Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH

Pró-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão.

Curso de Especialização "Lato Sensu" em Marketing e Comunicação

TRAÇANDO O PERFIL DO CONSUMIDOR QUE BUSCA ARTIGOS USADOS E/OU ANTIGOSNOS BRECHÓS DE BELO HORIZONTE[1]

TRACING THE PROFILE OF CONSUMERS WHO SEARCH ITEMS USED AND/OR ANCIENT ON THE BRECHOS OF BELO HORIZONTE

Wânia Marillac da Silva[2]

Luiz Antônio de Carvalho Godinho[3]

Belo Horizonte, 04 de abril de 2009.

RESUMO

Este artigo tem a pretensão de contribuir para o estudo do comportamento do consumidor no mercado de modas, mais especificamente, o consumidor de peças usadas ou antigas comercializadas em brechós na cidade de Belo Horizonte. Possibilitando assim ao profissional de marketing ou mesmo ao empreendedor, traçar estratégias de marketing para atrair o público-alvo, criando estímulos e gerenciando a demanda de produtos.

Palavras-chave: consumidor, comportamento, marketing, varejo, moda

ABSTRACT

This article has the claim of there contributes to the study of the behavior of the consumer in the market of fashions, more specifically, the consumer of worn-out or ancient pieces marketed in brechos in the city of Belo Horizonte. Making possible so to a marketing professional or even to an entrepreneur, to draw strategies of marketing to attract the target-public, creating stimuli and managing the demand of products.

Key-words: consumer, behavior, marketing , retail , mode


[1] Título do Artigo Científico

[2] Graduada no Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerenciais e aluna do Curso de Especialização "Lato Sensu" em Marketing e Comunicação do Centro Universitário UNI-BH

[3] Professor e orientador de Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Especialização em Marketing e Comunicação do Centro Universitário UNI-BH

1 INTRODUÇÃO

Para suprir as necessidades e desejos de milhões de consumidores, as indústrias investem na inovação e produção de bens de forma desgovernada; sendo poucas que se preocupam com os resíduos gerados pelos processos de fabricação, assim como com o descarte pós-uso destes produtos.

Vindo em direção contrária a estas novidades, os brechós passam a ser uma nova opção de compra para o consumidor, e estão se espalhando pelas grandes cidades. Surge daí uma necessidade de saber quem é, o que leva este consumidor a buscar produtos já utilizados por outras pessoas, identificar seus hábitos de consumo e o que ele espera satisfazer com este novo comportamento de compra. Conhecendo o perfil deste consumidor, será possível aos profissionais de marketing ou empreendedores traçar estratégias para conseguir um melhor posicionamento no mercado, aumentar a competitividade, conquistar e manter este público interessado neste tipo de produto oferecido pelos brechós.

As hipóteses a serem investigadas, evidenciadas e confirmadas ou não por este estudo, são:

.As pessoas estão cansadas das novidades, do excesso de marcas e também de tentar acompanhar os diversos lançamentos e tendências do mundo da moda;

.Estão vendo brechós como uma maneira de economizar e enfrentar a crise financeira, que vem preocupando a todos e avançando cada vez mais em vários segmentos importantes do país.

.As pessoas têm procurado os produtos vintage como forma de diferenciação ou estilo, e querem se destacar através de um visual criativo e menos padronizado;

.Buscam nos brechós artigos de marcas famosas e conhecidas, com preços mais acessíveis, sem se importar se são ou não de coleções passadas.

Este artigo procura responder as questões já mencionadas, além de possibilitar um conhecimento maior da bibliografia relacionada ao tema.

2 MARKETING

2.1 Conceitos

Embora muito se fale em marketing, poucas pessoas sabem realmente o que significa, ou o entendem de maneira limitada. Confundem marketing com vendas ou propaganda, ou seja, tem uma idéia equivocada sobre seu verdadeiro conceito.

A venda está voltada para as necessidades do vendedor; o marketing, para as necessidades do comprador. A venda preocupa-se com a necessidade do vendedor de converter seu produto em dinheiro; o marketing, com a idéia de satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto e de todo um conjunto de coisas associado a sua criação, entrega e consumo final.

