Introdução

               Para atender a demanda da educação temos que tratar os professores desde a sua vocação até o profissional, para que esteja ciente do seu trabalho e não sobrecarregar-se como docente. Neste contexto,  cita SAVIANI (2007, p.152-155) trabalho e educação são atividades especificamente humanas. Isso significa que, rigorosamente falando, apenas o ser humano trabalha e educa.

A separação entre instrução e trabalho, a discriminação entre a instrução para os poucos e o aprendizado do trabalho para os muitos, e a definição da instrução “institucionalizada” como institutio oratoria, isto é, como formação do governante para a arte da palavra entendida como arte de governar (o “dizer”, ao qual se associa a arte das armas, que é o “fazer” dos dominantes); trata-se, também, da exclusão dessa arte de todo indivíduo das classes dominadas, considerado um “charlatão demagogo”, um meduti. A consciência da separação entre as duas formações do homem tem a sua expressão literária nas chamadas “sátiras dos ofícios”. Logo esse processo de inculturação se transforma numa instrução que cada vez mais define o seu lugar como uma “escola”, destinada à transmissão de uma cultura livresca codificada, numa áspera e sádica relação pedagógica. (idem, p. 356) (SAVIANI 2007, p.152-155).

                     É neste sentido, que na prática do professor vai  na contramão da instrução institucionalizada e na educação realizada ao mesmo tempo. Ou se educa, educação, ou se instrui para um determinado propósito educacional. Educar exige mais do que instruir, segundo Dicionário Prático Ilustrado, Lello & Irmão (1977) educar como "desenvolver as faculdades físicas, morais e intelectuais de". ... Tal como não é possível definir ensinar através das palavras instruir  e educar, e muito menos doutrinar. Doutrinar significa transmitir, convencer alguém de uma posição política, religiosa ou filosófica.

                  Espera-se contribuir com a construção deste texto  a partir da professora da disciplina que  requisitou para uma reflexão sobre Trabalho e educação: a saúde do docente tendo como objetivo analisar saúde e trabalho docente na educação.

 

Desenvolvimento

 

                Um fator determinante para o desenvolvimento da educação no Brasil foi a criação em 1937, do Ministério do Trabalho e Saúde, que assumiu de forma ordenada, a responsabilidade pelos destinos do ensino brasileiro. Esse ministério tratou da educação e saúde pública do pais até 1953. Porém, a educação não estava com professores doentes na época e sim com professores  trabalhando dentro do seu desempenho profissional. À medida que o tempo foi passando os educadores foram se equiparando aos demais trabalhadores profissionalizados, sem sequer ser questionado pela sua saúde e trabalho.                  

                 Com o surgimento da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) em 1971 foi reformulado o ensino de primeiro e segundo graus, buscando sempre a melhoria do educando com os interesses da comunidade, a qualificação para o trabalho tornou-se uma das metas básicas da educação nacional. Mas a LDB, não se preocupou com a saúde do professor, e sim com o educando em primeiro lugar e exigindo do professor tudo o que o profissional poderia oferecer ao aprendizado do individuo.

               Sempre privilegiando o educando e sobrecarregando o docente, esquece-se que para ensinar é preciso estar com a mente sã e o corpo sã, expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de um ser. Sendo que,  professor doente, educação doente, aluno afetado pela ausência de uma política que repense na atividade do professor  em crise, como ser humano que precisa de ajuda de profissionais, Cortez (2017, p.114) diz que a saúde do trabalhador é um campo interdisciplinar articulado com movimentos sociais que surgiu por meio de críticas às limitações dos modelos sociais e políticos vigentes em sua época.  

                BASTOS (2009, p.18) de forma semelhante NÓVOA (1996) afirma que: “A crise da profissão docente arrasta-se há longos anos e não vislumbram perspectivas de superação em curto prazo. As conseqüências da situação de mal-estar que atinge o professorado estão à vista de todos:

elevados índices de absenteísmo e abandono, desmotivação pessoal, insatisfação profissional traduzida numa atitude de desinvestimento e indisposição constante, recursos de desculpabilização e ausência de reflexão crítica sobre a ação profissional, etc”. E que nos últimos anos, podem ser verificados e analisados o surgimento de mudanças sobre as expectativas sociais projetadas sobre os professores e as variações introduzidas no ambiente profissional destes. As mudanças pela qual tem passado o Magistério e o exercício da docência parecem ser compatíveis com a tese da intensificação do trabalho descrita por LARSON (1980, apud HARGREAVES, 1998), tais como a emergência de novas funções, cada vez mais integradas a novas competências e atribuições e a processos acelerados de especialização e de diferenciação, cada vez mais complexos dentro da própria escola. Ainda segundo o autor (ibidem) esta intensificação revela-se pela falta de tempo para aperfeiçoamento das destrezas e para atualização profissional; e pela sobrecarga crônica e persistente, inibindo o envolvimento do professor no planejamento mais à longo prazo e o seu controle, além de promover a sua dependência em relação a materiais e conhecimentos especializados produzidos externamente(p.18).

