficara mais forte durante a noite, mais intensa, e por isso estava um pouco nervoso na presença de Vanessa.

Carregando uma sesta de frutas secas na mão, Vanessa encontrou-se com Daniel no meio do caminho, e surpreendeu-o com um beijo suave no rosto, deixando sua mão livre demorar-se um pouco na cintura dele depois de se afastar.

- Oi – disse Vanessa, com os olhos radiantes – cadê a surpresa?

Ele relaxou um pouco, agradeceu a Deus por isso...

 - Nem uma boa tarde! Ou como  passou a noite?! -  Disse Vanessa.

Daniel sorriu cumprimentando.

Vanessa sorriu. A paciência nunca tinha sido uma de suas qualidades mais fortes.

- Certo! Boa tarde! Passou bem à noite?! E cadê a surpresa?! O ânimo de está me vendo outra vez?!

Daniel abriu um sorriso, novamente, depois fez uma pausa...

– Vanessa. Tenho más notícias...

- o que foi? Disse Vanessa.

- Eu ia levar você a uma festa, em um lugar distante, mas... com aquelas nuvens se aproximando, com essa estrada de terra, não sei se a gente deve ir...

-Por quê?

- A tempestade. A gente vai acabar ficando ensopado e atolado na estrada. Além do mais, pode haver relâmpagos e raios que costumam cair no descampado das estradas daqui.

- Não está chovendo ainda... É longe?

- Riacho acima, mais ou menos dez quilômetros.

- E eu nunca estive nesse lugar antes?

- Não como o lugar está agora. Muito bom!... Espetacular... Você iria gostar de estar lá nesta festa de rodeio e vaquejada. E eu adoraria esta lá em sua companhia.

- Ah! Então é uma vaquejada?!

Vanessa pensou... Durante um instante enquanto olhava ao redor. Quando falou, sua voz estava firme e decidida.

- Então vamos. Não me importo se chover. Vamos a cavalo. Você ainda tem aquele cavalo manso? E destemido ao som de relâmpagos e trovões e que é acostumado ao som de vaquejada?

- Sim. Tem certeza que quer ir?

-Absoluta.

Daniel olhou novamente para as nuvens, e reparou que já estava perto. – Então é melhor a gente ir agora – Ele disse. E continuou falando– Posso levar a sesta de frutas secas lá para dentro, para depois tomarmos um chá delas, depois que voltarmos?

Vanessa expressou que sim com a cabeça, entregando-lhe a sesta, ele entrou em casa correndo, colocando-a sobre a mesa da sala. Depois pegou uma jaqueta de couro, as esporas entregando-as a Vanessa e subiu ao quarto para buscar a outra jaqueta de couro brando e branco e, as esporas para cada um ir com seu respectivo cavalo. Ela com o cavalo manso e ele com seu cavalo habitual.

- Então, o que é exatamente e onde fica este evento folgazão? É um Rodeio ou simplesmente uma vaquejada?

- Você tem que vê? Como está diferente e bom? É uma surpresa... E das boas!...

- Não vai me dar nenhuma pista? Tenho que descobrir pelo sentido do caminho?!... Onde fica este espetáculo que me parece espetacular ideia de se divertir!

- Bom – disse ele -, lembra aquela vez que fomos de canoa ver o sol nascer em Terra Mansa?

- pensei nisso hoje de manhã. Eu lembro que ri muito.

- Com o que vai ver hoje, você vai ficar sem acreditar, está muito bonito e diferente, povoado e alegre. De modo que você não vai esquecer este espetáculo. 

- Então suponho que eu deva me sentir especial.

Daniel deu mais alguns passos e só então respondeu.

- Você é especial – disse por fim. A maneira como disse fez Vanessa Grande Rios se perguntar se Daniel queria acrescentar mais alguma coisa. Mas não falou mais olhou, e ela esboçou um sorriso antes de desviar os olhos nele, sentindo o vento no rosto, reparando que a ventania estava mais forte que na parte da manhã.

