ZÉLIA DAMIÃO E SILVA

Falando a respeito das transmutações linguísticas, é fazer referência a maneira como fazemos uso da língua para nos comunicarmos com nosso mundo. Estando presente as diversidades fonéticas, morfológicas, fonológicas, sintáticas, lexicais e semânticas.

Pois sabe-se que toda língua possui variações linguísticas, as quais podem ser compreendidas través de Histórias ao longo do tempo com possíveis modificações oriundas de diversidades contemporâneas e regionais.

Quanto as modificações linguísticas podemos citar As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fatos relevantes:

  • Membros do mesmo grupo social costumam se comunicarem de formas distintas segundo as situações em que se encontram seja formal, informal ou outra maneira;
  • Em meios sociais divergentes estão presentes variações linguísticas diversas as quais são utilizadas por grupos variados com níveis de formação mais múltiplos tanto na língua falada como na escrita.

Como também existem as gírias que fazem parte dos ambientes sociais e que determinados grupos fazem uso destes tipos de variações linguísticas.

Nos mostrando de forma que as variações linguísticas estão presentes em todos os lugares onde há seres humanos e que fazem parte da construção de identidade de cada povo.

Nos fazendo lembrar das ressalvas de Ferrarezi (2007), ao comentar que ao se fazer uma relação entre a língua e as peculiaridades pessoais e culturais dos falantes, estamos contribuindo para a construção pensamento e da formação cultural de cada falante inserido na comunidade a que ele pertence.

Ainda falando sobre a origem e conceito das variações linguísticas para Ferrarazi Jùnior:

“Uma língua estabelece os limites de nossa forma de estar no mundo, que circunscrevem aquilo que pensamos”. (JÚNIOR 2007 pag. 06).

Outro fator de significativa importância quanto as variações linguísticas, é referente a sua influência quanto a interação com o mundo, pois o modo de falar e os vocábulos presentes em nosso dia a dia representa um espaço de interação coletiva , cultural  estabelece uma rede de conexões entre homens e sociedade. Deixando evidente que a sócio linguística está intimamente ligada a todos os aspectos comunicativos de cada sociedade.

De acordo com Tarallo (1990 p. 243), entre sociedade e língua não há uma relação de mera casualidade. Desde que nascemos um mundo de signos linguísticos nos cerca, e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornarem-se reais a partir do momento em que, pela imitação ou associação, começamos a formular nossas mensagens. Sons, gestos e imagens cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem, transmitidas pelos mais diferentes canais. Em todos, a língua desempenha um papel fundamental, seja ela visual, oral ou escrita. Indo de encontro as sábias ressalvas de Infante (1995), ao mencionar que toda a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos.

Desta forma, fica claro conforme alegado por Cavalcante (2007), que desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca, e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação ou associação, começamos a formular nossas mensagens. Sons, gestos e imagens cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem, transmitidas pelos mais diferentes canais. Deixando evidente que em todos, a língua desempenha um papel fundamental, seja ela visual, oral ou escrita.

Ainda falando a respeito das mais variadas modificações linguísticas, conforme Mengarda (2001), a língua é aprendida inconscientemente e falada naturalmente, sendo utilizada para a comunicação de forma automática, enquanto que a linguagem é considerada dinâmica por sofrer influencias psicológicas, sociológicas e antropológicas. Nesse sentido, o processo de variação linguística estuda esses fenômenos de mudança, determinada uma relação entre a língua, cultura e a sociedade”.

Tudo isso nos faz ver que nosso potencial linguístico, o qual é iniciado desde nosso nascimento, passa por inúmeras transformações ao chegarmos no meio sócio educativo, uma vez que a língua implica numa vertente na construção da sociedade. E que cabe ao espaço escolar trabalhar as variações linguísticas de cada um que atende num meio para favorecer a integração entre o saber e a língua, uma vez que tal fenômeno rege o mundo com um todo. Conforme alegado por Cagliari (2007, p. 203):

“Para o aluno, o respeito às variedades linguísticas, muitas vezes, significa a compreensão de seu mundo e dos outros. Um aluno na escola não pode chegar à conclusão de que seus pais são “burros” porque fala errado, não tem valor porque falam errado, ao passo que a cultura só está só está com quem fala o dialeto-padrão, que a lógica do raciocínio só pode ser expressa nessa variedade linguística, que bom, belo e perfeito só pode ser expresso através das “palavras bonitas” do dialeto-padrão.”

Partindo deste pressuposto, fica claro que cabe a escola em sua recepção ao aluno, valorizar cada ato de expressão e comunicação, valorizando suas variações linguísticas locais e assim facilitar o caminho de socialização destes.

2. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA X PCNS

          Reconhecendo a variabilidade da língua, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs1998), de Língua Portuguesa é repleta de variações linguísticas. A lei assume, pois, a de Língua Portuguesa é repleta de variações linguísticas.

Segundo os PCNs (1998), a Língua Portuguesa, no Brasil, possui muitas variedades dialetais. As quais Identificam-se pela forma como falam. Embora o país possua tamanha diversidade linguística, há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos diferentes modos de falar: é muito comum se considerarem as variedades linguísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas PCNs (2007 p. 234).

