O corpo, é o meio pelo qual, o espírito interage com o mundo material. Com a morte, essa maravilhosa máquina, concebida pela engenharia divina, desagrega-se, tornando-se inútil ao ser, que até então a animava.
 

É ponto pacífico entre as religiões, que a alma, sobrevive ao féretro, havendo discordâncias quanto a seu destino no plano espiritual ou metafísico: algumas correntes, defendem a teoria da ressurreição, outros defendem a reencarnação e ainda há os que advogam a absorção pelo todo universal. Em qualquer dos casos, o corpo encontra-se inexoravelmente apartado da ânima, alguns ponderam, que um espírito muito apegado á vida corpórea, pode sofrer com a retirada dos órgãos para doação, porém, para tais criaturas, o encarceramento e a putrefação no túmulo, ou o fogo da cremação, não lhes serão menos dolorosos.
 

Alguns fundamentalistas pretextam a necessidade do corpo para a ressurreição, argumento pueril, ante a um elementar estudo da cadeia alimentar, consorciado a assertiva do Evangelho, quando sentencia: nem carne, nem sangue entrarão no reino do céu.

Assim, o transplante de órgãos, não é um problema para as religiões, mas para aqueles religiosos, que ainda não alcançaram a espiritualização necessária para os imunizar contra o egoísmo, a materialidade e o medo, impedindo-os de amar o próximo como a si mesmos através da doação, que pode salvar vidas e aliviar o peso de quem se preparou para viver a morte como uma passagem, e com a generosidade das grandes almas, poder presentear a esperança e a alegria a seus irmãos que padecem numa fila de angustiosa espera.