Treino de marcha em pacientes com Acidente Vascular Encefálico (AVE), utilizando como recurso a Fisioterapia Aquática.

RESUMO

Após o Acidente Vascular Encefálico (AVE), os indivíduos podem apresentar sequelas motoras no lado contralateral à lesão, causando a espasticidade, fenômeno bastante presente nestes casos. Em função da espasticidade e demais disfunções motoras, surgem desequilíbrios para a realização da marcha e dos movimentos. O ambiente aquático, através de suas propriedades físicas, é um excelente recurso terapêutico para trabalhar a marcha desses pacientes. Objetivo Geral:Avaliar o padrão de marcha de indivíduos com acidente vascular encefálico (AVE) no decorrer de quinze sessões de hidroterapia no centro Clinico SEAMA. Objetivos Específicos: Aprimorar os movimentos na realização da marcha, Comparar o grau de força antes e depois da intervenção hidroterápica, Investigar os níveis de espasticidades e Aperfeiçoar o equilíbrio dinâmico. Metodologia:Inicialmente fez-se uma revisão bibliográfica, através de fichamentos de livros e artigos, de modo a ressaltar o que vem a ser um AVE, Hidroterapia e Treino de Marcha. A pesquisa será realizada no Centro Clinico da Faculdade SEAMA, em um total de 15 sessões, sendo dez os sujeitos da pesquisa de ambos os sexos, de idade entre 40 a 60 anos, que não apresentam doença cardiorrespiratória associada e com no mínimo há 6 meses de lesão, com predomínio hemiparético, e que já tenham controle de tronco em bipedestação, e deambulação com qualquer tipo de aditamento (bengala, muletas e/ou andador). As atividades no meio líquido terão duração de 50 minutos, sendo que nos primeiros 10 minutos, serão realizados aquecimento, alongamento, mobilização, descarga de peso e treino de equilíbrio, na sequência por 35 minutos será trabalhado atividades dinâmicas para ganhar condicionamento físicos, resistência muscular e velocidade nas atividades funcionais. Os outros 5 minutos serão de relaxamento. Essas atividades serão realizadas duas vezes por semana (terças e quinta-feira) no período da tarde, de acordo com a disponibilidade do paciente. Análise de dados: Primeiro será feito uma avaliação do grau de força e mobilidade funcional de cada paciente, em seguida será feito um programa de exercício para ser aplicado durante a pesquisa, utilizando exercícios de alongamento de forma geral, fortalecimento dos músculos dos membros inferiores envolvidos na marcha, com resistência oferecida pelo macarrão, flutuadores, tornozeleiras, montagem de circuitos de caminhada com obstáculos, dentro das necessidades e capacidades de cada indivíduo do estudo. Ediariamente será anotada na ficha dos pacientes (que se encontra em anexo a este projeto de pesquisa) a evolução diária dos mesmos. Ao final das 15 sessões uma nova avaliação será feita e será comparado o desempenho dos pacientes antes e depois das sessões no meio líquido.Resultados Esperados:Espera-se que através da fisioterapia aquática os exercícios promovam equilíbrio e coordenação, contribuindo para o aperfeiçoamento da marcha.

1ANTECEDENTES NA LITERATURA

De acordo com Assis (2008), os Acidentes Vasculares Encefálicos (AVE) são hoje, uma das causas mais comuns de disfunção neurológica que ocorre na população adulta. Inúmeros fatores contribuem para que o número alarmante de casos de AVE atinjam milhões de pessoas todos os anos, entre estes estão o sedentarismo, tabagismo, colesterol elevado, diabete mellitus, sendo a hipertensão arterial a causa mais frequente entre as pessoas acima de 40 anos.
Fellows e Kuutson (apud SANTOS, 2011), ressaltam que pacientes com sequelas de AVC demonstramdificuldade em controlar o início do movimento,bem como o controle motor voluntário e a principalcausa dessa interferência é a espasticidade, fazendocom que haja acometimento da habilidade do pacienteem produzir e regular o movimento voluntário,pode também alterar a angulação articular durante a marcha dinâmica.
Diante disso,

A hidroterapia vem sendo indicada e utilizada por médicos e fisioterapeutas em programas multidisciplinares de reabilitação para pacientes nas mais diversas áreas. Com o seu ressurgimento na década passada, houve um grande desenvolvimento científico das técnicas e tratamentos aquáticos, permitindo uma ampla abordagem e atuação com os pacientes neste meio (SOARES 2010).
Segundo Aspesi eGobbatoa (2010), o acidente vascular cerebral é uma doença caracterizada pelo início agudo de um déficit neurológico (diminuição da função) que persiste por pelo menos 24 horas, refletindo envolvimento focal do sistema nervoso central como resultado de um distúrbio na circulação cerebral que leva a uma redução do aporte de oxigênio às células cerebrais adjacentes ao local do dano com consequente morte dessas células; começa abruptamente, sendo o déficit neurológico máximo no seu início, e podendo progredir ao longo do tempo.

