UM CANTO DE BAR

Por sander dantas cavalcante | 19/09/2017 | Poesias

Um canto de bar, uma roda de amigos

Um velho Giannini, um chope gelado

O papo não é sóbrio, mas achamos normal

Batucada na mesa, ao ritmo do nada

Violão adestrado em notas iguais

Cordas e acordes já não se entendem

O polegar não obedece mais

Uma roda de bar, um canto entre amigos

Num canto qualquer da cidade

As horas passam depressa demais

Começamos agora, mas a noite cansou

Deu lugar ao sol que mal despertou

Surgindo lento na esplanada

Refletindo aos poucos, sem pressa

A cor cinza da madrugada

Se a natureza não se estressa

Não sou eu que vou me estressar

É sinal que a farra está boa

Ninguém fica à toa, ninguém quer parar

Alguém lembra um samba antigo

Levanta o dedo e faz logo um sinal

O outro amigo já ensaia na mesa

Com ares e gestos de concerto formal

E um outro pede mais uma rodada

Eu mesmo só sei o refrão

Quase ninguém entende mais nada

Mas nada atrapalha essa nova canção

No outro dia a ressaca e a resenha

São a senha para a semana que vem

Não vejo a hora de recomeçar

Com a mesma roda de amigos

Naquele mesmo canto do bar

 

(Sander Dantas Cavalcante)