(LEVITT, 1960 conforme KOTLER, 2006, p.14)

Aqui estão reunidos conceitos retirados de algumas fontes para que se possa ter uma idéia de como cada autor percebe o marketing, e como este é aplicado dentro das empresas.

Marketing é função única da empresa moderna, e que tem por objetivo conquistar e preservar clientes. (DRUCKER, 1954)

Marketing são as atividades sistemáticas de uma organização humana voltadas à busca e realização de trocas para com o seu meio ambiente, visando benefícios específicos. (RICHERS, 1986)

Marketing é a entrega de satisfação para o cliente em forma de benefício. (KOTLER e ARMSTRONG, 1999)

Marketing é um processo social por meio do qual, pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros. (KOTLER e KELLER, 2006)

Ao verificar o que diz a literatura sobre o assunto é possível perceber que os autores também não possuem um único conceito e sim vários, sendo que a maioria tem um ponto em comum, a preocupação permanente em encontrar soluções para o atendimento às necessidades e satisfação dos clientes. Sendo este, o diferencial entre empresas que realmente praticam o marketing e aquelas que acreditam estar praticando, mas na verdade voltam seus esforços apenas para vender seus produtos, pouco se preocupando se aquilo que estão oferecendo corresponde ou não às expectativas de seus clientes.

2.2 Marketing no Varejo

2.2.1 Conceitos

De acordo com Richter (2005, apud GARCIA; LAS CASAS) "Varejo é o processo de compra de produtos em quantidade relativamente grande dos produtores atacadistas e outros fornecedores e posterior venda em quantidades menores ao consumidor final." Outra definição usada por muitos autores é que o varejo consiste na atividade comercial responsável por providenciar mercadorias e serviços desejados pelos consumidores.

No entanto a definição mais utilizada é a fornecida pela American Marketing Association, na qual o varejo é definido como uma unidade de negócios que compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e outros distribuidores e vende diretamente a consumidores finais e, eventualmente, outros consumidores.

Para Kotler, Keller (2006, p.500,501) "O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou serviços diretamente ao consumidor final, para uso pessoal e não comercial. Um varejista ou uma loja de varejo é qualquer empreendimento comercial cujo faturamento provenha principalmente da venda de pequenos lotes no varejo. Qualquer organização que venda para os consumidores finais – seja ela um fabricante, atacadista ou varejista – está fazendo varejo. Não importa como os produtos ou serviços são vendidos (pessoalmente, pelo correio, por telefone, por máquinas de vendas ou pela internet) ou onde eles são vendidos (em uma loja, na rua, na casa do consumidor).

2.2.2 Tendências

O varejo moderno tende a ser de melhor qualidade e de maior presteza. Dentre as principais características pode ser destacado o fato de que a atividade varejista não deve se restringir às suas instalações físicas, o uso da internet como ferramenta é fundamental, além de outras que não podem ser desprezadas como serviço domiciliar (na casa do cliente) e por telefone; a emoção deve estar destacada como uma forma de atrair e reter clientes, a criatividade tem de ser colocada em prática para despertar sentimentos nos clientes para que ele possa perceber valor em cada produto oferecido; o ponto de encontro com o consumidor, seja ele físico ou não, deve ser atraente e de fácil acesso. (COBRA, 2007)

2.2.3 Estratégias

As estratégias para o varejo são inúmeras e vão do emocional ao racional com uma velocidade arrasadora. O papel do varejista é aguçar o prazer advindo da posse de um bem ou serviço. Entre as sugestões para o varejo de moda, destacam-se, entre outras, as seguintes estratégias:

