TRÍADE INTERATIVA ALUNO, PROFESSOR, FAMÍLIA: O SUCESSO DA PARTICIPAÇÃO INCLUSIVA DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

BENEDITO, K. I. R.¹; SILVA, N. P.¹; PAULO, R. J. F.²

 

 

 

 RESUMO

A inclusão já passou por quatro fases de rotulação: Exclusão, Segregação, Integração e Inclusão de alunos com deficiência no ensino regular. Porém, ainda há muito que fazer e mudar para que efetivamente esta inclusão aconteça dentro das escolas. Fato este, que nos levou a investigar, se a tríade interativa entre professor, aluno e família, seria o sucesso da participação inclusiva destes alunos na Educação Física escolar. O resultado foi positivo com relação ao que investigamos, assim como a integração, a estrutura escolar, formação dos professores e o conhecimento de todos envolvidos sobre a deficiência, são pilares essenciais, para que a inclusão seja garantida não só no papel através de leis, mas também, no âmbito educacional na prática.

 

INTRODUÇÃO

No Brasil, aproximadamente 23,9% de sua população total, tem algum tipo de deficiência, e, boa parte desta população encontram-se matriculada em algum sistema de ensino (IBGE 2010). Este fato, justifica as mudanças na política educacional e o surgimento de novas leis, que garantem o direito à educação dessas pessoas com deficiência no ensino regular. Porém, com estas mudanças aumentaram apenas o número de matriculas deste público no ensino regular, não assegurando a inclusão efetiva destes indivíduos (BIANCONI; MUNSTER, 2009). Para que a participação inclusiva destes alunos seja produtiva e efetiva, ainda há muito o que fazer e mudar, na área de Educação Física não é diferente (VIANNA; GOMES; GARCIA, 2013).

Ao debater sobre a inclusão do aluno com deficiência nas escolas, a questão que vem em mente, é a formação dos professores, o conhecimento, comportamento e sua forma de trabalho, mediante ao aluno com deficiência e os demais alunos. Vale ressaltar também, a falta de comunicação de muitos pais com a escola sobre os seus filhos, e isto, gera insegurança e “superproteção”, enxergando as crianças como impotentes ou incapazes de evoluir sozinhas ou conseguir seu desenvolvimento, sua autonomia, e a capacidade de aprender com a sua semelhança a outras pessoas (GLAT; PLETSCH, 2004).

          Acredita-se que, o sucesso da participação inclusiva está no apoio e na interação do professor, do aluno e da família, conforme a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, pg. 37) art. 59: “A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social”. Pois, ninguém melhor que a família para descrever as reais necessidades do aluno e auxiliar o professor com as tarefas para o desenvolvimento do mesmo, visto que, a aprendizagem é continua não se limitando apenas ao ambiente escolar (UNESCO, 1994).

          O objetivo deste estudo é demonstrar que a tríade interativa (Aluno, professor e família) é peça fundamental para o sucesso na participação inclusiva do aluno com deficiência no ensino regular.

           A metodologia utilizada para o presente estudo foi a Revisão de Literatura simples. Os materiais utilizados para o desenvolvimento do estudo foram: artigos científicos, livros, sites acadêmicos científicos e trabalhos acadêmicos. De 42 artigos selecionados, foram escolhidos 08 artigos, que atenderam aos critérios de pertinência do tema do trabalho: tríade família, aluno e professor, para uma participação inclusiva na Educação Física escolar.

Os artigos selecionados foram lidos na íntegra e fichados para a discussão do tema central do estudo. Para a busca dos artigos foram utilizadas a seguintes palavras-chaves: Deficiência, aluno com deficiência, Professor, Educação Física, aula de Educação Física e família.

INCLUSÃO

Nos dias atuais, as pessoas com deficiência são vistas perante a sociedade, como aquelas que lutam frente aos seus direitos, desafiando suas limitações em busca de ações educativas. No Brasil, a primeira Lei à pessoa com deficiência surgiu em 1988 pela Constituição Federal, descrita no Art. 208 “III - Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino”. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) aprovada em 1996 também reforçou os diretos destes indivíduos, conforme descrito no Cap. V Art. 58 “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para os educandos portadores de necessidades especiais”. Até a década de 50, mal se falava em inclusão, começou a entrar em evidência e discutida entre governantes a partir dos anos 70. O movimento da inclusão surgiu no final da década de 80 e início da década de 90 com o objetivo de fundir o ensino especial com o regular, reformulando o sistema de ensino visando à inclusão escolar conforme a Declaração de Salamanca de 1994 (ROGALSKI, 2010).

