TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autor, Maria José Moreira Santos

Declaro que sou autor¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.

Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais.

 

 

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo relatar a importância de um atendimento especializado na perspectiva inclusiva â crianças com Transtorno Do Espectro Autista. A questão que norteou este estudo: qual a importância do atendimento Educacional Especializado na perspectiva inclusiva de crianças com Transtorno Do Espectro Autista? Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa apresentando um relato de experiência. Ao final, pode-se identificar como a importância deste atendimento representou um mecanismo significativo na adequação de atividades do sujeito pesquisado, possibilitando a família, escola e equipe multiprofissional perspectivas e direcionamentos pertinentes para o tratamento. Ofertando ainda favorecer um conhecimento mais profundo sobre os aspectos que envolvem as características do Transtorno do Espectro Autista no sujeito pesquisado, viabilizando compreender as relações que o pesquisado estabelece com o mundo dos objetos e com as pessoas.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: Atendimento Educacional Especializado; Autismo; Relato de Experiência.

 

 

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Pedagoga. Pós Graduada em Psicopedagogia Institucional e Clinica – Pós Graduada em Neuropedagogia  Pós - Graduanda do Curso de Neuropsicológica da Realiza Pós-graduação – Psicanalista Clinica e Didata –SBEP – Sociedade  Pós Graduanda em Educação Especial com ênfase Inclusiva da FAVENI – Faculdade Venda Nova do Imigrante


 

ABSTRACT- The present study aims to report the importance of specialized care in an inclusive perspective to children with Autism Spectrum Disorder. The question that guided this 

study: what is the importance of Specialized Educational care in the inclusive perspective of children with Autism Spectrum Disorder? It is a qualitative study presenting an experience report. At the end, one can identify how the importance of this service represented a significant mechanism in the adequacy of the activities of the researched subject, allowing the family, school and multiprofessional team perspectives and directions pertinent to the treatment. It also offers a more in-depth knowledge about the aspects that involve the characteristics of the Autistic Spectrum Disorder in the researched subject, making possible to understand the relations that the researcher establishes with the world of objects and with the people.

 

KEYWORDS: Specialized Educational Assistance; Autism and Experience Report.

 

  1. INTRODUÇÃO

Os transtornos de Espectro do Autismo (TEA) têm por característica déficits em esferas do desenvolvimento no que diz respeito á interação social, comportamento e linguagem, tendo diferentes tipos de graus e/ou severidade. Apesar dos avanços significativos nas pesquisas, sobre esses transtornos ainda não é possível definir o aspecto principal responsável pelo quadro, configurando-se como uma síndrome comportamental de caráter multifatorial, que envolvem os processos interativos de fatores genéticos e ambientais, afetando significativamente, o desenvolvimento da criança no que se refere à interação social e comunicação (SCHWARTZMAN, ARAÚJO, 2011).

O TEA manifesta-se precocemente, impondo dificuldades que comprometem o desenvolvimento do indivíduo durante a sua vida, havendo uma enorme variabilidade na intensidade e na maneira de denotar sua sintomatologia, nos campos que determina o seu diagnóstico. De acordo com dados fornecidos no início de 2018 pelo CDC (Center of Deseases Control and Prevention), centro de pesquisas e estudos ligados ao governo dos Estados Unidos, apontou que uma criança a cada 100 nasce com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), evidenciando um aumento do número de casos de autismo em escala mundial, sendo que a estimativa de chegada de um caso para cada 500 crianças. estima-se que Brasil cerca de dois milhões de individuais possuem autismo (DUARTE, 2011)

Desde sua primeira descrição em 1943, por Leo Kanner os transtornos de Espectro do Autismo (TEA) vêm passando por um processo de descobertas que perpassam o campo médico ciêntífico, comportamental e psicosocial que viabiliza o maior conhecimento sobre esta sindrome e suas específicadade. No que diz respeito a sua presença na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), o autismo esta sitauada na categoria Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) marcados por “anormalidades qualitativas nas interações sociais recíprocas e em padrões de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo” (OMS, 2000, p. 246).

Já no DSM-IV-TR (APA, 2002) o autismo aparece classificado como um transtorno global do desenvolvimento (TGD). Entretanto, em 2013, com publicação Norte – americana Unidos o DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM 5) definiu o agrupamento de três dos cinco diagnósticos que existiam passando de Transtornos Globais do Desenvolvimento, (Autismo, Síndrome de Asperger e Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação), para uma classificação unificada Transtornos do Espectro do Autismo (MECCA, 2011).

Essa dinâmica teve como objetivo construir uma especificação sobre o grau de comprometimento do indivíduo, percurso em que ocorreu o atraso no desenvolvimento na qual era esperado para idade do mesmo, assim como características de ordem clínica estabelecidas pelo ângulo, da cognição e comportamental. Desta forma, estas classificações auxiliam no trabalho profissional de diagnóstico do TEA aprimorando instrumentos como Avaliação Neuropsicológica (SILVA; MULICK, 2009).

Neste sentido, quando se refere ao diagnóstico é preciso ter em evidencia a importância da detecção e intervenção precoce, visando à minimização de prejuízos e na construção de ferramentas e espaços adequados para estimular processos cognitivos em relação ao comportamento da criança e sua adaptação no meio social. Referente a isso, retratados, pensando em entender a história de vida da criança, questões fundamentais para o seu desenvolvimento social, e, sobretudo, informações sobre seu comportamento adaptativo no cotidiano (ORSATI, 2008).

