UM DIA DE TRIBULAÇÃO

“não choreis, antes, comei carnes gordas e tomai vinhos doces e enviai porções aos que têm fome, porquanto a alegria do Senhor é a nossa força” (Ne. 8:9-10)

I - INTRODUÇÃO

A palavra tribulação tem inúmeros significados, sendo algumas situações mais freqüentes na nossa vida, a exemplo da aflição, amargura, angustia, ansiedade, pesar, sofrimento, mágoa, consternação, tormento, tristeza, etc. Mas, o antídoto, chama-se alegria.

Parece paradoxal o que nos narra o livro de  Neemias, que ao ver o povo pranteando no dia do Senhor, disse-lhes: “não choreis, antes, comei carnes gordas e tomai vinhos doces e enviai porções aos que têm fome, porquanto a alegria do Senhor é a nossa força” (Ne. 8:9-10)

Li um livro recentemente do Pr. Rudimar Fonseca onde ele fala acerca da ansiedade, do mal que esta causa ao cristão, que uma vez contaminado, priva-se da comunhão com Deus. Ele nos afirma: “um dia de tribulação e de sofrimento não pode sufocar o cântico de gratidão dos lábios dos que vivem na presença de Deus, pois, a verdadeira espiritualidade não se mede pelas manifestações emocionais ou pelos dons, mas sim pela capacidade de desenvolver um espírito de gratidão e contentamento frente aos problemas da vida”.

II – POR QUE NOS ANGUSTIAMOS ?

Hoje, constata-se que a ingratidão impera nos relacionamentos conjugal, familiar, dos filhos, dos colegas e até no convívio com os amigos. As pessoas sofrem solidão, tristezas, injustiças e pouquíssimos se comovem com a dor do outro, o que demonstra um flagrante descumprimento da Lei Divina que diz: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos os que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros (João 13:34-35).

Davi foi um homem ungido por Deus. Nos seus escritos, verificamos a profundidade do amor que ele nutria pelo criador; o temor que o fazia meditar nas coisas corretas da vida. Ele foi sábio ao escrever muitos salmos, de forma que sintetizou em cinco versículos as pessoas que habitarão junto ao Senhor. Ele nos diz: “Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade e pratica a justiça, e, de coração fala a verdade; o que não difama com sua lÍngua, não faz mal ao próximo, nem lança injuria contra o vizinho....”

Não sei por que as pessoas se apegam a mentira e sentem dificuldade de viver em integridade. Ser íntegro não é se manter imune à pratica de furtos e roubos, de difamar o próximo, etc. Ser íntegro é ter uma atitude correta em todos os dias;  é ter uma posição justa diante do nosso próximo e não nos omitir de falar a verdade a uma pessoa, seja ela amiga ou desconhecida.

Imaginem a amizade de Jônatas e Davi. Eles se amavam como irmãos e havia entre eles a integridade de caráter, pois Jônatas sendo filho de Saul – Rei – avisava a Davi das intenções do Pai em perseguí-lo para matar. Há pessoas que se dizem “amigos” e nos deixam caminhar em sofrimento anos e anos e não nos dá a mão nem se quer uma palavra de conforto. Certamente, estes amigos, têm a mente cauterizada pela vaidade e expressam uma sã soberba ao se julgarem “sábios e capazes” diante de Deus.

Diante de dores e decepções, feliz é aquele que entrega o seu sofrimento a Jesus porque certamente julgará a nossa causa e nos fará vitoriosos diante de uma injustiça. Davi conhecia a Deus e sabia que um dia o Senhor o livraria das mãos dos inimigos porquanto teve várias oportunidades de exercer a própria justiça, ao ter Saul perto de si e matá-lo, mas não o tocou porque era temente a Deus.

A tribulação poderá ser uma provação de Deus imposta a nós para que diante do Pai apresentemo-nos aprovados, após a tormenta, para alcançarmos patamares mais altos. Também poderá ser uma manifestação de nossas próprias decisões erradas, que geram sofrimento, falta de bom senso e sabedoria. E há aquelas provocadas por terceiros, que nos atingem com perseguições, injustiças, que promovem o sofrimento. Portanto, nem todo sofrimento é fruto de pecado, como afirmam alguns pastores.  

A fragilidade advinda de uma doença poderá nos causar desânimo e tristeza. Já as doenças da alma são perigosas e incuráveis se delas não tratarmos em tempo hábil. Há uma sutileza do inimigo quanto às doenças da alma. Este vai semeando sentimentos de incapacidade e tristeza, que aos poucos se alojam em nossa mente, de forma que a alegria desaparece e o sofrimento se manifesta dia após dia, até termos uma mente negativa e incapaz de reagir diante de uma alegria e até da expressão de amor.

O Rei Davi, diante de suas fragilidades e dos poucos anos de vida,  orava ao Senhor dizendo: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Salmos 90;12). Já Paulo nos ensinou coisas específicas a respeito da vida cristã e nos fala que “deveríamos nos gloriar nas  tribulações, sabendo que esta produz a perseverança e a perseverança, a esperança, porque a esperança não se confunde porquanto o amor de Deus nos é derramado pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”(RM 5:3-5).

III – CONCLUSÃO

Certamente, há inúmeras vantagens para os que têm a palavra de Deus guardada no coração. O choro poderá durar uma noite, mas a alegria virá pela manhã. Quem já teve experiências com Deus sabe que tudo aquilo que Jesus nos ensinou é verdade e que as aflições se manifestariam em nossas vidas, assim como passaríamos por injustiças, mas o Deus forte nos socorreria, nos dando ânimo.

Para os que choram, há um conforto do Pai e a estes está reservada uma colheita, pois assim nos fala a palavra de Deus: “Os que com lágrimas semeiam com alegria ceifarão. Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo os seus feixes” (Salmos 126:5-6).

As nossas tristezas deverão ser colocadas no altar de Deus, numa oração silenciosa, porque muitas vezes a dor nos impede de pronunciar qualquer palavra. E a nossa mente não poderá se desviar do bem, do amor ao próximo, porque assim Jesus nos ensinou, ao orar ao Pai diante do sofrimento e da injusta morte no madeiro. Ele disse: “Pai, perdoa a estes que não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).

Se passares por tristezas, sofrimentos e decepções, entregue o seu caminho ao Senhor, confie nele e este tudo fará. “Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio dia. Descansa no Senhor e espera nele” (Salmos 37:4-4).

Paz seja com todos !

Zenaide Alcantara de Sousa

Irmã em Cristo Jesus