Último suspiro...

“Quando eu nasci os anjos cantaram em louvor celebrando a minha existência.”

Isto e o que todas as pessoas religiosas, crentes e espiritas querem acreditar.

Eu acredito que nada aconteceu porque não existe ser humano que vala a pena ser louvado.

A espécie humana e arrogante e presunçosa tanto que acredita que sua permanência no mundo tem significado divino.

Somos uma Praga que infestou esse mundo e precisamos ser erradicados imediatamente.

A bondade, misericórdia sem segundas intenções só existe em livros, a verdadeira Liberdade é um sonho idealizado jamais realizado estamos todos presos de alguma forma.

Nasci uma criança com sonhos que aos poucos foi contaminada pela realidade e tomou consciência quanto ao seu papel e importância na sociedade.

Rezava todos os dias pedindo a Deus que me deixasse morrer por que considero a vida algo inútil como acordar, comer, trabalhar, limpeza, higiene e dormir. Lazer para os poucos afortunados e assim se segue sucessivamente todos os dias de sua vida.

Desejos que precisam ser saciados e a felicidade são pequenos momentos de alegrias supervalorizados, o amor é o desejo canalizado do medo de viver sozinho e depois ser esquecido na morte.

Vivemos essa vida miserável porque temos medo de enfrentar o que possa ou não existir depois da morte.

Acredito que viver é um tormento e a morte e um alento.

Em vários momentos de minha vida tentei facilitar sua chegada. O desejo no decorrer dos anos vai e vem com intensidade.

Aos 17 anos tive coragem e limpei o armário de remédios tomei todos que encontrei antibióticos, antitérmicos, analgésicos e xarope vi na televisão que se misturasse bebida alcoólica morreria os ingeri com cerveja.  “Bebida errada”.

Só fiquei bêbada e acordei no outro dia. Bem não aconteceu nada.

Engravidei acidentalmente aos 18 anos precisei de coragem para encarar a vida que desprezava e eu não podia abandonar meu filho que amava.  Lutei contra a tristeza enraizada em minha alma e a dor concentrada em meu coração e o criei com todo amor que podia. “Sendo confuso e sincero”.

Agora com a tarefa cumprida. Rezo a Deus que me leve desse mundo em breve.

Novamente imagino como facilitar sua chegada, pego uma faca afiada e posiciono em meu pulso e a deslizo em várias posições que possam pegar a veia.

Contudo o medo de sentir dor me paralisa. “Sou covarde”... Desejo a morte e não a concretizo.

Já vivi o suficiente mereço o que eu desejo e sempre desejei que não fosse fazer parte desse mundo que valoriza a ganancia, corrupção, poder e futilidade; e despreza o amor puro e sincero, a bondade, misericórdia e a verdadeira liberdade. Mas o que são eles afinal? O sentido de amor, bondade, misericórdia e liberdade estão tão deturpados que ninguém mais sabe o que significam.

Onde os fortes são monstros disfarçados de anjos salvadores e os fracos são conscientemente manipulados. Pensar em causar mudança que beneficiam a todas as pessoas igualmente no mundo é impossível quem detêm o poder não abre mão dele seja econômico ou ideológico.

Não pensem que em meu coração não existe amor esse e o maior problema eu amo a natureza, os animais e as pessoas e sofro por fazer parte desta maioria proletariada sem voz e sem esperança que constituem a maior parte populacional do planeta.

Nos lugares que tive o prazer de marcar minha presença tentei pequenas mudanças, mas foi em vão. Só aumentou o meu desejo de dizer adeus.

Em breve deixarei de ser covarde e botarei um fim a minha dor.

 

Adeus amados familiares...

Queridos... Sempre os considerei minha ancora que prende a vida e a boia que me tira do fundo da escuridão.

Mas não sei como explicar a dor que eu estou sentindo e o desespero que assola guia-me a um único caminho possível.

Sempre desejei a morte sempre a ansiei de braços abertos hoje não vejo significado e necessidade para minha existência.

Ninguém e responsável ou poderia ter evitado não há amor no mundo que faria amar-me a mim mesma.

Aceite meu desejo sem alarde e desespero chore, grite e lamente somente o necessário e siga em frente.