UM APRENDIZADO A CADA DIA NO ESPAÇO ESCOLAR

Texto produzido no ano de 2018 e divulgado/postado em abril de 2020 em Santa Maria do Uruará – Prainha Pará

Por: Sydney Pinto dos Santos[1]

Você professor aprende que a cada acordar é um desafio a vencer e não um problema.

Aprende que problemas são contínuos na sua vida e na vida de seus alunos;

Aprende que alunos não são problemas, mas muitas vezes soluções para seus dilemas.

Aprende que também você é capaz de aprender com eles, e não simplesmente ensiná-los.

Que somos capazes de absorver coisas mínimas, porém hão de fazer a diferença.

Aprendemos que cada dia conquistado não é um alívio, mas sim uma vitória na luta diária.

Que mais vale colocar um braço no ombro de um pequeno, do que um dedo apontado.

Que aprendemos a cada dia que somos esperançosos em mudar o mundo através deles.

Que há esperança em nosso coração, enquanto há quem nos ouçam.

Aprende-se coisas pequenas nas histórias contadas, que amortecem nossos problemas.

Aprendemos que os desafios de nossos alunos são maiores que a nossa empreitada no dia a dia.

Que tudo que falamos são desafiados na construção de um dia melhor e um alvorecer glorioso.

Aprendemos que eles se sentem mais felizes quando são percebidos e solicitados.

Aprendemos que existe sim um esforço continuo, e não é só de nossa parte.

Entendemos que as vezes um olhar é um pedido de socorro e não apenas um olhar.

Percebe-se, que temos que suportar os odores, porque fazem parte de nossa rotina.

Aprendemos que se há necessidade de perceber que nosso salário não é exclusividade nossa.

Que ele muitas vezes é utilizado para suprir as necessidades dos pequenos.

Entende-se que, há mais confiança deles em nós do que deles em seus próprios pais. Que há um laco que se configura e se eterniza para toda a vida.

Precisamos entender que cada um de nós fazemos a nossa parte, seja na escrita, na leitura, no cálculo, nos movimentos e disciplinas afins.

Precisamos entender que embora queiramos que dê certo, muitas vezes não há esta correspondência, e se não der certo, paciência, você vai ser crucificado do mesmo jeito.

Precisamos entender que o amor transmitido a eles, não pode ser tomado ao pé da letra, pois eles não são nossos filhos.

Entendemos que, o nosso tempo, muitas vezes é dedicado mais aos filhos dos outros do que os nossos próprios.

Mas que há tudo de bom, quando há um bom dia feito com respeito e sem temor por parte deles na  vida fora da escola.

Que a gratidão e a gratificação deles, não está diretamente ligado a um muito obrigado, mas por aquilo que eles serão na vida e para quem serão.

Que há momentos de tristezas sim e angústias também, mas só nós no amparo da alba de madrugada é que entenderemos as razões.

Entendemos que além de professores, somos condutores incansáveis de um “trem” que não pode descarrilhar em nenhum momento da vida, se não um futuro e gerações estarão comprometidos.

Devemos entender que, podemos fazer mil coisas boas aos nossos alunos, mas um vacilo, irá poder tudo por água abaixo.

Precisamos entender que não somos perfeitos, nem deuses, mas tudo o que fizemos com perfeição poderá conduzir a caminhos promissores e da retidão.

Precisamos entender que a esperança de mudança é recíproca e que tudo tende a caminhar para a transformação da vida de ambos.

E de que um dia fomos conduzidos a desistirmos por pequenas coisas, onde nos sentimos tão incapazes e impotentes diante de tão pequenos seres, mas que a perseverança de continuarmos a construirmos um caminho melhor, a luta continuou.

Professores, somos isto e mais um pouco, e que o desânimo não possa tomar conta de nossa vida. Nem nunca!

Pois somos professores na vivência e na convivência do dia a dia na escola, na sociedade e onde estivermos, independentemente de nossas funções, e que a responsabilidade e comprometimento cabe a todos. E que possamos dormir em paz um dia.

 

(professor Sydney Pinto dos Santos) em 15 de outubro de 2018.

 

[1] Professor da rede pública municipal de ensino. Mestrando em Educação (Formação de Professores) UNINI/FUNIBER - 2020