Quase sempre passo por lá quando retorno das tricicladas. Na última vez, dia 15 de setembro, parei em frente e fotografei a entrada da alameda Ana Laura, localizada na trav. Lomas Valentinas, entre a av. Duque de Caxias e av. Visconde de Inhaúma, Belém, Pará. Em uma das casas dessa alameda, que morou um colega de trabalho, o Juris Jankauskis e família. A década era a de 1980!

Mas não foi apenas mais um colega e sim um grande amigo, daqueles em que o poeta ensina a gente a “guardar dentro do peito”. Eu agrônomo, ele engenheiro florestal. Eu, docente do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, FCAP, hoje Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA e ele docente do Departamento de Engenharia Florestal da mesma instituição. Ficamos amigos. Eu ocupava uma sala do prédio da Horta/Fruticultura e ele uma sala do Departamento Florestal, logo em frente. Quase todas os fins de tarde, ao encerrar o expediente, íamos papear em um pequeno e singelo bar de calçada, localizado na então av. Primeiro de Dezembro, hoje chamada de av. João Paulo II, esquina da trav. Pirajá. Era o Copa 70. Ocupávamos quase sempre uma mesa na beira da calçada cuja vista se projetava para a avenida. O papo era regado à cerveja. Ele gostava de tomar a cerveja acompanhado com uma dose de “Tatá”, carinhoso apelido que ele dava ao aguardente Tatuzinho. E o papo rolava… Certa feita escutei ele falar em um tom um pouco mais alto e alegre: – É dessa balbúrdia que eu gosto! – E apontava para o cenário da rua, em que pedestres andavam pelos meios-fios, atravessavam a avenida onde lhes dava na telha e o trânsito se caotizava entre ônibus apressados, carros buzinentos, motocicletas barulhentas, e bicicletas quase mudas, carroças movidas à cavalos e burros e cães vira-latas, tudo isso junto com resíduos de consumo humano, que se espalhavam no ambiente, pelo vento e pela chuva… – Onde morei, a coisa é tudo muito certinha! – Sentenciava ele. Ele tinha vindo de Curitiba, Paraná.

Aos domingos frequentávamos juntos um clube, o Caixa Parah. E aqui era o encontro completo com nossas famílias. Passávamos boas horas papeando, tomando banho de piscina e comendo iguarias.

Certa feita, me convidou para juntos viajarmos até a Estação Florestal Experimental de Curua-úna onde ele coordenava projetos de manejo florestal, etc. Esta estação pertencia à Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, SUDAM e localizava-se na margem do rio Curuá, no município paraense de Praínha. A logística que usávamos para nela chegar, envolvia voo de Belém até Santarém; De Santarém até a estação, de barco voadeira, singrando a ponta do rio Tapajós, o rio Amazonas e finalmente o rio Curuá. Fazíamos isso quase mensalmente. Impreterivelmente, aos chegarmos em Santarém, alojava-mo-nos em um hotel na orla da cidade e impreterivelmente íamos almoçar numa peixaria, Miguel do Jaraqui. Isto tornou-se quase um ritual! Na estação nos alojávamos na sede antiga, situada em um platô mais elevado da beira do rio, em uma ampla casa de madeira, embora, bem próximo, à poucos metros dessa, mais perto da margem do rio, tivesse uma casa nova, mais confortável, porém, suas paredes foram construídas com uma madeira nativa chamada de louro-bosta. Não preciso dizer mais nada, né?! Em uma dessas viagens à estação aprontamos uma com um colega novato, o Albenízio. A boate da estação. Mas isto será alvo de outro texto.

Estes foram alguns dos episódios que compartilhamos em nossa amizade sincera e feliz. Hoje, ele mora com sua querida família, bem distante daqui, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Compartilho estas lembranças em homenagem a este cara, que um dia cruzou em minha vida e pelo qual posso afirmar que valeu a pena ter vivido por ter conhecido e convivido com o Juris Jankauskis!