                 A partir do momento, em que a educação foi evoluindo com a globalização, se exigia mais e mais do trabalho do professor sobrecarregando o ensino e aprendizado educacional.

                 Para CRUZ (2010, p.152)  as cargas de trabalho representam um conjunto de esforços desenvolvidos para atender as exigências das tarefas, abrangendo os esforços físicos, cognitivos e psicoafetivos (emocionais) que são traduzidos como desgaste,

 na capacidade potencial corporal e psicológica dos trabalhadores. A organização do trabalho determina as suas cargas de trabalho, definidas “como exigências ou demandas psicobiológicas do processo de trabalho”. As cargas de trabalho também estão presentes no trabalho do docente, sendo que podem-se destacar: cargas físicas – exigências na materialidade externa e que se modificam na interação com o corpo (interação ambiental), e cargas psíquicas – disposições psicológicas que adquirem materialidade no próprio corpo e se expressam por meio dele (reações emocionais), que influenciam direta e indiretamente na saúde e na vida dos professores (CRUZ 2010, p.152).

               Neste processo de cargas  trabalho do docente, se desenvolve  no educador vários males que podem ser causados pelo estresse:  

  • Doenças cardiovasculares: aumenta o risco de enfarte e derrame.
  • Gastrite, úlceras, doenças no estômago.
  •  Diabetes: liberação extra de açúcar.
  •  Doenças do Pulmão: baixa oxigenação provocada pela respiração mais rápida.
  •  Crises de Ansiedade generalizada.
  •   Síndrome de  BURNOUT (Queimar até a exaustão): despersonificação, falta de atenção e concentração, impaciência, baixa autoestima, irritabilidade, agressividade, negligência, etc.  (LEVY,  2004).

                 É neste sentido que a prática do professor vem mudando através de medicamentos, falta ao trabalho por motivos diversos, baixo rendimento na sala de aula e um pedido silencioso de ajuda ao ponto de outros indivíduos não fazer opção por ser educador fazendo com que o magistério e licenciaturas a cada ano são esvaziados por falta de profissionais que queiram ser capacitados para a educação.

 

Considerações gerais

                Na perspectiva de saúde-educação e educador requer um repensar: porque o professor esta adoecendo? Como tornar o professor mais humano nos sentimento e menos estressado na sala de aula? Por que a educação chegou ao ponto em que o professor não quer mais ensinar? Quais fatores os professores sofreram para chegar a esta calamidades de síndromes adquiridas no trabalho mais exaustivo na profissão de professor? O que fazer diante disto?

               Considerando que, o Brasil não nasceu com a educação e sim com a religião onde os professores ensinavam a rezar e não educavam para o trabalho e sim para a Fé. Os jesuítas fizeram o seu papel como educadores na sua profissão de fé e enriqueceram as instituições em que o poder emanava dos governantes e não se interessavam pela educação do povo na época. Portanto, ocorreram muitas mudanças e a profissão de professor ficou  determinada a fazer mão de obra para os indivíduos acreditarem que é possível uma educação com professores doente e desvalorizados na saúde e na educação.

Referência

BASTOS,  J. A. Q. R. O mal-estar docente, o adoecimento e as condições de trabalho no exercício do magistério, no ensino fundamental de Betim/MG. Belo Horizonte, 2009.

CORTEZ, P.A.; SOUZA, M.V.R.de.; (et  AL ).A saúde docente no trabalho: apontamentos a partir da literatura recente. Cad. Saúde Colet., 2017, Rio de Janeiro, 25 (1): 113-122 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cadsc/v25n1/1414-462X-cadsc-1414-462X201700010001. Acessado em 20/12/2017.

CRUZ,  R.M, Lemos, J.C, (et. al). Saúde docente, condições e carga de trabalho. Revista Electrónica de Investigación y Docencia (REID), 4, Julio, 2010, 147-160. ISSN: 1989-2446 . Disponível em: http://www.revistareid.net/revista/n4/REID4art8.pdf. Acessado em 20/12/2017.

 LANDINI, S.R. Professor, trabalho e saúde: as políticas educacionais, a materialidade histórica e as conseqüências para a saúde do trabalhador-professor. V I  Seminário  da Redestrado - Regulação Educacional e Trabalho Docente, Nov.2006 – UERJ - Rio de Janeiro - RJ.

LELLO & IRMÃO. Ensinar  educar  instruir: três nomes para designar o mesmo?  In Dicionário Prático Ilustrado, Lello & Irmão Editores, 1977. Disponínel em : http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/jogo/index.htm. Acessado em 20/12/20017.

SAVIANI,  Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 34 jan./abr. 2007.