TEUS PECADOS ESTÃO PERDOADOS........ VAI EM PAZ!

Ao longo dos séculos, a Igreja foi discernindo que entre suas celebrações litúrgicas existem sete que são, no sentido próprio da palavra, sacramentos instituídos pelo Senhor.
A penitência ou reconciliação é um dos sacramentos da CURA ou TERAPÉUTICO e como disse o Padre Adilson qualquer palavra limita a definição do sacramento da confissão.
O Catecismo recorda, com muito acerto, que qualquer sacramento é celebração da Igreja toda, sendo, portanto, uma ação litúrgica.
O lugar normal e próprio para a Celebração da Reconciliação é o espaço sagrado, isto é as igrejas, capelas e oratórios. Mas, por razões pastorais, pode-se celebrar a Reconciliação em outros locais, desde que de modo digno e respeitoso. É necessário que cada igreja tenha um horário determinado para a confissão e que haja também um local próprio para a celebração do sacramento. Na confissão individual, dita também "auricular", o sacerdote acolhe o penitente, exorta-o ao arrependimento, recordando-lhe a misericórdia do Senhor. Depois, o penitente confessa os seus pecados; a confissão é seguida de conselhos do sacerdote e de uma penitência, que o sacerdote propõe ao penitente. Finalmente, é dada a absolvição e, com um convite a louvar o Senhor, o sacerdote despede o fiel.

Esse sacramento chama-se:
1. Sacramento da Conversão (caminho de volta ao Pai);
2. Da Penitência (esforço de conversão, de arrependimento e de satisfação por parte do cristão pecador);
3. Da Confissão, porque a declaração, a confissão dos pecados diante do sacerdote é um elemento essencial desse sacramento, além da confissão que se faz da santidade de Deus e de sua misericórdia para com o homem pecador;
4. Do Perdão, porque, pela absolvição sacramental do sacerdote, Deus concede "o perdão e a paz";
5. Da Reconciliação: porque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia. Quem vive do amor misericordioso de Deus está pronto a responder ao apelo do Senhor: "Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão" (Mt 5,24).

A Igreja é dispensadora da misericórdia de Deus no mundo, sobretudo através do sacramento da reconciliação. A ela Cristo concede o poder de perdoar os pecados. O sacramento da reconciliação possibilita a reconciliação do pecador com Deus e com a Igreja da qual é membro. No sacramento da reconciliação o cristão fragmentado pelo pecado vive a esperança do perdão que traz consigo renovação interior, renovação em suas relações e verdadeira paz. A misericórdia de Deus na vida da Igreja é sinal de que é possível um ser humano novo e um mundo novo pela reconciliação.
Todo o ser humano, que descobre o Deus misericordioso, não tem outro modo de viver que não se convertendo a ele continuamente, pois a autêntica conversão a Deus consiste sempre na descoberta da sua misericórdia, ela "é sempre fruto do retorno para junto deste Pai, que é ?rico em misericórdia?" (Dives in Misericórdia 13). Ao descobrir este Deus misericordioso, o ser humano passa a viver em contínuo estado de conversão.
É missão da Igreja, como continuadora da obra redentora do seu divino fundador, suscitar no coração do homem a conversão e a penitência e proporcionar-lhe o dom da reconciliação.
Segundo o Concílio de Trento7, Cristo instituiu o sacramento da reconciliação nas palavras de Jo 20,22s: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes ser-lhes-ão retidos". O Pai envia Cristo, e Cristo envia os seus discípulos para o perdão dos pecados. É da plenitude do Espírito que surge o poder de perdoar os pecados.
O sacramento da reconciliação, por sua vez, é denominado como o segundo batismo ou o batismo laborioso.
Os fiéis que procuram o sacramento da penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa que lhe fizeram. Ao mesmo tempo, se reconciliam com a Igreja, que ofenderam ao pecar e que contribui para sua conversão pelo amor, pelo exemplo e pelas orações (Lumen Gentium 11).
No sacramento da reconciliação há uma estrutura fundamental, ou seja, elementos ou partes indispensáveis por parte do penitente e do ministro da reconciliação. Um primeiro e fundamental elemento é a contrição.
O Concílio de Trento assim define contrição: "É uma dor da alma e detestação do pecado cometido, com o propósito de não tornar a pecar" A contrição é sinal e manifestação do amor de Deus, que desperta no coração do ser humano a consciência de seu pecado e o desejo de uma autêntica e profunda conversão.
E a contrição imperfeita, chamada atrição, porque nasce geralmente da consideração do peso do pecado ou medo do inferno e dos castigos, ou seja, uma contrição por medo.


