Último suspiro
Publicado em 14 de março de 2012 por Adriana de Barros Silva
Último suspiro...
“Quando eu nasci os anjos cantaram em louvor celebrando a minha existência.”
Isto e o que todas as pessoas religiosas, crentes e espiritas querem acreditar.
Eu acredito que nada aconteceu porque não existe ser humano que vala a pena ser louvado.
A espécie humana e arrogante e presunçosa tanto que acredita que sua permanência no mundo tem significado divino.
Somos uma Praga que infestou esse mundo e precisamos ser erradicados imediatamente.
A bondade, misericórdia sem segundas intenções só existe em livros, a verdadeira Liberdade é um sonho idealizado jamais realizado estamos todos presos de alguma forma.
Nasci uma criança com sonhos que aos poucos foi contaminada pela realidade e tomou consciência quanto ao seu papel e importância na sociedade.
Rezava todos os dias pedindo a Deus que me deixasse morrer por que considero a vida algo inútil como acordar, comer, trabalhar, limpeza, higiene e dormir. Lazer para os poucos afortunados e assim se segue sucessivamente todos os dias de sua vida.
Desejos que precisam ser saciados e a felicidade são pequenos momentos de alegrias supervalorizados, o amor é o desejo canalizado do medo de viver sozinho e depois ser esquecido na morte.
Vivemos essa vida miserável porque temos medo de enfrentar o que possa ou não existir depois da morte.
Acredito que viver é um tormento e a morte e um alento.
Em vários momentos de minha vida tentei facilitar sua chegada. O desejo no decorrer dos anos vai e vem com intensidade.
Aos 17 anos tive coragem e limpei o armário de remédios tomei todos que encontrei antibióticos, antitérmicos, analgésicos e xarope vi na televisão que se misturasse bebida alcoólica morreria os ingeri com cerveja. “Bebida errada”.
Só fiquei bêbada e acordei no outro dia. Bem não aconteceu nada.
Engravidei acidentalmente aos 18 anos precisei de coragem para encarar a vida que desprezava e eu não podia abandonar meu filho que amava. Lutei contra a tristeza enraizada em minha alma e a dor concentrada em meu coração e o criei com todo amor que podia. “Sendo confuso e sincero”.
Agora com a tarefa cumprida. Rezo a Deus que me leve desse mundo em breve.
Novamente imagino como facilitar sua chegada, pego uma faca afiada e posiciono em meu pulso e a deslizo em várias posições que possam pegar a veia.
Contudo o medo de sentir dor me paralisa. “Sou covarde”... Desejo a morte e não a concretizo.
Já vivi o suficiente mereço o que eu desejo e sempre desejei que não fosse fazer parte desse mundo que valoriza a ganancia, corrupção, poder e futilidade; e despreza o amor puro e sincero, a bondade, misericórdia e a verdadeira liberdade. Mas o que são eles afinal? O sentido de amor, bondade, misericórdia e liberdade estão tão deturpados que ninguém mais sabe o que significam.
Onde os fortes são monstros disfarçados de anjos salvadores e os fracos são conscientemente manipulados. Pensar em causar mudança que beneficiam a todas as pessoas igualmente no mundo é impossível quem detêm o poder não abre mão dele seja econômico ou ideológico.
Não pensem que em meu coração não existe amor esse e o maior problema eu amo a natureza, os animais e as pessoas e sofro por fazer parte desta maioria proletariada sem voz e sem esperança que constituem a maior parte populacional do planeta.
Nos lugares que tive o prazer de marcar minha presença tentei pequenas mudanças, mas foi em vão. Só aumentou o meu desejo de dizer adeus.
Em breve deixarei de ser covarde e botarei um fim a minha dor.
Adeus amados familiares...
Queridos... Sempre os considerei minha ancora que prende a vida e a boia que me tira do fundo da escuridão.
Mas não sei como explicar a dor que eu estou sentindo e o desespero que assola guia-me a um único caminho possível.
Sempre desejei a morte sempre a ansiei de braços abertos hoje não vejo significado e necessidade para minha existência.
Ninguém e responsável ou poderia ter evitado não há amor no mundo que faria amar-me a mim mesma.
Aceite meu desejo sem alarde e desespero chore, grite e lamente somente o necessário e siga em frente.