Todos estamos de passagem: Hafiz é um dos mais famosos eruditos orientais que surgiu no século XIV na cidade de Shiraz, na Pérsia. Um homem buscador de ciência, viajava por toda parte para conhecer os mestres e descobrir novos conhecimentos. Quando chegou a Shiraz, perguntou às pessoas sobre figuras importantes da cidade; falaram-lhe sobre Hafiz. O viajante foi visitar o grande sábio; ficou surpreso ao vê-lo morando numa barraca de palha com um pequeno tapete no chão, sem mobília alguma, com apenas alguns livros e um pote de água. Ó mestre! Onde estão seus pertences? - Perguntou o viajante. - E onde estão os seus? - retorquiu Hafiz. - Os meus? Eu estou aqui só de passagem. - Eu também, - disse o grande Hafiz. Este curto diálogo abre uma nova visão para a vida, para uma vida simples, menos complicada e menos impregnada de matéria. Até por pura lógica se faz necessário uma revisão no modelo atual da vida humana. A questão de ter conforto se tornou um assunto cada vez mais polêmico. Será que existe matéria prima suficiente na terra, para todos terem o que o padrão atual da sociedade estabeleceu? Devido a uma visão imediatista, quase todas as pessoas pensam em estudar, trabalhar para ganhar muito dinheiro, para a aquisição de bens e objetos, numa escala crescente. Esse mesmo ideal é a razão de todas as infelicidades que atormentam os homens. A vida se transformou numa corrida em que ninguém mais se sente tranqüilo e sossegado, mesmo quando consegue tudo aquilo que desejou. A indagação de Hafiz focaliza a transitoriedade da vida material. Nesse contexto, o conforto tem uma importância relativa; não pode se tornar o propósito principal. Faz-se necessário, portanto, uma mudança nos próprios propósitos da vida, de modo a conduzir a concentração dos esforços humanos para aquisição das coisas qualitativas, e não quantitativos. Por exemplo, um médico pode dedicar-se a atingir a excelência no seu ramo, e ao mesmo tempo tentar baratear os tratamentos, para que muito mais gente possa ter acesso aos serviços especializados. Não é isso que deveria ser o objetivo de vida das pessoas: servir às outras? É responsabilidade de cada indivíduo desenvolver e lapidar suas excelentes qualidades, e ainda preservá-las, para que todas as pessoas sejam beneficiadas com a sua prática. Por exemplo, a virtude da honestidade evidenciada por alguém, é de utilidade pública e favorece a todos de uma forma ou de outra. " Ó Filho do Ser! Se teu coração anseia por este domínio eterno, imperecível, por esta vida antiga e imortal, abandona a soberania efêmera e fugaz." Palavras Ocultas de Bahá'u'lláh "Ó Filho da Vanglória! Por uma soberania efêmera, abandonastes Meu domínio imperecível e com as vestes ornadas do mundo vos enfeitastes, ufanando-vos disso. Por Minha beleza! Hei de reunir todos debaixo da coberta unicolor do pó e apagar as cores diversas de todos, salvo daqueles que escolherem a Minha própria cor, a qual é a expurgação de toda cor." Palavras Ocultas de Bahá'u'lláh Do livro : Sabedoria é a Luz que Guia.