Agregar valor a cada transação para que o cliente sinta que está fazendo um ótimo negócio; inovar sempre; proporcionar quantas conveniências for possível; criar um ambiente de destaque; investir em informações para obter vantagens competitivas; procurar determinar o melhor mix de marcas para o público-alvo; investir na satisfação do consumidor, para que ele se sinta feliz e retorne à loja para novas compras além de recomendá-la para outras pessoas; investir no entendimento dos consumidores, procurando saber o que eles desejam, quais são suas verdadeiras necessidades e pensar sempre que, em todo momento se está oferecendo não só o produto, mas serviços e que estes não terminam com a venda do produto, portanto prestar um pós-venda de qualidade e eficaz é a chave para manter o cliente satisfeito e feliz. (COBRA, 2007)

3. O MERCADO DE MODA

O segmento de moda é um dos que mais cresce no Brasil e no mundo. A indústria da moda hoje ocupa o sétimo lugar entre as maiores do mundo, e é inegável sua importância para o desenvolvimento de um país devido a sua capacidade de gerar empregos e riquezas.

Segmento

Refere-se a um grupo de consumidores que pode ser efetivamente atendido e atingido por meio do mesmo esforço de marketing.

Segmentar significa agrupar, em grupos homogêneos, consumidores de determinada categoria de produtos que possuam características semelhantes. Isso deve ser realizado à luz de critérios geográficos, demográficos, sócioeconômicos (como renda, classe social, tipo de ocupação, etc.) e psicográficos (com base em estilo de vida e comportamentos diversos).(COBRA,2007, p.89)

E o consumo de artigos de vestuário, calçados e acessórios cresce de maneira surpreendente a cada ano. A indústria investe em tecnologia para trazer inovações para o consumidor que está cada vez mais exigente.

Fala-se muito em moda, em estar ou não na moda, mas o que exatamente seria moda? Não há apenas uma definição ou conceito para moda, segundo Cobra (2007, p.9) "Na realidade é muito difícil encontrar uma definição definitiva e inequívoca do conceito de moda, uma vez que não há uma interpretação objetiva e unânime sobre o tema, principalmente em nível internacional." Para Wilde (2007, apud COBRA) moda "é uma forma de feiúra tão intolerável que temos de alterá-la a cada seis meses".Para Nystron (1928, apud COBRA,2007) moda "é nada mais nada menos que o estilo predominante em qualquer momento específico". Para Sproles (1979, apud MOWEN, 2003) moda "é um conjunto de comportamentos temporariamente adotados por um povo devido ao fato de esses comportamentos serem considerados socialmente apropriados para a época e a situação". E para uma das maiores estilistas do mundo da moda, Chanel ([19--] apud COBRA, 2007) "a moda é o que sai de moda". Esta é uma definição que tem um sentido maior para aquele consumidor que procura por artigos de bazares e brechós.

A moda é dinâmica por natureza na medida em que muda constantemente ao longo do tempo. (MOWEN; MINOR, 2003)

4. O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Compreender os motivos que orientam o comportamento humano sempre foi um desafio para a maioria dos estudiosos de diferentes áreas.

O estudo do comportamento do consumidor envolve a antropologia, a sociologia, a psicologia, entre outras esferas das ciências comportamentais. Afinal, o ser humano é consumista por sua própria necessidade natural de sobrevivência e de aceitação social nas "tribos" em que vive.(COBRA, 2007, p.79)

Sabe-se que:

O comportamento do consumidor é comportamento aprendido. A experiência provoca mudanças no conhecimento, nas atitudes e também no comportamento de compra. Experiências positivas levam o consumidor a repetir a compra, ao passo que experiências negativas desestimulam compras futuras. No estudo de motivação há dois tipos de abordagem: a cognitiva e a comportamental. A abordagem cognitiva tem como foco os processos mentais e fatores como a repetição e a correta elaboração [...]. A abordagem comportamental leva em conta os condicionamentos aos quais o indivíduo é submetido ao longo da vida. Compreender esses fatores é a chave para entender como as pessoas se comportam em relação a produtos de moda. (COBRA, p.89)

Cientes de que para o sucesso dos negócios é necessário alinhar seus interesses aos de seus clientes, as empresas procuram conhecer e compreender os motivos que levam estes a consumir seus produtos. Valorizar os clientes, procurando atender às suas expectativas em relação aos serviços e produtos oferecidos, é uma maneira de conseguir um espaço significativo no mercado e enfrentar a concorrência acirrada. Embora poucas empresas estejam aderindo a esta prática, com o tempo elas terão que acordar para este fato para conseguir sobreviverem, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes e cientes de seus direitos, amparados pelo Código de Defesa do Consumidor.