Como também, de acordo com os PCNs (2007): as situações de comunicação diferenciam-se conforme o grau de formalidade que exigem. E isso é algo que depende do assunto tratado, da relação entre os interlocutores e da intenção comunicativa. A capacidade de uso da língua oral que as crianças possuem ao ingressar na escola foi adquirida no espaço privado: contextos comunicativos informais, coloquiais, familiares. Ainda que, de certa forma, boa parte dessas situações também tenha lugar no espaço escolar, não se trata de reproduzi-las para ensinar aos alunos o que já sabem. Considerar objeto de ensino escolar a língua que elas já falam requer, portanto, a explicitação do que se deve ensinar e de como fazê-lo.

De acordo com PCNs, as situações de comunicação diferenciam-se conforme o grau de formalidade que exigem. E isso é algo que depende do assunto tratado, da relação entre os interlocutores e da intenção comunicativa. A capacidade de uso da língua oral que as crianças possuem ao ingressar na escola foi adquirida no espaço privado: contextos comunicativos informais, coloquiais, familiares. Ainda que, de certa forma, boa parte dessas situações também tenha lugar no espaço escolar, não se trata de reproduzi-las para ensinar aos alunos o que já sabem. Portanto, deve-se considerar o objeto de ensino escolar, a língua que elas já falam, porém para isso requer, a explicitação do que se deve ensinar e de como fazê-lo, através de atividades que venham valorizar a maneira de falar de cada um, enquanto ser social.

Sabemos que a escola é um ambiente bastante eclético quanto às variações linguísticas, no entanto percebe-se que muitas vezes o jeito de se comunicar de cada um é visto como errado, sendo até mesmo motivos de gozações e até de bulling, porém vale lembrarmos o que diz Cagliari (2007), uma da característica da linguagem é o padrão  da linguagem, pois esta não rege só as relações entre símbolos  linguísticos e o mundo, mas está presa também a valores sociais, econômicos, ideológicos, políticos, religiosos.

Quanto ao ambiente escolar letrado, implica num ambiente em que os valores sociais são bastante fortalecido e assim, repleto de variações linguístico. Quanto à leitura podemos afirmar que esta pode ter uma relação bastante positiva com as variações linguísticas presentes no cotidiano, buscando uma compreensão entre o dialeto-padrão e as variações linguísticas locais, buscando fazer uma leitura do escrito por meio da leitura de mundo.

Como afirma Freire (1996 p. 23): “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Mostrando de maneira precisa que é necessário não apenas compreendermos o mundo daqueles a quem atendemos, mas propiciar meios para que este seja capaz de ler o mundo o qual ele faz parte e assim associar seu ato de ler ao seu eu social, dessa forma será mais fácil alcançarmos sucesso na leitura. Valorizando cada variação linguística buscando sua real significação e aplicabilidade no vocábulo léxico de linguagem de cada um.

3. Metodologia da pesquisa

Para realização deste trabalho, utilizamos de uma pesquisa bibliográfica, para obter o conhecimento teórico sobre as variações linguísticas e suas características e a relação desta com o processo de aprendizagem.

Na análise dos resultados, utilizamos de uma pesquisa qualitativa, por utilizar algumas referências bibliográficas claras e objetivas, sendo esta pesquisa construída por meio de pesquisa bibliográfica.

Deixando claro mais uma vez, conforme ressaltado por Segundo Silva & Estevan (2009, página 14), as variações da língua estão relacionadas ainda a outros diversos fatores, sendo estes: faixa etária, gênero, status socioeconômico, grau de escolaridade, mercado de trabalho e rede social. Daí temos a certeza de que são muitas as variações linguísticas presentes em nosso cotidiano escolar, porém se analisarmos com precisão e uma metodologia adequada, podemos fazer destes um forte aliado à aprendizagem e conduzir nossos alunos ao sucesso linguístico e acadêmico.

 

REFERÊNCIAS

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BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico – o que é, como se faz. 15a ed. São Paulo: Loyola, 2002

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental: Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quatro ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CAGLIARI, L. C. Elementos de fonética do Português Brasileiro. São Paulo: Editora

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização: o duelo dos métodos. In: SILVA, E. T. (Org.). Alfabetização no Brasil: questões e provocações da atualidade. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. p. 51-72.

CAVALCANTE, M & BORTONI RICARDO. Transculturalidade, Linguagem e Educação. Campinas, Mercado das Letras, 2007.

CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa. 12 ed. Rio de Janeiro: FAE, 1992. 

FERRAREZI Jr., Celso. Ensinar o brasileiro: respostas a 50 perguntas de   professores de língua materna. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

FERRAREZI, Ludmila ; ROMÃO, Lucília Maria Sousa . O discurso sobre a biblioteca escolar na rede eletrônica: sentidos a perder de vista. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 1, p. 56-76, 2010.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 7 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.

MARCOLINO, Zé – VIDA, VERSOS, VIOLA. Disponível em: http://tribunadocariri.com.br/w/?p=5291#comments.

MENGARDA, E.J. Gênese e Evolução dos dialetos trentino e vêneto. Working e Papers em Linguística , UFCG _ 2001.

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TARALLO, F. A pesquisa sociolingüística. Ed. Ática, 1982.

TARALLO, F. Tempos Linguísticos. Itinerário histórico da Língua Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.