A ideia de escola inclusiva não se dirige apenas à inclusão física do aluno com deficiência, mas também, à interação social e cultural, incorporando métodos relativos a necessidades especiais do aluno (FALSARELLA, 2012).

Segundo a Declaração de Salamanca (1994), o princípio fundamental da inclusão consiste em sempre que possível, todos os alunos aprenderem juntos, independente das dificuldades e de suas diferenças. É um dever da escola, identificar as necessidades de seus alunos e adaptar estilos e ritmo de aprendizagem, garantindo uma boa educação para todos (UNESCO, 1994).

A não inclusão do aluno no ensino regular deve ser considerada, excepcionalmente, para aqueles casos que ficam claramente demonstrados, que no ambiente regular de ensino, o aluno é incapaz de se desenvolver, e, satisfazer as necessidades pedagógicas e sociais (UNESCO, 1994).

Com o surgimento das leis e programas, a sensibilidade para a inclusão não era mais apenas de responsabilidade, daquele que necessitava de educação especial, esta responsabilidade, passou a ser compartilhada com a sociedade, família e escola (BIANCONI; MUNSTER, 2009).

A sociedade tem um hábito de categorizar as pessoas, tendo como base, os fatores econômicos, culturais, sociais e históricos. Contudo, possuem uma visão “padrão de normalidade” do homem, Mattos (1996). Neste mesmo sentido, a inclusão escolar, também tem sua trajetória de rotulação, conforme estudos de Batista (2006 apud Campos 2008), desde o princípio até os dias de hoje, este tema passou por quatro fases: Exclusão, Segregação; Integração e Inclusão.

Até o século XX, era a “fase de exclusão”, pois, todos que tivessem algum tipo de deficiência não se encaixavam no “padrão de normalidade” da sociedade ou não eram dignos de educação escolar, tampouco, do convivo social. A “fase de Segregação” foi marcada a partir do século XX, pois, estas pessoas que eram excluídas, passaram a ser acolhidas em grandes instituições como, por exemplo, as igrejas, formando um grupo fechado destacado das pessoas taxadas, como “normais”. E foi na década de 70, que a visão com relação às pessoas com deficiência começou a ficar mais flexível, além do que, iniciou-se a visão de integrar todo e qualquer grupo de minoria, no mesmo ambiente que os demais. E foi desta maneira, que esta minoria, que antes ficavam isoladas, passaram a ser aceitas nas escolas comuns, acolhendo uma diversidade de alunos, com diferentes interesses, motivações e capacidades de aprendizagem (MATTOS, 1996; CAMPOS, 2008).

E atualmente, estamos na fase da inclusão, ainda temos problemas de adequações para serem resolvidas e revisadas, como por exemplo adaptações do ambiente escolar, opções de acesso, disponibilidade de materiais, pois, o conceito está baseado em uma qualidade de educação para todos, isto é, a escola tem que se adequar para atender a todos os alunos, satisfazendo os requisitos educacionais e não os alunos que deverão se adequar, para que possam ser incluídos na escola (CAMPOS, 2008).

INCLUSÃO E A FAMÍLIA

A família como membro principal na vida da pessoa com deficiência, muitas vezes se impacta perante a identificação da deficiência de seus filhos, na ansiedade, insegurança da dependência e falta de autonomia dos mesmos. Porém, o que se sabe, é que a família tem um papel fundamental na estimulação e incentivo, proporcionando oportunidade e ajuda na busca de uma identidade própria. Muitas vezes o principal obstáculo na construção dessa identidade e autonomia, está na falta de recursos para a inserção no processo pedagógico escolar, uma vez que, a família ainda se sinta insegura, pela maneira que seus filhos serão recebidos e tratados, no ambiente escolar devido à falta de confiança com os profissionais e sua formação, principalmente, escolas regulares. Tal aspecto, força esses familiares a buscarem escolas especiais (GLAT; PLETSCH, 2004; SILVEIRA; NEVES, 2006).

Um fator abordado a essa reação, é o não conhecimento sobre a pessoa com deficiência, desde a gestação ou nascimento, falta de consciência de suas possíveis características e o desenvolvimento que podem alcançar, faz com que as famílias tenham receios junto às escolas de ensino regulares, medo de seus filhos, não serem aceitos ou tratados de maneira esperada (CASSARIN, 2009).

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