O propósito do marketing é satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores por meio da produção de produtos e serviços. Assim, conhecer as pessoas, suas necessidades, seus desejos e seus hábitos de compra torna-se fundamental para a eficaz administração mercadológica. (SAMARA; MORSCH, 2005a)

O perfil, as características, as motivações e os interesses do consumidor sofrem todo tipo de influências. Desde aspectos sociais, demográficos, culturais, psicológicos e situacionais até importantes estímulos de marketing (produto, preço, praça e promoção) afetam e impulsionam as atitudes e as ações dos indivíduos em suas decisões de consumo. (SAMARA; MORSCH, 2005b)

5. BRECHÓS SE TORNANDO CADA VEZ MAIS UMA BOA OPÇÃO DE COMPRA

Os brechós são locais em que o tempo de certa forma não passa, é onde as mudanças da moda não são sentidas, e o que se encontra são diversos objetos que simbolizam uma época passada, que para muitos tem um significado especial e único. São estabelecimentos comerciais em que se comercializa produtos antigos e usados, estes podem ser roupas, objetos, móveis, acessórios, sapatos, brinquedos e qualquer outro objeto que não pertença ao tempo presente. Os artigos mais antigos e mais representativos de uma determinada época são chamados de "vintage".

Vintage é um termo originalmente aplicado a colheitas de vinhos, como o vinho do Porto, em que as condições de produção contribuem para uma qualidade excepcional. A sua origem ou significado vem de vint relativo à safra de uvas e age de idade. Mas o termo vintage é hoje amplamente utilizado para objetos e coisas que, assim como alguns vinhos, adquiriram uma conotação de nobreza com o passar do tempo. Ou seja, são artigos de interesse para colecionadores. Na moda é utilizado para designar recuperação de estilos dos anos 20, 30, 40, 50 e 60. Alguns estilistas atribuem ao retorno das modas setentistas e oitentistas um certo teor Vintage, mas, por serem relativamente recentes, o termo não é amplamente atribuído a estas décadas.( http://saltoagulha.com/_pages/vintage.htm grifo do autor )

Muitos consumidores passaram a aderir à moda vintage para estabelecer seu próprio estilo e criar um diferencial. Este é um novo consumidor, que pesquisa, reconhece o valor do produto que busca, exige qualidade e durabilidade (geralmente encontradas em produtos mais antigos), e é consciente de que adquirindo um produto usado, estará contribuindo com a preservação da natureza e do ambiente em que vive, pois estará reduzindo o descarte e o acúmulo de lixo.

O novo conceito que se tem visto nos brechós atualmente é de um local em que há a preocupação com o layout da loja, limpeza e organização das peças a serem vendidas é sempre uma surpresa agradável para o cliente que vai em busca de algum produto; diferente do conceito que se tinha antes de um lugar sujo, bagunçado e muitas vezes com cheiro de mofo.Assim disse Helena Prates, gerente do Balaio de Gatos Brechó e Antiquário de Porto Alegre em entrevista para um artigo do site Planeta Terra, a título de ilustração:

O mercado de artigos usados era preconceituosamente tido como coisa de velho, de morto ou de pobre.



6. METODOLOGIA

É muito importante que o empreendedor invista em pesquisas para traçar um perfil mais detalhado do seu público-alvo e assim tentar atender de maneira satisfatória suas expectativas em relação ao produto ofertado.

