Um dia, nostalgicamente, olharemos para trás e veremos que estes vinte e cinco anos das nossas vidas valeram a pena. Tudo aquilo que, sob uma perspectiva jovem, considerávamos erros ou acertos perderá o sentido. Deixaremos de classificar esses acontecimentos. Apenas saberemos que eles tiveram uma participação totalmente decisiva para sermos aquilo que nos tornamos.

Nestes vinte e cinco anos, acumulamos sucessos. Compartilhamos alegrias, sorrisos e choros de derrota. Viajamos juntos, no sentido literal e no figurado. Aprendemos que a vida também é feita de perdas (é, gente, elas existem...). Vivemos, nestes vinte e cinco anos, e como vivemos! E, depois de um tempo, o que importará será a nossa amizade, a experiência que adquirimos e a cumplicidade que se criou entre nós.

Um dia, reuniremos em uma varanda qualquer. Beberemos recordações. Lembraremos de já ter esquecido onde, quando e como nos conhecemos. E como nos tornamos amigos. Apenas seremos. Saberemos uns aos outros. Talvez menos na memória e no dia-a-dia do que no coração. Perguntaremos como a amizade com uma pessoa tão diferente (e nossas diferenças serão ainda mais gritantes) pôde se tornar tão indispensável, apesar da distância que, fatalmente, haverá entre alguns de nós.

Um dia, reviveremos nos nossos filhos a nossa juventude. Olharemos para eles e lembraremos uns dos outros. Recordaremos, indistintamente, pela idade, do Moderno, do Nazaré, de Mosqueiro, de Salinas, das casas uns dos outros, das sensações, dos gostos, dos cheiros... e até do Domingos jogando futebol. Tá bom, essa última talvez não seja uma lembrança tão difusa. É que, indeliberadamente, lembraremos com solidez de alguns fatos. E este, não adianta, ficará na nossa memória. Assim como tantos outros, menos engraçados e mais importantes.

Atrás dessas memórias, um dia, reviraremos fotos amareladas e acharemos velhos bilhetes de amores e de amigos. Constataremos a importância que cada uma dessas pessoas tem nas nossas vidas. Sentiremos falta de algumas delas e não ligaremos para todas, é fato. Algumas, por falta de um número de celular. Outras, por mais estranho que pareça, porque o ser humano tem disso de sentir saudade clandestinamente.  

Um dia, lembraremos de como éramos jovens e vigorosos. Olharemos no espelho e não veremos a mesma mocidade de antes. Os cabelos ficarão grisalhos e surgirão pés-de-galinha. Os nossos músculos perderão a rigidez e teremos que aceitar a velhice. Saberemos que a beleza externa é fugaz. Mas, apesar dessa efemeridade, perceberemos que, por dentro, fomos lapidados.

Entenderemos, um dia, com maior clareza, aquilo que nos diziam nossos pais. Teremos uma saudade absurda deles. Entenderemos tantas outras coisas que pensávamos ser incompreensíveis. Notaremos que o tempo passou. Implacável. Ficaremos velhos, gente. E teremos menos cabelo, é verdade. Mas, um dia, “maduros”, conheceremos e compreenderemos a beleza de envelhecer.