(*) Kédma Macêdo Mendonça, Luciana Rodriguês Maciel e Sibele Silva Leal Rodriguês.

Será que é certo chamar as professoras da Educação Infantil de tias? Por que as crianças e os pais se sentem mais confortáveis chamando as assim? Por que no Ensino Fundamental e Médio as professoras geralmente não são chamadas de tias?

Para começarmos, vamos observar os conceitos:

Educação: Educação é o ato de educar, de instruir, é polidez, disciplinamento.

Ensino: Transferência de conhecimento, de informação, instrução. O ensino é a ação e o efeito de ensinar, instruir, doutrinar e amestrar com regras ou preceitos.

Será que podemos partir da idéia de que Educação é uma coisa e Ensino seja outra?

Infelizmente a Educação Infantil ainda é vista por muitos como assistencialista, e não adianta reclamarmos, pois a tempos atrás era assim mesmo, e nós como profissionais que somos, temos o dever de mostrar que essa realidade mudou. Que cuidamos sim, mas que hoje temos objetivos e metas. Devemos mostrar que para exercer essa função, não basta somente gostar de criança, temos que ser capacitadas, formadas para fazer com que essa criança avance integralmente, como diz a LDB em seu artigo 29: A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Desta forma cabe a nós professores que estamos frente a frente aos pais todos os dias tomarmos postura e aos poucos disseminar esse pensamento, mostrando que temos sim afeto pelas crianças, mais que estamos lá com outros objetivos, que somos professoras e estamos ali porque fomos qualificadas, que estudamos, que temos uma carga enorme de conhecimento teórico, grande parte dos pais não sabem disso. E mais, nós professores de Educação infantil precisamos sim traçar um elo de confiança e respeito com os pais, porque eles também precisam confiar em nós, pois deixam todos os dias o bem mais precioso do mundo em nossas mãos.

Porém de nada adianta tanta formação se a criança não conseguir te sentir próximo dela, se você não conseguir passar segurança, não conseguir ter um olhar sensível sobre ela, um olhar realmente materno, onde ela sinta seu carinho, sua proteção, seu amor, a criança quer ser ouvida, ela precisa se sentir importante, pois ela não é mais uma no meio de tantos, ela é única.

Cada professor ao ser chamada de tia (o) pode interpretar de uma forma, e a forma que eu interpreto é a de que o termo “tia” as faz se sentir segura, confortável, tia é alguém da família sim, é uma pessoa com quem a criança se sente confiante, confortável e segura, não só as crianças, mas também os pais.

“A criança, ao se desenvolver psicologicamente, vai se nutrir principalmente das emoções e dos sentimentos disponíveis nos relacionamentos que vivencia. São esses relacionamentos que vão definir as possibilidades de a criança buscar no seu ambiente e nas alternativas que a cultura lhe oferece, a concretização de suas potencialidades, isto é, a possibilidade de estar sempre se projetando na busca daquilo que ela pode vir a ser.” Mahoney (1993, p. 68) 

A afetividade tem grande poder na formação da criança, pois esta relação influenciará em toda sua vida adulta e em sua relação com o mundo.

(*) Kédma Macêdo Mendonça, Luciana Rodriguês Maciel e Sibele Silva Leal Rodriguês, pedagogas, são professoras na rede municipal em Rondonópolis-MT.