Vencer as dificuldades de comunicação é um dos maiores desafios da criança com autismo, o diagnóstico precoce contribui de forma pontual para que a criança desenvolva em vários aspectos em seu processo de formação, contudo a aceitação da família traz uma relevante contribuição para os profissionais envolvidos com o processo, contudo, os experimentos de um atendimento educacional especializado dentro de um processo inclusivo promove a auto estima do aluno com autismo ao dar oportunidades do reconhecimento das suas competências e habilidades.

2- MATERIAL EMÉTODOS

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa apresentando um relato de experiência vivenciado por uma acadêmica do curso de pós-graduação em Educação Especial com Ênfase Práticas Inclusivas, sobre Transtorno do Espectro Autista: Um Relato de Experiência. As experiências contidas neste relato são fruto do caminhar profissional da pedagoga inserida na educação especial e do cotidiano doméstico há oito anos (2010 - 2018) com uma criança TEA, na condição de avó materna.

A escolha da abordagem qualitativa permite valorizar as descrições, percepções interpretações dos sujeitos, tendo em vista entender sua realidade e suas concepções. Sendo que relato de experiência é uma oportunidade de descrever uma atividade prática, de forma a construir um conjunto completo e coerente das etapas e interpretações que permearam essa atividade, se caracterizando ainda, como um instrumento de registro permanente de informações e dados obtidos, contribuindo para a fomentação da pesquisa (MARCONI, LAKATOS, 2010).

Tais experiências foram obtidas por um olhar qualitativo, que proporcionou abordar a problemática escolhida por meio de métodos descritivos e observacionais. O relato de experiência é um instrumento da pesquisa descritiva que expressa uma reflexão sobre uma ação determinada ou um conjunto de ações existentes que abordam um contexto, uma situação ou realidade vivenciada no campo profissional de interesse da área em questão (VIANA, 2003).

O cenário desta pesquisa foi na residência da criança com TEA, e o ambiente escolar na qual a criança frequenta ambos localizados em Jequié/BA a escolha do mesmo deram-se devido à proximidade da pesquisadora com espaço facilitando o deslocamento e a familiarização com o sujeito pesquisado. O ponto de partida para o trabalho foi técnicas de coletas de dados como observação estruturada (pesquisador participante), a observação participante, implica, necessariamente, em um processo de interação entre o pesquisador, pesquisado e espaço de pesquisa.

Esta observação foi feita no ambiente familiar da criança pesquisada, nos períodos de março de 2012 a outubro de 2018, o diagnóstico do TEA veio de forma processual descartando outras hipóteses até ser consolidado aos 5 anos como previsto pelos parâmetros clínicos, sendo o caso conduzido e tratado a todo o momento pelos profissionais que o acompanham com um caso de TEA para não incorrer em prejuízos ao obter um diagnóstico tardio. Este trabalho não utilizou de dados e informações pessoais, apenas aqueles que dizem respeito a questões referentes à temática pesquisada, a criança foi nomeada ficticiamente como Zequinha, buscando preservar sua identidade e privacidade.

 Este trabalho não foi submetido à apreciação do Comitê de Ética, por se tratar de um relato de experiência da própria autora, com anuência da instituição onde a mesma trabalha e garantindo o sigilo e a confidencialidade de informações durante a observação.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Durante o caminho profissional como pedagoga tive a oportunidade de estar em contato com diversos casos e situações envolvendo crianças que apresentavam sintomas e comportamentos relacionados ao Transtorno do Espectro Autista. Ainda neste contexto, na condição de avó materna também convivi com o processo de diagnóstico de TEA sendo, uma situação que envolveu a significativa contribuição da importância do Atendimento Educacional Especializado sobretudo com práticas inclusivas. Frente a isso, ao trazer as considerações e experiências sobre a criança pesquisada cabe destacar que relatar as interpretações relativas a este cenário é um exercício de descoberta resgate e aplicação prática e dialética dos conhecimentos teóricos.

Assim, é preciso, inicialmente, relatar um breve histórico do Zequinha. Desde o nascimento o mesmo tem apresentado dificuldades que estão, diretamente, correlacionadas ao diagnóstico de TEA. Tais comportamentos perpassaram a interação e percepção no campo auditivo e visual atípica, além de sua fixação por letras, enfileiramento de objetos, bem como movimentar rodas de forma repetitiva. Estes comportamentos, também foram observados, em sua inserção em sala de aula, na qual o mesmo apresentou um quadro de isolamento, com descrições da professora, como um aluno que apresenta anormalidades de interação social e de comunicação, e por gama de interesses muito restrito e sinalizou também o comportamento repetitivo e a escola confidenciou que não sabia o que fazer e Zequinha foi para uma segunda escola, que também desconhecia a forma de um atendimento especializado e a pratica inclusiva para o atendimento de uma criança com autismo na terceira escola além das dificuldades de atendimento houve a exigência de que a família contratasse um cuidador para atender Zequinha nas suas especificidades, resultando em um processo judicial. [...]