Introdução

Desde o aparecimento do homem na face da terra, o desejo por uma melhor qualidade de vida sempre permeou a mente humana como forma de suprir as suas reais necessidades. Essa busca por melhores e adequados espaços de subsistência identificou como nômades os primeiros seres habitantes do nosso imenso planeta, os quais foram hábeis exploradores a ponto de haver um rígido saqueamento das reservas locais, desfigurando o local antes usado, que, por outro lado, não foram suficientemente hábeis para saber reciclar e reabilitaroutros caracteres também disponíveis, nem atentando para a idealização de um método acurado que fosse capaz de renovar tudo o que fora consumido; e assim, dava-se início a uma característica dos dias atuais que ainda permeia o comportamento humano, i.e., o ato de explorar sem planejar.

Partindo do pressuposto que o homem sempre desejou um bem-estar adequado às suas necessidades, veremos que ele foi instigado pelo próprio instinto a desvendar o "novo", o desconhecido, sem abrir mão também do desejo de estar inserido no seu meio social. Partindo deste ponto, criou-se uma nova descoberta de ofertas que mudaram completamente a maneira de viver de todos nós. O desejo de estar incluso num meio social passou a fazer parte da vida de muitos, infelizmente não de todos, mas de uma considerável maioria com o objetivo de ausentar-se das rotinas diárias, do dia-a-dia, a fim de mesclar as estressadas cabeças pensantes com atividades devidamente planejadas. A partir daí, o mundo tornou-se pequeno. Foram desenvolvidas políticas adequadas e voltadas para transformar o sonho de desvendar outros mundos através das viagens numa realidade inovadora, uma vez que com o surgimento de várias tecnologias fronteiras foram quebradas e mundos revelados através da genialidade de um cidadão inglês chamado Thomas Cook ¹. Devido à sua inovadora idéia de deslocar um grupo de pessoas para um determinado lugar e com os mesmos objetivos, Cook tornou-se o primeiro agente de viagens do mundo que teve a idéia de fretar um veículo com tarifas atrativas ao público e, com a expansão da estrada de ferro na Europa, a proliferação de viagens aumentou consideravelmente a ponto do próprio Cook organizar sua agência de viagens, integrando ao seu rol de negócios indivíduos interessados em dar seguimento ao novo empreendorismo, cuja idéia foi imediatamente copiada por outros, atraindo um maior número de pessoas dentro para um novo contexto social que possibilitou uma nova perspectiva de vida.

Ao ato de viajar surgiu o Turismo, cuja origem segundo BARRETO (1995) 26 coloca que o vocábulo tour (grifo nosso) é de origem francesa e significa "volta". ANDRADE (1992) completa afirmando que "a matriz do radical tour (grifo nosso) é do latim, através do seu substantivo tourns, do verbo tornare, cujo significado é "giro, volta, viagem ou movimento de sair e retornar ao local de partida."27

Devido à expansão tomada pelo turismo, segundo os mais experientes e renomados estudiosos, no mundo atual o turismo é reconhecidamente o fenômeno capaz de gerar investimentos e movimentar economias, atraindo riquezas para os chamados países em desenvolvimento, já que o turismo interage com os mais variados segmentos que formam o todo social. (Fonte: Organização Mundial do Turismo – OMT).

Desenvolvimento

¹ Thomas Cook, cidadão inglês que nos meados no século XVII idealizou a primeira viagem turística para a cidade de Liverpool, Inglaterra, reunindo aproximadamente 350 pessoas, sendo também um dos primeiros idealizadores de campanhas publicitárias e de marketing para atrair clientes.

 
Sendo o Turismo uma hábil ferramenta de trabalho, coube-nos o interesse em apontar, dentre tantas utilidades capazes de oferecer suporte à subsistência humana, uma das

mais eficazes características do fenômeno turístico que é a inclusão social. Mas, por que falar de inclusão social sem mencionar o outro lado da moeda: a exclusão social?

Segundo a Professora Ms. Luiza Neide M. T. Coriolano, Coordenadora do Curso de Especialização em Turismo e Meio Ambiente da UECE, os brasileiros, na sua maioria está excluída do acesso aos bens, da participação e dos direitos sociais... – A exclusão social tem se constituído um traço fundante da sociedade brasileira, enquanto espaço dominado pelos ditames desta economia globalizada. O Estado de Bem-Estar é colocado como sem condições de assegurar a todos os direitos sociais, sob orientação da política neoliberal. É como se o Estado não pudesse agir...

É neste contexto que "surgiu a preocupação com o novo objeto de estudo que se convencionou chamar exclusão social". Não se pode afirmar que a exclusão social seja um fenômeno novo; o que se trata é de entender o porquê de sua forte presença nestas últimas décadas. (DUPAS,1999; SPOSATI,2000).

Este objeto tem alargado o número de famílias que têm sido vítimas dos grandes empreendimentos imobiliários, principalmente em áreas costeiras do nosso país onde costuma haver grandes investimentos, a fim de torná-las ainda mais atraentes ao turismo internacional, porém os danos causados não somente ao meio ambiente mas principalmente aos residentes de tais áreas têm contribuído para aumentar o número de excluídos na sociedade. Infelizmente, os grandes investidores ainda não atentaram para a não inserção no mercado turístico os residentes das áreas onde sempre são feitos tais investimentos.

