Já dizia o grande poeta Cazuza que todo mundo tem um ponto fraco, seja uma pessoa, uma profissão ou, simplesmente, uma obsessão. O ponto fraco é justamente aquele assunto que só de ser mencionado tem a capacidade de deixar o outro triste e arrepiado simultaneamente, uma sinfonia de sentimentos que são complexos e aliados ao mesmo tempo.

            Quando as pessoas realmente gostam alguma coisa, abdicam de várias outras em prol de um único objetivo, de se sentirem realizadas mediante aquilo. Um famoso papo de divã de psicólogo é o rotineiro conselho que devemos gostar primeiro da gente para depois gostarmos das outras pessoas, que devemos estar bem fisicamente e psicologicamente para depois nos dedicarmos a uma determinada causa. Isso é verdade, pois devemos nos valorizar primeiramente para depois cobrarmos tal conduta dos outros, porém não acredito que seja uma verdade universal.

            Vamos aos fatos. Quem nunca amou e desistiu de coisas que adorava para agradar a outra pessoa? A base de um relacionamento é essa, abrir mão de prioridades e ser feliz, em que as pessoas são capazes de fazer tudo da mesma maneira em outra oportunidade apenas para se sentirem assim, completas, únicas e realizadas. Quando se ama, mas não digo uma paixão avassaladora, falo em amor, em querer bem, as prioridades passam a ser secundárias e o melhor disso tudo é nem sentir falta delas.

            Todas as pessoas têm um ponto fraco. Um dos meus, entre vários os monstros que me habitam (se assim posso denominar) é o curso de jornalismo. Após fazer dois anos dessa faculdade, desisti do curso, mesmo sabendo quer era a profissão que eu queria seguir, que era uma atividade prazerosa, meu escapismo onde me realizava. Hoje não me arrependo da decisão que tomei, mas sinto muita falta de tudo, como se eu estivesse esquecendo uma parte minha, e fundamental. É só mencionar algo que me remete ao curso que a minha armadura de proteção torna-se ineficaz e meus fantasmas aparecem, mas sou eu quem deve escolher deixar que todos percebam ou mostrar-me superior a toda situação.

Certo dia, escutei uma frase de uma pessoa surpreendente cujo contexto remetia a idéia de que na vida todas as pessoas têm a garantia de ter um “não” como resposta, ou seja, que em determinadas situações o máximo que pode acontecer é uma negação a uma proposta. Assim, cabe a cada um interpretar o seu não, se vale a pena encarar como uma meta para melhorar, um incentivo para buscar novas alternativas ou simplesmente, que aquela situação tão almejada já chegou ao fim, então caberá a pessoa procurar a melhor maneira para fazer o seu novo começo. Esse é o dilema da vida, vários encontros e desencontros que tornam tudo interessante, que fazem do cotidiano uma caixinha de surpresas ou uma bomba pronta para explodir, mas que tornam cada dia único, que deve ser aproveitado ao máximo para atingirem o patamar de surreal.

Que todo mundo tem o seu Tendão de Aquiles é fato, mas o que deve ser considerado é a maneira como se encara as lesões. Vivemos 24 horas diárias, pouco tempo para realizar tudo o que se deseja, às vezes nem uma vida inteira é suficiente para cumprir todas as metas estipuladas. Assim, as pessoas deveriam fazer o que tivessem vontade para poderem falar que pelo menos tentaram e não pensarem tanto no “se”, ou seja, em como teria sido se elas tivessem feito alguma coisa. Caso ocorra algum arrependimento nessa jornada, é normal, mas encará-lo como uma forma de aprendizado é melhor, pois o que importa é viver a vida, em que cada um deve escrever nas páginas de um livro em branco, sendo o autor de sua própria história.

 

(Mariana Tannous Dias Batista)