Assim caminharam  em direção ao espetáculo e durante a caminhada conversaram sobre diversos assuntos e ambos temiam o desagrado e do falar grosseiro.

Vanessa poderia ver tudo que quisesse ver simplesmente virando a cabeça, porém, mais do que tudo, ela queria olhar para Daniel, olhar os olhos de Daniel e apreciar seu rosto.

Era ele quem tinha ido  na frente e as vezes ficava ao lado dela que estava cheia de fortes desejos e emoções que, se via já está se apaixonando por ele, enquanto o admirava. Quando Daniel executava o domínio do cavalgar e comandava o cavalo dela a seguir a mesma direção. Ela o admirava pensando: há algo artístico nele. E ele percebeu em frações de segundos seus olhares que se igualavam aos seus sentimentos cada vez mais crescentes. Então Daniel disse sorrindo – Quem ama o feio bonito se parece...sorrindo e olhando-lhe os olhos.

- Eu só amo os que me fascinam. Pois dos feios sou vacinada...

Vanessa não conseguia pensar em ninguém que cavalgasse tão bem quanto Daniel. Ela o achava complicado, em muitos sentidos, quase contraditório, porém simples, uma combinação estranhamente excitante e erótica. Na superfície era um rapaz do campo, que voltara do sertão para casa, e provavelmente era assim que ele próprio se via. Contudo, havia muito mais. Talvez fosse... a poesia da vida que o fizesse diferente, ou talvez os valores que o pai havia instalado nele. De qualquer maneira mais pleno do que os outros homens que havia conhecidos. Que chegou a conclusão que não havia conhecido ninguém tão pleno quanto Daniel e, via nele que parecia saborear a vida de modo completo do que ela tinha visto, e isso foi a primeira coisa que a atraíra  em ambos. Um Sentimento Colossal.

- No que você está pensando? Disse Daniel, prestando atenção no silencio de Vanessa.

Ela sentiu um estremecimento por dentro quando ouviu a voz de Daniel.  Que fez com que retornasse ao momento presente. Percebeu que não falara muito desde que tinha posto a cavalgar, e sentiu gratidão pelo silêncio que ele proporcionara. Daniel sempre dera atenção a momentos assim. Respeitando o momento de cada um, em se reservar-se no silêncio, mas o silêncio lhe causava curiosidades.

- Coisas boas – respondeu suavemente. Olhando nos olhos de Daniel. E ela  viu que Daniel sabia que estava pensando nele. E isso fez Vanessa gostar do fato de que ele soubesse; no fundo esperava que também estivesse pensando nela.

Então, compreendeu que alguma coisa estava se agitando dentro dela, exatamente como acontecera há tantos anos. O que causava isso era observá-lo a cavalgar. Quando os olhos dela se demoraram junto aos dele alguns segundos, sentiu um calor no pescoço e nos seios, e enrubesceu, desviando os olhos antes que ele percebesse.

- Quanto falta? Perguntou Vanessa no intuito de despistar suas emoções que eram transparentes a Daniel.

- Faltam pouco, uns 800 metros, mais ou menos. Não mais que isso.

Prestando atenção ao redor... Ela disse: - É bonito aqui. Tão limpo. Tão quieto. Tão verde com este rio tão lindo. É quase como voltar no tempo dos momentos especiais em que vivi que pensei ter esquecido e que não voltasse mais... Disse ela suspirando...

- De certa forma é, acho... Esta vendo este rio que estamos beirando, corre direto da floresta. Não há uma única fazenda entre este lugar e o ponto em que o rio nasce, e a água pura como a chuva. Provavelmente não tem como ser mais pura. Disse Daniel.

Vanessa aproximou os cavalos para estar mais próximo de Daniel – Diga uma coisa, Daniel, do que é que você mais se lembra do verão que passamos juntos?

- De tudo.

- Alguma coisa em particular?

- Não!

 – disse, ele. Com vontade de expressar sua atração varonil por ela que pulsava mais forte que sua razão.

- Você não se lembra?

Daniel... Só respondeu um momento depois, com voz firme e séria.

