TEXTOS MULTIMODAIS: LEITURA E PRODUÇÃO de Ana Elisa Ribeiro
Por SHEILA FABIANA DE PONTES CASADO | 25/01/2017 | EducaçãoÉ preciso reconhecer toda riqueza semiótica disposta hoje nos meios de comunicação e o quão estes gêneros vêm mudando a forma de ler e produzir textos dos alunos. A escola ainda encontra-se arraigada a linearidade dos textos, mas, deve avançar no sentido da leitura e produção multimodal por estes gêneros fazerem parte da visualização diária dos alunos com uma estrutura dinâmica e de fácil compreensão, o que oferece novas propostas para o ensino.
A presença da multimodalidade traz diferentes possibilidades de leitura e produção de textos para o interior da escola, fazendo-se necessário refletir como estes gêneros têm adentrado a escola, como se dá a leitura, a compreensão e valorização da produção de textos verbovisuais e principalmente o tratamento recebido nas aulas que têm a linguagem como objeto de aprendizagem. Assim, como tem sido dirigido o ensino de língua materna diante desse novo perfil do aluno nas práticas de leitura, produção e visualização? A multimodalidade tem ocupando cada vez mais espaço e facilitado à vida das pessoas, mas na escola o contato com esses gêneros ainda têm sido secundarizados e ficado por conta das disciplinas Geografia e Matemática como apontado no estudo.
O livro Textos Multimodais: leitura e produção apresenta o resultado de uma pesquisa realizada com alunos de escolas públicas em nível médio e está organizada em oito capítulos os quais têm como palavras-chave: educação- inovações tecnológicas, tecnologia da informação- aspectos sociais, sociedade da informação, comunicação e tecnologia. A bibliografia do livro nos convida a leitura, pois, Marcuschi, Cairo, Dell Isola, Fiad, Rojo, Kress, Duarte, Meira e Pinheiro, são algumas das referências usadas por Ribeiro. O título é desafiador, pois como trabalhar leitura e produção com textos multimodais?A obra aponta sugestões que podem ser levadas para as mais distintas realidades.
O primeiro capítulo Um caso com jeito de sugestão exibe uma experiência com alunos de engenharia num cenário educacional como ainda acontece na maioria das escolas- desconectado da linguagem social. Ribeiro passeia pelos conceitos de oral/escrito como continuum (Marcuschi, 2001) ou modalidades distintas (Kress, 2003), mas afirma que o essencial é a apreensão dos diferentes modos de comunicar para que possam usá-los com maestria- objetivo da linguagem/língua. Tece uma crítica no entorno do modo de condução das atividades de retextualização/transformação-oral/escrito apresentando uma situação de retextualização, fazendo uso da linguagem multimodal, percebendo a diversidade de modula-ções da linguagem nos ambientes da web, discursividade, impresso ou visual. Ribeiro, aponta reflexões no entorno da multimodalidade como possibilidades de ampliação da escrita, de acordo com o ambiente a que se destina. Dell'Isola (2007) traz o conceito que melhor se aplica a retextualização e d'Andréa de reescrita. O grande desafio é fazer uso de ferramentas adequadas que fossam ampliar o potencial dos alunos nestas produções. É possível.
O capítulo dois intitulado: Por que escrever infografia, explica os fundamentos teóricos e campos do conhecimento que justificam como os alunos lidam com a leitura infográfica e onde aprenderam a ler textos multimodais, como lidam com ele e suas produções. Faz uso da infografia jornalística como texto principal considerando assim sua ampla circulação nos dias atuais e principalmente como este gênero é tratado na escola. Apresenta o conceito de texto num processo de construção histórica, focalizando as relações entre letramento e multimodalidade, design e visualizações acelerando sua compreensão na escola e fora dela. Vale destacar os resultados do INAF [1] e PISA [2] e exames nacionais, com relação às habilidades de leitura dos brasileiros e possíveis causas para tais resultados.
No capítulo três Leitura com grupos de alunos retrata o método adotado para desenvolvimento da pesquisa pensado para produzir diversas situações de aprendizagem na leitura e produção de textos com palavras e imagens. Apresenta o perfil do grupo de estudos, técnicas utilizadas, levantamento de hipóteses, comprovações e questionamentos a respeito de material apresentado. Os estudantes inserem neste estudo informações reveladoras sobre a intimidade das salas de aula e o tratamento destes textos nas aulas de português, como também o papel da escola no alfabetismo e letramento dos jovens.