The Good President

Félix Maier

18/09/2020

Alguém já me disse que Bolsonaro é autista, assim como o médico do seriado The Good Doctor. Se é autista ou não, não sei. Também não sei se isso seria bom ou ruim para a biografia do Presidente.

Certas ações e falas do Presidente levam a crer que isso seja possível. Há reações que demonstram total falta de jogo de cintura, sem maldade pré-concebida, mas pueril, como no caso em que foi chamado de "estuprador" pela deputada Maria do Rosário e, em vez de processar a caluniadora, apenas quis ser engraçado, dando uma resposta sem graça, que lhe valeu um processo, ao dizer que a petista não merecia ser estuprada.

Será que o uso da máscara nestes tempos do corona causa tamanha aflição ao Presidente, devido a alguma síndrome desconhecida, logo ele, que deveria ser o primeiro a dar bom exemplo à população?

Há reações absolutamente inesperadas e aparentemente inaceitáveis, quando falou "e daí?" e "não sou coveiro", ao ser questionado pelo grande número de mortes por Covid-19 no Brasil. "Todos nós morremos um dia".

Afinal, o que um ser humano sozinho pode fazer frente a uma pandemia inesperada, desconhecida e mortal, cujas respostas dependem de muitos setores da sociedade, como as científicas e as de Saúde, não só do Presidente, que é tolhido em suas ações pelo STF?

Desde o início da pandemia, Bolsonaro alertava para a miséria que o #FiqueEmCasa podia trazer aos brasileiros. Os ambulantes e desempregados das periferias urbanas não se podem dar ao luxo de ficar meses em casa, com a geladeira cheia, acessando a Netflix, tomando vinho premiado, comendo lagosta gigante à beira da piscina e fazendo lives nas varandas. Se o ambulante não for à rua para ganhar o dinheiro do dia, todos em casa passam fome. Essa é a realidade de milhões de pessoas no Brasil. Dizia The Good President que as pessoas jovens e saudáveis deveriam continuar trabalhando, ficando em casa apenas as pessoas do grupo de risco, como idosos e aqueles com alguma comorbidade. Os últimos dados do IBGE, relativos a 2018, afirmam que 10 milhões de brasileiros passavam fome. Quantos milhões de famintos temos no momento, devido ao desemprego em massa ocasionado pela pandemia? Vinte milhões? Trinta milhões? Nem por nada, sempre aparece, mês a mês, a repetição da tag #Bolsonarotemrazâo.

Há respostas intempestivas do Presidente, especialmente quando é inquirido por jornalistas maldosos, que perguntam de onde veio o dinheiro que caiu na conta de sua mulher Michelle. Ou de um obscuro jornalista de O Globo, cujo sonho realizado foi ver estampado no jornal e na TV, de que foi ameaçado de levar um tapa de Bolsonaro.

A rigor, Bolsonaro foi sempre de uma sinceridade que quase chega às raias da insanidade, ao dizer essas coisas. Falta de sensibilidade? Falta de solidariedade? Falta de diplomacia? Ou apenas o rompante super-sincero de alguém que pode ser The Good President, que vive num mundo à parte e diz as coisas na lata, sem rodeios e floreios?

Falta de caráter, eu tenho certeza de que não é.

Com a palavra, the good and bad doctors.

Não vale palpiteiro de TV, da Mídia Antifa, nem do Bar do Cuspe Grosso.

Será que o doutor da propaganda eleitoral das fake news do TSE tem alguma coisa para dizer?