Dependendo de sua causa e da forma como ocorre, o acidente vascular encefálico pode ser caracterizado como hemorrágico e isquêmico. Quando causado por obstrução de uma artéria caracteriza-se como AVC isquêmico, quanto por ruptura caracteriza-se como AVC hemorrágico. Os sinais clínicos estão relaciona­dos diretamente com a localização e extensão da lesão, assim como a presença de irrigação colateral. (LEWIS, 2002)

Segundo Ryerson (2004, p.782), em meio às manifestações clínicas, podem-se citar os prejuízos das funções sensitivas, motoras, de equilíbrio e de marcha, além do déficit cognitivo e de linguagem. Entre as alterações motoras, destaca-se a hemiplegia, caracterizada pela perda de força muscu­lar no dimídio contralateral à lesão encefálica.
Conforme Baldin (2009), os fatores de risco aos que podem facilitar a ocorrência do AVC, estão:

- Pressão arterial: considerado o principal fator de risco para AVC. Quando a pressão está acima daquela determinada, temos o quadro de "hipertensão arterial", o que facilita o aparecimento da arteriosclerose (endurecimento da parede arterial).
- Doença cardíaca: qualquer doença cardíaca, em especial as que produzem arritmia (quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para determinada região, nesse caso, o cérebro).
- Colesterol: é uma substância existente no nosso corpo proveniente da gordura animal. Níveis aumentados de LDL (mau colesterol) e diminuição do HDL (bom colesterol) estão relacionados ao aparecimento de arterosclerose (aumento de gorduras nas paredes das artérias que dificulta o fluxo do sangue).
-Diabetes mellitus: é uma doença em que o nível do açúcar (glicose) no sangue fica elevado e há maior prevalência de coagulação sanguínea (quando o sangue se torna mais consistente, aumentando as chances da hipertensão arterial e outras complicações. Por conta dos níveis aumentados de açúcar no sangue há alteração nas gorduras, aumentando as chances do aparecimento da arterosclerose.(BALDIN, 2009)

Segundo Baldin (2009) outros fatores de risco, como tabagismo, obesidade, má alimentação, uso excessivo de bebidas alcoólicas, história de doença vascular anterior e sedentarismo também estão ligados ao surgimento do AVC.

1.2FISIOTERAPIA AQUÁTICA

Segundo Caromano (2002, apud CABRINHA 2012), a hidroterapia é um dos recursos mais antigos da fisioterapia, sendo definida como o uso externo da água com propósitos terapêuticos.
Quandorelacionado a programas de exercícios, o ambiente aquático apresenta inúmeras vantagens comparadas ao solo. Grande parte delas é mediada pelos efeitos fisiológicos do meio, advindos principalmente dos efeitos físicos da água. (CAROMANO 2007APUD CABRINHA 2012)
ParaCandeloro e Caromano (2006apud CABRINHA 2012) este é um recurso fisioterapêutico que utiliza os efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos, advindos da imersão do corpo em piscina, como recurso auxiliar da reabilitação, ou na prevenção de alterações funcionais.
Do mesmo modo,Candeloro e Caromano(2006 APUD CABRINHA 2012) afirmam que as forças físicas da água agindo sobre um organismo imerso, provocam alterações fisiológicas extensas, afetando quase todos os sistemas do organismo.
Variações no ambiente aquático como a produção da turbulência promovem benefícios gerais na reabilitação de pacientes nas mais diversas patologias.

A turbulência consiste no fluxo irregular das moléculas de água, está relacionado com a pressão e a velocidade através de um fluxo de corrente. Quanto maior a velocidade do movimento maior a turbulência. Aplicada em outras técnicas, a turbulência pode funcionar como uma massagem profunda, provocando a pressão e o alongamento dos tecidos tensos, bem como da estimulação dos mecanorreceptores levando ao alívio da dor (CANDELORO, 2002APUD CABRINHA 2012).

Nesse contexto, a reabilitação na água é muito facilitada, pois a flutuação anula em grande parte o efeito da gravidade, e o paciente pode mover suas articulações mais livremente,com menor esforço e sem dor.

1.3 PROPRIEDADES FÍSICAS DA ÁGUA

1. 3.1 Densidade

Segundo Sá (et al, 2007), a densidade é definida como a quantidade de massa ocupada por certo volume e determinada temperatura, dependendo da massa de um objeto e do volume que essa massa ocupa. Assim, a densidade de cada parte do corpo humano é variável, em certas deficiências como a paraplegia, as densidades do corpo humano se apresentam alteradas e devem ser levadas em consideração durante o tratamento de fisioterapia aquática.

1. 3.2Pressão Hidrostática

Segundo Soares (2010), esta é uma força que ajuda em casos de edema em região lesionada. Como a pressão aumenta com a profundidade, o edema de extremidade será reduzido mais facilmente, quanto mais abaixo da superfície da água forem ministrados os exercícios.

A pressão é definida pela força aplicada em uma determinada área. A lei de Pascal afirma que quando um corpo é imerso em um liquido, a pressão do liquido é aplicada com igualdade sobre todas as áreas da superfície do corpo imerso. Como beneficio da pressão hidrostática há o auxilio para fortalecimento da musculatura respiratória durante inspiração e assistência á expiração, além do favorecimento para melhora da estabilidade articular. (SÁ, ET AL, 2007).

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