- Não, não é isso. Não é o que você está pensando. Eu estava falando sério quando disse que me lembro “de tudo”... Consigo recordar todos os momentos que passamos juntos, e em cada um deles havia alguma coisa maravilhosa. Na verdade, não consigo escolher um momento que tenha significado mais que outro. O verão inteiro foi perfeito, o tipo de verão que todo mundo deveria ter. Como poderia escolher um momento em vez de outro? Muitas vezes os poetas descrevem o amor como uma emoção que não podemos controlar. Uma emoção que esmaga a lógica e o bom senso. Comigo foi assim. Eu não planejei me apaixonar. Tal vez por você, quem sabe?! E duvido que você também tenha planejado sentir um sentimento tão bonito e imenso que é se apaixonar. Tal vez por mim. Mas, assim que nos conhecemos, estava claro que nenhum de nós conseguia controlar o que estava acontecendo com a gente.  Acho que ficamos apaixonados, apesar das diferenças entre nós, quando isso aconteceu, alguma coisa rara e maravilhosa foi criada. Para mim, um amor como este só aconteceu uma vez, e é por isso que cada minuto que passamos juntos ficou gravado na minha memória. Nunca me esquecerei de um momento sequer... Não sei como consigo expressar isso e falar com coragem de arriscar quebrar o encanto que sinto por você.

Vanessa olhou fixamente para Daniel. Ninguém jamais tinha dito algo parecido para ela antes. Não sabia o que responder e ficou em silêncio, com o rosto afogueado.

- Desculpe-me... , se a deixei, constrangida Vanessa. Não era minha intenção. Mas aquele verão ficou comigo e provavelmente, vai ficar para sempre. Sei que as coisas entre nós não podem voltar a ser o que eram antes, mas isso não muda o que eu senti em relação a você desde aquele verão.

Ela falou com voz suave, abafada e tremula, sentindo-se enternecida.

- Você não me deixou constrangida, Daniel. Mas... É que... Não estou acostumada a ouvir essas palavras, tão puras e verdadeiras que não consigo pensar... Se não ouvi-las. O que você disse foi maravilhoso. Só um poeta consegue falar da maneira como você fala e é como eu digo, acho que você é o único poeta que conheci na vida, de verdade que fala ao coração. Que com sinceridade expressa os seus sentimentos mais profundos de modo especial. Que a mim toca profundamente nos meus sentimentos, deixando- me sem palavras para demonstrar o quanto me fez sentir especial para você.

Um silêncio tranquilo desceu sobre eles. Uma águia pescadora gritou em algum lugar ao longe. Uma tainha chapinhou junto á margem. Os cavalos moviam-se em ritmo, fazendo pequenas ondulações que balançavam ligeiramente a ambos. A brisa tinha parado, e as nuvens iam ficando mais escuras à medida que chegavam mais perto da vaquejada.

Vanessa reparava em tudo, absorvia cada som, cada pensamento. Seus sentidos tinham ganhado vida, revigorando-a, e ela sentiu que sua mente vagueava no tempo e recuava para as últimas semanas. Pensou na ansiedade causada pela ideia de voltar àquele lugar, onde passou o verão com Daniel e no choque de ao ler os artigos no jornal, e ler notícias de seu relacionamento com Daniel, sabendo que sua vida privada iria ser vista ao público de fãs de suas pinturas; ler suas notícias nas noites insones, no mau humor durante o dia. Por  não se ter intimidade,  por ser uma notável pintora. Em instantes ela estava com medo e quis fugir. Agora toda a tensão tinha desaparecido, cada pedacinho dela fora substituído por outra coisa, sentia-se contente, em silêncio na cavalgadura de seu cavalo.

Vanessa se sentia estranhamente satisfeita por ter vindo, feliz com o fato de que Daniel tinha se transformado no tipo de homem que ela achava que ele seria respeitador e feliz por ver que viveria sabendo de seu amor por ela. Nos últimos anos, tinha visto muitos homens destruídos pela boemia dos bares, e futilidades dos corredores de artistas e políticos, pelo tempo, ou mesmo pelo dinheiro. Era preciso ter força para aferrar-se à paixão interior que a tragava, e que Daniel tinha conseguido.