Cobra (2007, p.79) menciona que

[...] as estratégias de marketing devem estar assentadas em estudos do comportamento de compra do consumidor de artigos regidos pelos ditames da moda e, em segundo lugar, porque as estratégias de comunicação devem levar em conta o que o consumidor quer ouvir. E, por fim, porque o processo de venda deve estar focado no consumidor de moda. E a satisfação do consumidor é o propósito de qualquer negócio. Satisfazer o cliente é importante, mas é apenas uma parte do caminho. O objetivo da venda é tornar o cliente um comprador freqüente e, se possível leal à marca. Dessa forma, o importante não é vender, mas proporcionar emoções e satisfações. É a chave do sucesso em negócios da moda que o consumidor seja levado a fantasiar o produto e concretizar a compra.

Em relação aos métodos utilizados, num primeiro momento foram coletados dados secundários através de fontes como sites da internet, entrevistas veiculadas na televisão, artigos publicados em revistas da área, entre outros, para obter informações sobre o mercado e o negócio de brechós.

Num segundo momento realizou-se uma pesquisa conclusiva e quantitativa para coleta de dados primários, através de um questionário estruturado, aplicado numa amostra representativa e não-probabilística da população estudada.

A população alvo objeto de amostragem é formada por pessoas que freqüentam brechós, independente de classe social, estado civil, idade ou qualquer outro critério, porque foi justamente este um dos propósitos da pesquisa, conhecer o perfil deste tipo de consumidor.

A pesquisa de campo foirealizada na região metropolitana de Belo Horizonte, por se tratar de uma cidade conhecida ainda por ter uma sociedade mais convencional e tradicional, e em que as mulheres são reconhecidas pela sua elegância e cuidado com a aparência. Belo Horizonte também possui um dos mais conhecidos centros atacadista de roupas (Barro Preto), freqüentado por pessoas em busca de produtos para abastecerem suas lojas em diversos pontos do país. Além de também vender no varejo para um público que está sempre em busca de novidades.

Por toda cidade existem lojas de vários tamanhos voltadas para a venda de roupas e acessórios, onde a presença de brechós ainda não é muito notória. O bairro Savassi, localizado na região centro-sul, possui alguns dos poucos brechós existentes e mais conhecidos pelo consumidor de artigos usados, e já estão estabelecidos no mercado há mais tempo.

Portanto notou-se a possibilidade de estudar um segmento num momento de crescimento, facilitando assim o acompanhamento de todo o processo.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O questionário foi aplicado para 60 pessoas no período de 01 a 13/06/2009, já incluída a realização do pré-teste e alterações que se fizeram necessárias. As perguntas do questionário foram relacionadas às compras efetuadas em brechós; como conheceu este tipo de estabelecimento comercial, quais produtos adquiriu, a quem estes foram destinados, avaliação do atendimento e ambiente físico, o que se está buscando (preços baixos, produtos de griffe, qualidade, durabilidade, produtos diferenciados), além de outros dados como faixa etária, sexo, estado civil, renda mensal, profissão, região onde reside em Belo Horizonte, e também a forma como costuma pagar suas compras (cartão de crédito, cheque, carnê e dinheiro). Dentre estas pessoas, 74% foram do sexo feminino, 23% do sexo masculino e 3% não selecionaram nenhuma das opções. Ao serem perguntadas se já compraram em brechós, 52% disseram que sim e 48% não, dentre estas, 69% afirmaram que comprariam se tivessem oportunidade e 31% não, alegando não saber a procedência das roupas e por já terem sido usadas por outra pessoa.

A faixa etária dos respondentes é de 45% de 26 a 35 anos, 26% de 36 a 45 anos, 19% até 25 anos e 10% acima de 45 anos.São 34¨% casados, 23 % solteiros, 20% separados, outros 20 % não responderam e 3% viúvos.

Sobre a renda individual de cada entrevistado a pesquisa apontou que 68% recebe de R$501,00 a R$1.500,00, 13% até R$500,00, outros 13% não respondeu esta questão, 6% recebe de R$1501,00 a R$2.500,00 e nenhum disse ter uma renda acima de R$2.500,00.

