Lembra-te homem que tu és pó, e ao pó retornarás. (Gen. 3:19)

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A letra de uma linda música um pouco antiga dizia assim:
"Para que tanta ambição, tanta vaidade, procurar uma estrela perdida? Se podemos alcançar felicidade com as coisas mais simples da vida?"
Ninguém canta mais esta canção, e os jovens nem a conhecem. Com algumas exceções bíblicas, nunca um ser vivo, humano ou irracional deixou de morrer. Bem gostaríamos que não fosse assim, porque não existe morte bonita e que nos traga algum tipo prazer. Muito pelo contrário, ela só nos causa tristeza, dor, saudade e até mesmo alívio em alguns casos em que havia grande sofrimento. Qualquer ser que já não tenha mais vida, até mesmo uma simples formiga morta, nos causa um sentimento no mínimo de pena ou repulsa, porque desse corpo nada mais se espera a não ser um estado de regressão e de desintegração.
A advertência bíblica nos foi dada lembrando-nos da nossa condição temporária sobre a terra; de que dela fomos feitos e para ela um dia retornaremos inevitavelmente. Em relação aos demais seres viventes não nos foi dada nenhuma explicação, pois só o homem Deus fez à sua imagem e semelhança ou seja, com raciocínio lógico, poder de decisão, alma e espírito. No entanto, apesar de não ser nenhuma surpresa, nós sempre nos surpreendemos com a chegada do fim da vida material de alguém que amamos ou consideramos, cujo fim chega a causar, em alguns casos, uma certa revolta.
Morte é um acontecimento lamentável, por mais que em algumas ocasiões específicas chegue a ser um mal necessário. Mesmo tentando fingir que ainda esteja longe de nos atingir, mesmo sabendo que pode surgir a qualquer momento diante de nós e para qualquer um de nós, apesar da impotência de qualquer posição social ou poderio diante desse acontecimento óbvio e insolúvel, o que nos deixa perplexos são as atitudes de prepotência, orgulho e vaidade que muitos teimam em ostentar diante dos que lhe parecem inferiores pelos mais variados motivos, que vão desde o tipo de raça e linhagens tradicionais, às pequenas condições financeiras e sócio culturais que os separam. Muitos há que não se dão conta de que na vida além túmulo, a diferença que existe é nenhuma entre a cova rasa de um indigente e o túmulo de mármore com uma placa dourada cravada com um sobrenome tradicionalíssimo.
Para que tanta ambição em adquirir bens para usufruir por tão pouco tempo, se o nosso fim está sempre tão próximo? Bens de que tomamos conhecimento todos os dias, de que alguns foram comprados com o dinheiro alheio e de um momento para outro seu dono terá que deixa-los para ocupar alguns metros que lhe estão reservados numa penitenciária? E que todo o dinheiro adquirido ilicitamente terá que ser usado para pagar a inescrupulosos advogados, que tentarão por todos os meios provar que seus clientes são honestos?
Para que tanta vaidade em exibir jóias, carros luxuosos e moradas diferenciadas, se de repente alguém bate à porta e leva algemados seus proprietários que, sem nenhuma diferença do que fazem os bandidos, escondem o rosto com a camisa para não serem reconhecidos pelos vizinhos e pela mídia?
Para que tanta soberba diante de um subordinado que humildemente se curva à sua passagem, simplesmente por não poder prescindir do mísero salário que dele recebe para sobreviver? Amanhã o humilde funcionário poderá estar olhando para o chefe deitado dentro de um caixão, enquanto silenciosamente goza de uma grande sensação de alívio, por não mais ter que se sentir humilhado diante dele...
Tanto esforço à procura de uma felicidade efêmera, uma estrela perdida que nunca será encontrada, já que a felicidade, como escreveu o poeta, está nas coisas mais simples da vida!
Para alguns a vida é maravilhosa, extremamente bela e com tantas coisas boas, só que muitos se esquecem de que o nosso fim poderá ser amanhã, ou mesmo daqui a alguns minutos, e teremos que deixar para trás tudo que adquirimos, para voltarmos ao pó da terra, como foi determinado.


Autora: Junia - 02/4/2015