MÉTODO DE REDUÇÃO AO NADA.

Kant demonstrou que nós não conhecemos as coisas em si porque elas estão fora da nossa percepção e por isso não podemos verificar se o Ser e outras coisas que eram consideradas universais e necessárias são realmente universais e necessárias fora de nós. Portanto as ideias de necessidade e universalidade passaram a representar a necessidade e universalidade da nossa própria mente. Aquilo que sempre se repete em nossa percepção são necessidades da estrutura da nossa própria mente, mas isso não significa que não são de fato necessidades universais fora de nós. Significa apenas que não podemos verificar isso empiricamente. É possível encontrar verdades universais colocando o Nada como a negação de tudo. Porque assim a metafísica não si limitaria apenas a mente, já que é evidente que não só a mente, mas todas as coisas possuem diferença do Nada, pois o Nada é apenas uma ideia que não corresponde à realidade concreta. Para demonstrar que uma afirmação ou uma negação, que seja universal ou não, significa uma verdade, basta demonstrar que seu contrario significa o Nada, pois se um y não representa nada, então um y não possui diferença do Nada e por tanto um não y possui diferença do Nada ou faz parte do conjunto de todas as coisas.

A DÚVIDA SOBRE A UNIVERSALIDADE DO SER.

O Ser se distingue totalmente do Nada, pois o Nada não possui nada em comum com o Ser. Com tudo eu não posso afirmar que só o Ser se distingue totalmente do Nada e talvez o Universo ou os Universos contenham várias coisas que não possuem nada em comum entre si, nem com o Ser e nem com o Nada. Talvez o Universo contenha realidades completamente diferentes umas das outras. Se uma coisa não faz parte do Ser ela não existe, então para que uma coisa não faça parte do Ser e não signifique o Nada ela tem que conter coisas que o Ser e o Nada não possuem. Porque não? Porque tudo no Universo tem que ser? Porque algo não pode se diferenciar do Ser e mesmo assim não significar o Nada? Porque algo não pode se diferenciar totalmente do Ser e do Nada? Porque algo não pode se diferenciar totalmente das outras coisas? O que é Ser? Porque o Ser não pode fazer parte de um conjunto maior? Será que tudo possui uma mesma identidade?

NADA PODE SE DISTINGUIR COMPLETAMENTE DE NADA. (redução ao Nada)

Se várias coisas se distinguissem completamente umas das outras, então elas não teriam nada em comum entre si, mas tudo que uma possuísse as outras não poderiam possuir. Portanto se uma delas possuísse diferença do Nada as outras não poderiam possuir diferença dele, logo somente uma dessas coisas poderia possuir diferença do Nada, mas como tudo possui diferença do Nada, nenhuma coisa pode se distinguir completamente das outras e por isso todas as coisas possuem uma interseção. Tudo que as coisas possuem em comum está na interseção delas, logo o que não está na interseção das coisas não possui nada em comum com elas, mas como todas as coisas possuem algo em comum, nada pode está fora dessa interseção. Todas as coisas possuem interseção e nada está fora dessa interseção, logo tudo faz parte da mesma interseção ou todas as coisas estão contidas na mesma interseção. Evidentemente todas as coisas possuem diferenças, logo a interseção entre todas as coisas não significa igualdade entre os estados das coisas, mas igualdade naquilo que permanece em todas as coisas, por mais que elas mudem, pois tudo corresponde a variações da mesma coisa e tudo se constitui da mesma coisa ou se não as coisas não estariam contidas numa mesma interseção. Aquilo que forma todas as coisas deve tornar possível às diferenças sem perder nunca a identidade. Como, por exemplo, um poder que possui como identidade exatamente a capacidade de tornar possíveis diversas coisas.

REFUTAÇÃO DO MECANICISMO.

Todas as possibilidades vêm da mesma causa e ela permanece sempre, logo todas as possibilidades permanecem sempre. Isso significa que o Movimento tem muitas possibilidades e por isso poderia acontecer de forma diferente, logo o Movimento não acontece por necessidade, mas por escolha.

A CAUSA DE TUDO POSSUE CRITÉRIO.

Se a causa de tudo não tivesse critério, então ela não poderia fazer distinção entre as coisas e por isso não teria preferências nem escolha, mas como ela faz escolhas ela tem critério e por isso suas ações têm restrições.

A CAUSA DE TUDO NÃO TEVE PRINCIPIO E NEM TERÁ FIM NO TEMPO.

Nenhuma coisa pode se distinguir completamente das outras, mas tudo se constitui da mesma coisa de tal maneira que nada de real pode ter vindo antes da causa universal. Portanto ela não teve principio, pois todo principio vem de uma mudança e toda mudança é real. A causa de tudo permanece sempre mudando apenas de estado, logo a causa de Tudo não terá fim.

A CAUSA UNIVERSAL É ONIPOTENTE, ONICIENTE E ONIPRESENTE.

A causa universal tem poder sobre todas as coisas e para que ela tenha poder sobre todas as coisas ela tem que perceber todas as coisas e para perceber todas as coisas ela tem que estar em toda parte, logo a causa universal é onipotente, oniciente e onipresente.

O CONJUNTO DE TUDO POSSUI ESPAÇO ETERNO. ( redução ao Nada)

O conceito de fim corresponde a não continuação de uma coisa. Portanto o fim de uma coisa não faz parte dela, pois tudo que faz parte de uma coisa corresponde à sua continuação ou extensão. Assim sendo o fim de tudo significa o Nada, pois o que não faz parte de tudo não corresponde a nada. O conceito de Nada não corresponde a algo real, logo o fim de tudo não significa uma realidade, mas apenas uma ideia, logo o conjunto de tudo não tem fim.