Viviam em um mundo de trabalhadores, não de poetas, e para as pessoas seria muito difícil entender Daniel. O país agora estava a todo vapor, diziam todos os jornais, e as pessoas corriam impelidas para frente, deixando para trás os sofrimentos da seca do agreste e atraso do brasileiro. Vanessa compreendia os motivos dessas pessoas, mas todo mundo estava correndo da seca em direção de longas horas de trabalho e de lucros, negligenciando as coisas que davam beleza e alegria real ao mundo, que não era bem a agricultura, a criação de animais e a urbanização dos sentimentos.

Quem ela encontrava na mente para pensar e desviar os impulsos de desejos para com Daniel? Ninguém. Por considera-lo puro e intensamente dado aos prazeres carnais. Que perseguisse o alvorecer dentro de uma alma boa e sedenta por um verdadeiro amor. Não era esse rumo das coisas que ela queria deixar a impressão para com Daniel.  Com Daniel era diferente, ele era homem do tipo que a vida valer a pena, a vida inteira. Sua paixão, desejos carnais, atrações a entregava aos braços de Daniel. Para ela esconder seus sentimentos era garantir que seu amor por Daniel seria tratado com importância. Pois ao se lembrar das artes que a impressionaram era o mesmo sentimento bonito que sentia ao pintar quadros e porcelanas finas, embora ela só tivesse constatado isso naqueles instantes, estando ali. Entre os arvoredos de uma fazenda próxima da festa de vaquejada. Ou melhor, pensando nisso. Saber, ela já sabia, e mais uma vez se amaldiçoava por ter deixado de lado uma coisa tão importante como a criação da beleza expressa pelas suas mãos. Para se aventurar no campo do fingimento, da política. Tinha nascido para pintar, e agora estava certa de que tal qual o amor dela para com Daniel e de ambos era o mesmo sentimento que a conduzia e os conduziam ao amor. Era o amor pela arte plástica. E maior era o sentimento de afeto por Daniel. E agora estava certa disso. As emoções que estava sentindo naquele dia apenas confirmavam essa certeza, e ela sabia que, não importava o que acontecesse, tentaria outra vez. Era justo dar-se ao amor tal qual à arte de pintar quadros e porcelanas. Oportunidade, sem levar em conta o que as pessoas poderiam dizer.

Será que Daniel a incentivaria a pintar? Ela pensava e se lembrava de ter mostrado a ele um de seus quadros, meses antes do último verão passado juntos. Era uma pintura abstrata, cuja intenção era inspirar o pensamento. Em certo sentido tinha semelhanças com a tela pendurada acima da lareira de Daniel – aquela que ele compreendia completamente -, embora talvez fosse uma pintura um pouco menos apaixonada. Daniel ficou encarando o quadro, quase como se estivesse estudando o que via, e depois perguntou qual era o suposto significado daquilo. Ela sequer tinha se dado ao trabalho de responder.

Ela balançou a cabeça, sabendo que não estava sendo inteiramente justa. Ela reconhecia que amava Daniel, e sempre tinha amado, por outros motivos. Sem se dá conta. Embora não fosse correspondido antes. Daniel era um homem bom, o tipo de homem com quem sempre soube que iria se casar. Com ele não havia surpresas desagradáveis, era confortável saber o que o futuro traria. Ele seria um marido gentil, ela seria uma boa esposa. Teriam filhos, um lar perto dos amigos e da família, uma posição respeitável na sociedade. Era o tipo de vida que sempre tinha esperado viver, o tipo de vida que queria ter. Embora ela não ousasse descrever a relação entre eles como apaixonada, fazia muito tempo que tinha se convencido de que isso não era necessário para se sentir realizada em uma relação, mesmo se tratando da pessoa com quem pretendia se casar. Seu medo maior era que a paixão de ambos esmorecesse com o tempo, e que fosse substituída por coisa como companheirismo e afinidade. Isso ela e Daniel já tinham e Vanessa supunha que era tudo que aconteceria e mais cedo ou mais tarde seria trocada por outra paixão que Daniel viesse a ter e, que o tempo é esmagador, não respeita ninguém e, que provavelmente ela não teria uma nova paixão tão verdadeira e intensa como àquela que estava vivendo.

