Um breve ensaio sobre o movimento do Cangaço
Publicado em 21 de janeiro de 2016 por Willys Soares da silva
Surgiu no inicio do século XX no Nordeste brasileiro um fenômeno social denominado como cangaço, grupos de homens armados e bem preparados esteticamente apareceram em função principalmente das péssimas condições sociais da região nordestina como a seca, a fome etc... O Nordeste sempre ficou a mercê de duas grandes forças: o poder politico e o econômico.
O primeiro homem a ter agido como cangaceiro teria sido José Gomes ou Cabeleira como era chamado diz-se que ele aterrorizava a região de Recife na segunda metade do século XVIII. Mas o movimento só ganhou corpo mesmo no final do século XIX onde homens criminosos espalhavam terror com suas vidas nômades. O primeiro grupo de cangaceiros foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, chamado de Jesuíno Brilhante que também praticou seus atos criminosos. Jesuíno Brilhante ficou muito conhecido e muito mencionando quando se fala em movimento do cangaço por sua pontaria infalível que causava assombro, especialmente porque Jesuíno, ambidestro, atirava bem com qualquer uma das mãos.
O cangaceiro era um tipo de bandido social, segundo Eric Hobsbawn:
“O ponto básico a respeito dos bandidos sociais é que são proscritos rurais, encarados como criminosos pelo Estado, mas que continuam a fazer parte da sociedade camponesa e são considerados por sua gente como heróis, como campeões, vingadores, paladinos, justiceiros, talvez até mesmo líderes da libertação e como homens a serem ajudados e apoiados. É essa ligação entre o camponês comum e o rebelde, o proscrito e o ladrão que torna o banditismo social interessante e significativo.”
Existiram diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais conhecido e temido da época foi o comandado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, atuando nas décadas de 1920 e 1930 em quase todo o Nordeste do país. Sua importância para o movimento é tamanha que, por vezes, é chamado de Senhor do Sertão ou Rei do Cangaço. A imagem de Lampião combina em si a dupla posição de herói civilizador e de bandido sanguinário. Morreu em uma emboscada armada por uma volante como era chamado na época a policia. Junto com a mulher Maria Bonita e outros cangaceiros em 29 de Julho de 1938 em Angico no Sergipe. Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo queria assustar e desestimular esta prática na região.
Depois do fim de Lampião, chefes de outros bandos se entregaram. O último grupo famoso foi o de Cristino Gomes da Silva Cleto, conhecido como Corisco, que chegou ao fim no dia 25 de Maio de 1940 com a morte de seu líder.
Por fim, o cangaço é um tema que continua fascinando e inspirando obras em numerosas áreas: antropologia, sociologia, história, literatura, arte, filmes, novelas e teatro.
Referências Bibliográficas
HOBSBAWN, Eric. Bandidos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1969.
MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol - Violência e Banditismo No Nordeste do Brasil. Recife: A Girafa, 2005.