Quanto as profissões dos entrevistados, surgiram as mais diversas, porém a maior parte delas está ligada as áreas comercial e administrativa. Em relação a região onde reside, a maior parte dos entrevistados 24% não souberam responder, dentre os que responderam, 19% (cada) residem nas regiões leste e Barreiro, 10% (cada) centro-sul e nordeste,6% (cada) nas regiões oeste, Pampulha e Venda Nova, nenhum disse residir nas regiões norte e noroeste da cidade. Notou-se portanto que a divisão da cidade em regionais dificulta as pessoas saberem a qual pertence o bairro onde residem.

A pesquisa mostrou que 55% dos clientes de brechó ficaram conhecendo o estabelecimento por indicação de familiares ou amigos, e que 45% foi ao passar perto do local, nenhuma outra opção foi marcada como anúncio em jornal, matéria na internet, panfletos ou outro meio de divulgação. É a propaganda boca-a-boca a responsável pela sobrevivência deste tipo de estabelecimento comercial, pois são raros os anúncios de publicidade na mídia existente e parte significativa também dos clientes chegaram a conhecer o brechó apenas por acaso.

Sobre os produtos que foram comprados nos brechós, todas as opções foram marcadas, sendo que 32% adquiriram roupas, 28% sapatos, 26% acessórios (cintos, bijuterias, lenços e chapéus), 7% móveis, e também 7% outros artigos citados por eles como, brinquedos, quadros e outros objetos de decoração. Estes produtos comprados foram destinados 75% para uso próprio, 19% para seus familiares, 3% para amigos e também 3% para outros fins citados por eles como, decoração de ambientes corporativos.É importante a qualquer lojista, inclusive aos donos de brechós, manterem um mix de produtos atraente e bem selecionado para conseguir atrair os clientes.

Outro resultado apontado pela pesquisa é que ao comprar em brechós 33% das pessoas estão em busca de preços baixos, 32% de produtos diferenciados, griffe e qualidade 13% cada uma, e 9% se preocupam apenas com a durabilidade, nesta questão foi dada ao respondente a possibilidade de marcar mais de uma opção.

Em relação ao atendimento nos brechós de uma maneira geral, nos brechós que costumam freqüentar, 51% dos consumidores acham bom, 23% regular, 16% ótimo, 10% ruim e nenhum considerou péssimo. As experiências positivas de compra como disse Cobra anteriormente, levam o consumidor a repetir a compra, e também a ser o grande divulgador do produto, marca ou loja. De acordo com as respostas percebe-se que os consumidores não estão insatisfeitos com o atendimento, mas também não o percebem como o desejado ou merecido, prova disto é o baixo índice da avaliação como ótima. É necessário se dar uma atenção maior a este fator, que é um dos mais reclamados no varejo.

Quanto a apresentação física (ambiente) dos brechós que conhecem, 36% considera regular, 29% boa, 19% ruim, 10% ótima e 6% péssima. Fato curioso neste item foi a necessidade dos entrevistados em comentar sua percepção quanto às experiências vividas nos brechós que frequentam ou já frequentaram, a maior parte reclamou da falta de organização dos produtos, que costumam ficar amontoados ou dispostos em araras sem nenhum critério, falta de higiene ou cuidados tanto com o aspecto da loja quanto de roupas e sapatos e mistura com produtos eletrônicos de todos os tipos o que descaracteriza o tipo de negócio. Muitas destas reclamações se referem a brechós que se encontram em bairros da periferia em que os proprietários fazem do espaço uma espécie de topa-tudo e bazar, sem se preocupar em atender bem os clientes, tornar sua experiência agradável, e querem apenas desovar seus produtos. É certo que outros como o brechó Santíssima, que já tem 12 anos de tradição na cidade eaplica o marketing para tornar esta experiência positiva para o cliente. Ainda assim, o novo conceito de brechós citado em matérias encontradas sobre o assunto, está presente em um número reduzido de brechós de Belo Horizonte, ao contrário dos encontrados em São Paulo e Rio de Janeiro, onde há a preocupação em cativar os clientes através de um bom atendimento, layout de loja atraente, serviços e produtos diferenciados.