A ausência de profissionais devidamente qualificados para o planejamento de tais empreendimentos tem deixado de fora o aproveitamento das potencialidades dos povos nativos que, em muito, poderiam contribuir para um melhor redimensionamento turístico das áreas exploradas e sempre que o tema Exclusão Social vem à tona, costuma-se, em geral, pensar-se naqueles indivíduos não qualificados para o mercado de trabalho ou também naqueles que não foram contemplados nos grandes projetos de empreendimentos turísticos, cujas vidas foram radicalmente mudadas por terem de abrir mão do espaço que durante toda uma vida os abrigou; mas, e os profissionais graduados em Turismo, cuja luta vem sendo travada há algum tempo pela regulamentação da profissão que ainda está a "borbulhar nos caldeirões dos poderes do Estado". É preciso também lembrar que os já graduados e os graduandos estão legalmente impedidos de atuar no ramo profissional por conta das propostas apresentadas por nossos representantes legais. Será que a forma como os graduados e graduandos de Turismo vêm sendo tratados pelo Estado não é também uma forma de exclusão social? - Com certeza, não podemos descansar enquanto não vermos nossa profissão abalisada, uma vez que, como todo cidadão queremos ser inclusos legalmente no campo de trabalho, pois, certamente, somos a classe profissional qualificada e habilitada para mudar o cenário do turismo tanto no Brasil quanto no nosso amado Estado de Pernambuco.

As potencialidades turísticas do nosso Estado são reconhecidas mundialmente, porém não estão disponibilizadas de forma adequada visando um melhor aproveitamento. A forma excludente usada pelo governo brasileiro em relação aos estudantes de turismo e aos turismólogos quando estabelece uma política de negociação acerca da nossa qualificação profissional, impede-nos de aplicar todo o conhecimento científico adquirido para mudar o atual cenário turístico de Pernambuco e também do Brasil que tem gerado perda de divisas e, consequentemente, tem deixado de fora muitos outros segmentos que poderiam ser atrelados a um cenário onde seriam apontadas as deficiências e as potencialidades ora ocultadas por falta de profissionais com visão holística.

 
A carência de gestores na área de turismo tem aberto uma lacuna, a qual tem deixado não somente o mercado turístico pernambucano em declínio mas também o cenário nacional, e, segundo dados do Instituto Terramar² a Ásia, o Oriente Médio, a África e a Rússia estão tendo a preferência como destinos turísticos. Então, podemos fazer uma indagação: se houvesse um direcionamento qualitativo dos investimentos feitos tanto no Brasil quanto no nosso Estado essa realidade não poderia ser revertida?

Sem dúvida alguma, havendo um competente investimento em recursos humanos seriamente preparados e qualificados a realidade brasileira começará a receber uma nova roupagem. É notório que quando não há investimentos adequados nos respectivos campos de atuação, o cenário fica desfocado e de difícil apreciação. A inserção no mercado turístico de tais profissionais, com certeza, propiciará uma verdadeira antítese turística: a Inclusão Social. Então, mas o que vem a ser Inclusão Social? – Segundo artigo Volume 1, nº 2 (2006) publicado no site do Ministério da Ciência e Tecnologia sobre A INCLUSÃO SOCIAL E A POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIAE TECNOLOGIA NO BRASIL afirma que Inclusão Social é a ação de proporcionar para as populações que são social e economicamente excluídas - no sentido de terem acesso muito reduzido aos bens (materiais, educacionais, culturais etc.) e terem recursos econômicos muito abaixo da média dos outros cidadãos – oportunidades e condições de serem incorporadas à parcela da sociedade que pode usufruir esses bens (grifo nosso).

Partindo desse pressuposto, podemos assim afirmar que com a abertura do mercado de trabalho turístico para os turismólogos não apenas eles próprios serão beneficiados mas também uma gama de trabalhadores, os quais por falta de oportunidade estão à margem da sociedade sem oportunidade de serem inclusos no mercado turísticos. Tal afirmação se dá pelo fato dos profissionais graduados em Turismo estarem qualificados para atuarem como gestores habilitados dotados de visão holística para mudar tanto o atual cenário turístico regional quanto o nacional e, consequentemente, direcionar as políticas públicas tanto do Estado de Pernambuco quanto do Brasil à uma valorização das potencialidades aqui existentes.

Conclusão

Visto e tido por muitos especialistas como forma de diversificar e movimentar economias em todos os nichos de mercado, o turismo, sem dúvida alguma tem despontado para despertar os aguçados olhares interessados em explorar os mais variados potenciais turísticos do nosso imenso Pernambuco e também do Brasil. Mas também sem sombra de dúvida, caso não seja feita uma adequada viabilização para a utilização das ferramentas necessárias à exploração das potencialidades turísticas disponíveis, dificilmente a Exclusão Social será exterminada. Porém, certamente, acreditamos que o processo de reversão está em andamento e a atuação dos legítimos atores sociais definirá onde, como, quando e quem puxará o enredo turístico nacional, pois o campo de atuação é vasto e ainda haverá muito por fazer. Acreditamos que o processo da Inclusão Social já tem começado a atuar tanto pelo poder público quanto pelo privado e, embora de forma lenta tal qual a formação de uma tempestade, profissionais graduados em turismo têm mantido constante batalha pela regulamentação da profissão como forma de serem acolhidos de forma qualitativa no mercado de trabalho e, juntamente com eles, indivíduos dotados de talentos artísticos natos, como também todos aqueles que desejarem juntar-se ao fenômeno turístico poderão somar forças para melhor receber outros filhos para se integrarem ao eterno seio da mãe gentil.

Referências Bibliográficas

BARRETO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas, SP: Papirus, 1995.

27 ANDRADE, J. V. Turismo: fundamentos e dimensões. São Paulo: Ática, 1992.

IRVING, Marta de Azevedo. Turismo: o desafio da sustentabilidade/Marta de Azevedo Irving, Júlia Azevedo. – São Paulo: Futura, 2002.

www.terramar.org.br

http://www.ibict.br/revistainclusaosocial