Para se fazer uma boa confissão são necessárias 5 condições:
a) um bom e honesto exame de consciência diante de Deus;
b) arrependimento sincero por ter ofendido a Deus e ao próximo;
c) firme propósito diante de Deus de não pecar mais, mudar de vida, se converter;
d) confissão objetiva e clara a um sacerdote;
e) cumprir a penitência que o padre nos indicar.
Somos obrigados a confessar todos os pecados graves (mortais). Mas é aconselhável também confessar os pecados leves (veniais) para exercitar a virtude da humildade.
O católico deve confessar-se no mínimo uma vez por ano, ao menos a fim de se preparar para a Páscoa. Mas somos também obrigados toda vez que cometemos um pecado mortal.
Os Padres, Bispos e mesmo o Papa se confessam com frequência, conforme o mandamento: "Confessai os vossos pecados uns aos outros" (Tg 5,16 ).
Segundo Rahner:
"Uma vez que a celebração dos sacramentos constitui a liturgia no sentido próprio do termo, o penitente na acusação cumpre verdadeira função na liturgia da Igreja. Não recebe apenas o efeito da ação litúrgica de outros. Também nele a Igreja age e celebra seus ministérios. Comovente liturgia, liturgia da Igreja dos pecadores."
Toda a Igreja, portanto, participa ativamente do processo de reconciliação do pecador arrependido. Porém, a estrutura teológica sempre exigiu ministro que presidisse aos fiéis reunidos em nome do Senhor (cf. Lumen Gentium 28). O exercício do sacerdócio comum no sacramento da reconciliação não exclui o exercício do sacerdócio ministerial, mas ao contrário o exige. Embora toda a Igreja participe da celebração do sacramento da reconciliação, apenas o bispo ou o presbítero são os ministros desse sacramento.
O ministro da reconciliação não age só "in persona Christi, mas, também in persona Ecclesiae"38. No ministério da reconciliação trata-se, sem dúvida, "do ministério mais difícil e delicado, do mais cansativo e exigente; mas também de um dos mais belos e consoladores ministérios do sacerdote" (Reconciliatio et Paenitentia 29). Ele "está acima de qualquer outro compromisso presbiteral, exceto a celebração da Eucaristia". No exercício desse ministério, os presbíteros agem em comunhão com o bispo, pois é ele o moderador da disciplina penitencial (cf. Lumen Gentium 26).
O ministro da reconciliação, ao ouvir confissões, "desempenha simultaneamente o papel de juiz e de médico" (Código de Direito Canônico 978).
"Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote cumpre o ministério do bom pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, que não faz acepção de pessoa e cujo julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo. Em suma, o sacerdote é o sinal e instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador" (Catecismo da Igreja Católica 1465).
No contexto atual exercer o ministério da reconciliação requer certas exigências, sobretudo com a forte crise moral e a consequente perda do sentido de pecado. Diante de um mundo tão conturbado, o sigilo sacramental reflete o respeito e dignidade da pessoa que confessa seus pecados. Sabe-se que é Deus quem perdoa, o ministro é instrumento, canal da graça de Deus. Mas, ele tem um papel muito importante diante do contexto atual, onde há pouco espaço para a escuta e para a vivência do perdão. É alguém que se dispõe livremente em Cristo no ministério do perdão. Embora ele seja também pecador, um cuidador também ferido pelo seu próprio pecado, ele é verdadeiro ministro, pronto para perdoar em nome de Cristo, pronto para reconciliar em qualquer momento o cristão fragmentado em suas relações pelo pecado.
Ao se perguntar pelas causas da crise desse sacramento, constata-se não haver um problema em si, ou seja, no sacramento, mas há certo afastamento da reconciliação devido ao próprio contexto cultural e moral em que se vive. A dificuldade em aceitar a mediação religiosa, especialmente no que tange à intimidade da consciência, é predominante nos tempos atuais, porque tal mediação é concebida como uma imposição, como algo externo que vem reduzir o campo da autonomia e da liberdade. É preciso, portanto, compreender a mediação da Igreja no sacramento da reconciliação como a ação de Cristo que vem ao encontro do ser humano fragmentado para oferecer-lhe a reconciliação e a paz verdadeira.
"Uma vez que a confissão diante da comunidade se faz somente ao sacerdote, e este está obrigado a um sigilo incondicional, ela evita o escândalo e que o pecador fique marcado socialmente para sempre" (SCHMAUS, Michael, op. cit., p. 166). "O confessor, sabendo que conheceu na qualidade de ministro de Deus, a consciência secreta de seu irmão, está obrigado a guardar religiosamente o sigilo sacramental"
Um dos mais rígidos deveres impostos ao sacerdote pela Igreja é o segredo da confissão.O sacerdote é rigorosamente e totalmente proibido de revelar o que ouve dos fiéis no confessionário. O descumprimento desse dever é considerado um dos maiores e mais graves pecados que um sacerdote pode cometer e o sujeita a penalidades severíssimas impostas pela Igreja.

