TRANQUILIDADE DOS BRASILEIROS

Por Henrique Araújo | 15/02/2010 | Crônicas

TRANQUILIDADE DOS BRASILEIROS

                                  

 

         Dizem por aí que no Brasil só há festas e mais festas. Festas folclóricas, carnaval, juninas, pátrias, familiares, religiosas e outras. Não mentiram, porém não falaram a verdade. É realmente muito divertido o brasileiro, pois o povo pula quatro dias de carnaval e quando termina ainda diz: “Puxa vida, agora só no ano que vem!” Se se vai a um clube, logo se reúne com os seus e tomam os seus e a festa cresce. Lá  vai o brasileiro incrementado dançar um sambinha e dança a noite inteira, quando acaba responde melancólico: “Pena que acabou!” Mas não é só isto: dança no clube, na casa do vizinho, de amigos, de compadres, etc. São quatro horas da madrugada e ele ainda retruca: “vamos ficar só mais um pouquinho” está muito cedo ainda, claro, já é de manhã.

          Festas familiares já se sabe: casamentos, batizados, aniversários e a festa é só bebidas, comelanças, arrasta pé ou encosta buchos. Tarde toda dançando e anoitecendo inda dizem: “ta cedo!”.

          O brasileiro é tranqüilo em outros pontos também. Se chove ou não, não faz mal, Deus quer assim. Se o cachorro morde, tinha que morder, se queima a casa, fogo é para isto mesmo, se o carro lhe passa por cima, tinha que morrer. Não adianta precipitar as coisas, pois do jeito que teve começo, também terá um fim. A roupa ou mais cedo ou mais tarde tem que acabar, então tanto faz ser agora como depois. Tanto faz morrer agora como depois, tem que morrer mesmo.

          Vê então o brasileiro que tudo na natureza tem seus prós e seus contras, ele aceita os prós e entra em harmonia com ele. É por isto que ele vai vivendo tranqüilo em seu torrão natal, única pátria querida, digna de seu amor e respeito. Se ele não tem um emprego, não importa, pois está vivendo, bebendo, comendo  e se passar fome que importância faz, se morrer agora, tinha que morrer mesmo.

          Mas dizer que só há festa no Brasil, não. No Brasil há indústrias, há um grande comércio, há educação, há esportes, há comunicação, há empregos, isto não é festa, é trabalho e trabalho é progresso. Somos um povo simples, honesto, trabalhador, comunicativo, versátil e trabalhamos com todo amor e carinho. Sem muitas brigas, respeitamos e queremos também ser respeitados.

          No fundo vemos que o Brasil é a soma de todos os povos. Temos um pé de alemão, um braço de negro, um olho de russo, um dedo de japonês, uma unha de polonês, uma costela de índio, uma cabeça de americano. Tudo isto se transformou em hábitos com exclusividade de mentalidade brasileira. Um elemento completa o outro e é daí que temos o nos temperamento sociável – um talher de amor de Paris, um copo de vivacidade de alemão, um pouco da rudez de índio, uma caneca de carinho de Lisboa. Resultado – um bolo de cordialidade à brasileira

          O Brasil, graças a sua cordialidade, sua compreensão, sua vivacidade, cresce e passa a ser um gigante, pois estamos na energia nuclear e nos programas de lançamentos espaciais.

          O Brasil é um grande exportador de cultura: exportamos carnaval, futebol, arquitetura, literatura, pintura, cinema, escultura, música, o nosso gostoso sambinha e muitos outros. Portanto não creio no que dizem. O Brasil é um país que diverte, que vive, mas também que trabalha e produz.