Mas em poucos instantes, ali, enquanto olhava Daniel cavalgando, questionava essas suposições. Ele exalava sexualidade em tudo que fazia para os olhos de Vanessa, que se flagrou pensando em Daniel de uma maneira que, uma mulher sendo comprometida com outro homem não deveria pensar. Assim ela se sentiu. Ela tentava não olhar fixamente para ele, e, muitas vezes, desviava os olhos; mas por causa da maneira natural e agradável com que Daniel movia-se ao cavalgar, era difícil não manter os olhos em Daniel. Que por sua vez a desejava intensamente, sentindo que iria explodir de desejos másculos próprios de um homem desejoso em ter uma mulher linda e atraente, provocando em seu corpo desejos de tê-la enquanto cavalgava.  Inconscientemente.

 Não aguentando mais decidiu parar de cavalgar diante de uma grande árvore, - tentando desviar o impulso viril, com a esperança de deixar passar seus impulsos, mas foi tragado e traído pelos seus instintos selvagens de macho no ritual de acasalamento inconscientemente- que beirando ao rio que os acompanhava ao evento de rodeio e vaquejada, Daniel não aguentou e disse:

- Aqui, vamos parar um pouco para que os cavalos descansem –, guiando os cavalos em direção a um grupo de árvores junto à margem do rio que os acompanhou durante toda viajem a vaquejada. 

Vanessa olhou ao redor, sem ver nada mais que verdes e os vários tons de azuis das orquídeas silvestres. Que pensou em pintar um quadro com aquelas orquídeas que via, na tentativa de não deixar-se entregar-se a Daniel no simples convite que viria acontecer. E disse: Por que paramos, sem conseguir olhar profundamente para Daniel, – onde é a vaquejada? Está perto?

Daniel suspirando fortemente e tremulo pela paixão que sentia por Vanessa e suando e cheirando um suor campestre. Com a voz roca tremula e ao mesmo tempo firme disse:

- É mais adiante, - sem querer olhar para Vanessa, temendo seu próprio instinto masculino de toma-la pelo ar e abraçando-a e conduzi-a ao ritual do acasalamento animal, ardentemente, - mas vamos parar um pouco aqui e também descansar da cavalgada, para que os cavalos descansem um pouco, pastem e bebam água, guiando os cavalos para uma velha árvore caída, ocultando uma abertura a ponto de ficar quase completamente escondida da vista de quem ousasse passar. Sem aguentar mais os desejos de tê-la. Beijou-a e com braços fortes a abraçou e instintivamente sem conseguir falar sussurrando desejos sentia-se um domador que a domava todo seu corpo ardente. Ela sem impedir seus impulsos de desejos e vontades de ser possuída ardentemente e sentir seu corpo domado por Daniel. Não conseguir impelir-se aos braços de Daniel. Sem se dá conta dos cavalos que pastavam e bebiam água do rio  com as cordas soltas junto as árvores e na velha árvore ladeada de orquídeas azuis silvestres impulsivamente despiam- se, acariciavam-se com paixão e desejos juvenis,  ao amor da força da juventude. E, que como um fechar de olhos estava Daniel sussurrando palavras de desejos carnais de um homem viril, levando suas mãos a deslizar o rosto e corpo de Vanessa ouvindo as ondulações da água do rio margeando o caminho e sentiram o desejo verdadeiro, o momento verdadeiro do amor e da paixão que ambos sentiam reciprocamente, enquanto Daniel impulsionavam seus desejos para diante do empuxo do riacho. E como uma conchinha do mar se ouvia o suspirar da natureza na dança do acasalamento que Daniel ouvia de Vanessa.

Conto de autoria de David Adalberto Cavalcanti Cabral, Curitiba-PR.