UM ANO NOVO OU UM NOVO ANO

 

Cronologicamente todos nós estamos atrelados ao calendário, que materialmente representa o contar dos dias, das semanas, dos meses e dos anos.

Para o setor pecuário essa cronologia difere em muito ao que nos foi imposto, pela Igreja Católica, mas precisamente criado pelo monge Dionísio e oficializado pelo papa Gregório XIII no ano de 1582.

Difere na prática do que usualmente utilizamos. O Calendário Gregoriano.

O Calendário Agrícola, representa na prática os meses de semeaduras, dos tratos culturais e das colheitas. Podendo até ser aplicado na comercialização.

Na Pecuária de Corte ou de Leite, esse calendário é mais elástico, em função da maleabilidade do estado reprodutivo das matrizes.

Antes tempo o calendário de cobertura, se baseava no período que transitava entre a primavera e o verão. Era a Natureza se fazendo presente.

Nos dias atuais o pecuarista de gado de corte ou de leite, pode calendarizar suas coberturas, devido aos avanços da Fisiologia da Reprodução Animal, via I.A.T.F., mais conhecida como Inseminação Artificial em Tempo Fixo ou com o uso de T.E. Transferência de Embrião.

Essa plataforma reprodutiva, permitiu uma verdadeira revolução na pecuária de forma geral.

Um plantel de matrizes, pode ser calendarizado de acordo com o fim da sua destinação.

Para o pecuarista da Cadeia Produtiva do Leite, a calendarização reprodutiva é de suma importância, para manter a média econômica da produção de leite, em função do estado das pastagens, das capineiras, da ensilagem, da lotação de matrizes por hectare, das estações secas e chuvosas e aqui podemos citar os estados de trafegabilidade das estradas e pontes.

Importa ainda, na comercialização do leite, junto ao ramo industrial lácteo. Se em determinada época o calendário favorece a oferta de abundância de pastagens e por consequência mais leite, o que se parece ser muito vantajoso, como o é. Mas ocorre no perigo de produzir leite além do contratado e passar a ser entendido como sendo um tipo de leite extra cota. Em outras épocas do ano, quando o déficit hídrico se faz presente, o planejamento do calendário das coberturas que venham a lhe atender as necessidades afins.

Na pecuária de corte, não muda praticamente em nada.

O calendário reprodutivo é uma realidade.

Calendariza-se desde o momento da I.A.T.F., a ser aplicado no plantel de novilhas de primeira cria, matrizes em geral e por que não em matrizes a serem descartadas, por um motivo ou outro.

A vantagem que a pecuária de corte, apresenta em relação a produção de grãos é gritante.

Na agricultura, o calendário obedece a uma janela representada pelos meses limites de plantio e colheita. Da armazenagem a comercialização. 

O calendário agrícola é estacional.  No verão se plantam soja, milho, arroz, milheto, sorgo, praticamente em todo Brasil. No inverno se plantam trigo, cevada, aveia, cevada e pastagens de inverno – trevo, cornichão, ervilhaca, aveia e alfafa.

No que se diz respeito à pecuária de corte, pode-se lançar mão de um calendário reprodutivo, focado na necessidade futura de mercado.

Quando não do estado das pastagens, que obedecem ao seu ciclo evolutivo normal, quando se pratica o pastejo de forma intensiva controlado, ou quando do pastoreio rotativo racional.

Na pecuária de corte, a calendarização das atividades de manejo, vacinação, cobertura, desmame, pré-terminação, terminação e engorda, passa a ser uma ação rotineira dentro do possível.

Em geral a produção de gado bovino de corte, tende a obedecer a escala de abate dos frigoríficos, que por sua vez, tendem a obedecer a contratos firmados com importadores.

 

Na Pecuária de Precisão podemos encontrar um ferramental de grande auxílio na calendarização desse segmento. Podemos citar algumas, como:

  • Planejar a comercialização dos lotes de bovinos, em razão dos contratos de mercado futuro;
  • Acompanhar passo a passo, o desenvolvimento do plantel, monitorando o G.P.D. para intervir no processo de aceleração e adaptação da ração diária, em função do mercado momentâneo e o mais importante custo/benefício;
  • Identificação do ponto ideal para o abate;
  • Entrada e saída de lote de bovinos, quando em confinamento.

O Brasil como sendo um país continental, com 8.514.876 Km2, considerado o quinto país em dimensões territoriais, essa situação nos permite visualizar que de Norte a Sul, a pecuária bovina de corte, pode usufruir da calendarização. Na região sul – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul – a atividade pecuária bovina de corte, em geral obedece a uma calendarização das pastagens em função das estações climáticas que passa a exigir um manejo diferenciado.

Diferente da região do Cerrado, onde a calendarização da exploração em si, exige um esforço mais significativo, uma vez, que o déficit hídrico que apresenta, em média de seis (6) meses e o período chuvoso idem.

Em suma, a atividade pecuária de corte se molda dentro de várias condicionantes, dentre elas a um calendário pré-estabelecido – Inseminação Artificial e ou Monta Natural -, Nascimento, Desmama, Cria / Recria, Terminação.

Atualmente o Brasil apresenta uma demanda moderada de Confinamentos, os quais sempre estarão na dependência direta, da calendarização dos pecuaristas que se encontram na ponta inicial da Cadeia Produtiva.

 

Médico Veterinário Romão Miranda Vidal