Outro fator que foi citado pelos entrevistados, é a distância que a maioria tem de percorrer para ir aos brechós localizados naSavassi, que elesconsideram como os melhores da cidade,isto impede que se tornem consumidores mais frequentes. Geralmente só vão ao brechó quando precisam resolver algo perto do estabelecimento e aí aproveitam para ver se há alguma novidade ou produto com preço atraente.

Os entrevistados costumam pagar suas compras com dinheiro (60%), cartão (26%), cheque (12%) e carnê ou boleto bancário (2%).

8. CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa é possível traçar um perfil do cliente de brechós e o que ele busca ao entrar neste tipo de estabelecimento. É um cliente que gosta de produtos diferenciados, qualidade, durabilidade, marcas conhecidas e com preços atrativos. Costuma pagar suas compras na maioria das vezes em dinheiro e utiliza muito o cartão de crédito, gostaria de comprar com mais frequência os produtos, mas tem dificuldade no acesso a eles devido à localização das lojas.

Há também uma pequena mas crescente participação de consumidores do sexo masculino que compram em brechós. E dentre aqueles que nunca compraram em brechós existe uma grande chance de virem a ser clientes pois vêem com simpatia este tipo de aquisição. Mas há muito o que se fazer em relação ao uso do marketing neste tipo de negócio, desde a elaboração de um layout adequado do ambiente físico até o pós-venda que geralmente não é realizado. Falta aos donos de brechós orientação no sentido de trabalhar duma maneira mais profissional para que consiga atrair mais clientes para suas lojas, tornando sua ida uma experiência cheia de sensações agradáveis, pois o ambiente em si já os remete certamente a tempos vividos quemarcaram suas vidas, portanto isto deve ser aproveitado, usando os recursos adequados para provocar estes sentimentos. Num brechó não se vende apenas produtos, mas emoções. Outro ponto que pode ser trabalhado é o diferencial do brechó, seja com um mix variado de produtos, ou mesmo com de produtos mais específicos como é o caso dos vintage.

É fundamental contudo, saber ouvir o que os clientes desejam, seja através de conversas informais, pesquisas de mercado, avaliação da satisfação dos serviços, ou outro instrumento que possa ajudá-los a aferir o que defato estão oferecendo a seus clientes e como podem realmente atendê-los.

Toda estratégia de marketing deve ser utilizada para alavancar as vendas, uma boa e ampla divulgação também é recomendada, visto que embora a propaganda boca-a-boca seja eficiente, tem sido a única utilizada neste tipo de empreendimento.

Os donos de brechós devem se preocupar com o ambiente da loja e quanto ao aspecto dos produtos que oferecem, dando a devida atenção à higiene, organização e conservação desses. Medidas como estas podem diminuir o preconceito ainda existente em relação a produtos já utilizados por outras pessoas, e que gera certo desconforto e mesmo rejeição por não se saber sua procedência.

Ser criativo e conhecer um pouco do mundo da moda também é de grande valia neste tipo de negócio, podendo encontrar novas oportunidades e maneiras de se comercializar este tipo de produto. Portanto, é recomendável estar sempre informado e manter uma boa rede de relacionamentos.

Todo e qualquer esforço de marketing que for feito dará um excelente retorno não só para o empreendimento quanto para o consumidor de produtos de brechós e fará com que ele continue sendo um cliente leal.

Em relação às hipóteses levantadas no início do artigo confirma-se a busca por produtos diferenciados, de melhor qualidade e durabilidade. As pessoas querem encontrar produtos exclusivos ou pelo menos aquele que não se vê produzido em grande escala. É confirmada também a procura por roupas de griffe, contanto quetenha um preço baixo, nesta hora não importa se é um produto de outra estação ou de coleções passadas, o que importa é trazer satisfação para quem está usando.

O brechó torna-se uma ótima opção realmente para quem quer economizar levando para casa um produto de excelente qualidade por um preço considerado justo.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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