Tolerância Zero
Por josé maria couto moreira | 23/03/2016 | CrônicasA marcha da civilização é historicamente avassaladora, e nada detém a volúpia do homem rumo ao futuro e à expansão das fronteiras do conhecimento. A superior determinação da multiplicação dos homens compõe o destino da terra. O avanço em todos os setores da atividade sobre o planeta traz os seus ganhos à humanidade, causando, outrossim, como resultado de seus esforços e dos riscos a eles inerentes, fenômenos indesejáveis no curso da evolução social e tecnológica. Na idade da pedra, o homem aparelhou-se e defendeu-se com as próprias pedras. Com a descoberta da pólvora, igualmente, o homem tanto matou como morreu em virtude daquela mistura sinistra. Mais além, o impulso dos homens pelas conquistas territoriais foi sucessivamente criando e aperfeiçoando artefatos para o êxito na eliminação dos contrários, até que, no século passado, em nome da melhor conduta dos homens frente a seus apontados inimigos, invocando princípios de sobrevivência, supostamente ameaçados, o homem dizimou, em dois terríveis e inesquecíveis episódios atômicos mais de trezentos mil inocentes, uma gente que esperava muito mais viver do que morrer.
E é assim que caminha a humanidade. A cada dia o homem se prepara para não sucumbir, alertado pela lição profética do romano: se queres a paz, prepara-te para a guerra. E como tentativa para afastar povos e nações belicosas em proveito da paz mundial é que surgiu a Organização das Nações Unidas, organismo que, por vezes, as nações desconhecem sua autoridade para cometer seus desatinos. Contudo, há de se reconhecê-la como um contrapeso poderoso nos instantes da cólera ou dos interesses insatisfeitos das nações. É um ensaio da tolerância zero no concerto universal.
Na ordem mundial, a recalcitrância e a contumácia dos homens obriga a que se construam novas defesas contra esses. Os países, a cada dia, aperfeiçoam sua legislação e os recursos de enfrentamento, a esperar que os violentos e os maus se contenham diante da repressão eficaz. É o que precisamos no Brasil. Em Belo Horizonte, se os poderes públicos municipal e estadual adotarem o modelo vitoriosamente implementado pelo ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliano, iríamos obter os mesmos resultados que os novaiorquinos obtiveram. Não podemos mais assistir passivamente à violência, aos crimes e à degradação da cidade. O que hoje ocorre neste país é a notória banalização dos crimes e infrações penais, e Belo Horizonte, que nos interessa particularmente, está se transformando numa metrópole com as mazelas de todo grande centro. É imperioso que as autoridades ajam de imediato com todo o empenho. A tolerância zero, que se espera, irá não apenas evitar males que se propagam, mas o Estado alcançará redução de despesas pela redução da criminalidade e, quem sabe, o desaparecimento destes vândalos que picham e deformam nossa paisagem urbanística.
O Estado, a cidade e seus condôminos só tem a ganhar.
Com a palavra a Defesa Social e a prefeitura da Capital.
Advogado, ex-procurador do Estado