O confessor deve mostrar-se sempre disposto a ouvir as confissões dos fiéis, sobretudo nos casos de urgente necessidade. Nos perigos de morte, qualquer sacerdote poderá ouvir confissões (cf. Código de Direito Canônico 986).
A confissão individual e íntegra e a absolvição constituem o único modo ordinário pelo qual o fiel, consciente de pecado grave, se reconcilia com Deus e com a Igreja; "somente a impossibilidade física ou moral o escusa desta forma de confissão, podendo neste caso obter-se a reconciliação também por outros meios e por isso. "todo aquele que, em razão do ofício, tem cura das almas, está obrigado a providenciar para que sejam ouvidas as confissões dos fiéis que lhe estão confiados e que de modo razoável peçam para se confessar, a fim de que aos mesmos se ofereça a oportunidade de se confessarem individualmente em dias e horas que lhes sejam convenientes" (S.S. João Paulo II em sua Carta Apostólica Misericórdia Dei).

Nas últimas décadas, especialmente após o Concílio Vaticano II ? e tendo em vista crescentes dificuldades decorrentes do número insuficiente de sacerdotes ? a confissão individual vem sendo substituída por uma Confissão Comunitária, em que a narrativa dos pecados não é feita aos demais participantes, mas os erros cometidos são revistos silenciosamente por cada pessoa, antes de juntos todos orarem o "Ato de Contrição".


A reconciliação é o sacramento dos que vivem a esperança. É o sacramento que possibilita a experiência de uma vida aberta para o amanhã absoluto, para a esperança, para a renovação do homem.
Diz o Documento de Aparecida que o sacramento da reconciliação é o lugar onde o pecador experimenta de maneira singular o encontro com Jesus Cristo, que se compadece de nós e nos dá o dom de seu perdão misericordioso, nos faz sentir que o amor é mais forte que o pecado cometido, nos liberta de tudo o que nos impede de permanecer em seu amor, e nos devolve a alegria e o entusiasmo de anunciá-lo aos demais de coração aberto e generoso57.
O sacramento da reconciliação é, antes de tudo, "evento religioso, evento salvífico, evento pascal e trinitário, encontro do pecador arrependido com o amor pascal do Pai pelo Filho e no Espírito que anima a Igreja e age nela" A reconciliação remonta diretamente à Páscoa de Cristo, portanto, o perdão dos pecados acontece "uma só vez por todas e apenas na Cruz de Cristo.
Rahner assevera que "o perdão é o milagre maior e incompreensível do amor de Deus, porque nele Deus se comunica a si mesmo e precisamente a um homem que por uma banalidade apenas aparente do dia-a-dia realizou o ato horripilante de dizer ?não? a Deus"

A penitência ou satisfação
Em toda confissão, o sacerdote deve impor-nos uma penitência, que costuma consistir em algumas orações, algum sacrifício ou obra de caridade, etc. O seu significado é de «reparação» pelos pecados cometidos. É claro que as almas generosas costumam acrescentar livremente, por conta própria, outras orações e sacrifícios, com desejos sinceros de amar a Deus, reparando o mal cometido. É bom proceder assim, ainda que não seja obrigatório.
Convém cumprir a penitência quanto antes. Faz parte do Sacramento (dos «atos do penitente») e tem o valor do Sacramento: o fato de rezarmos uma Ave-Maria imposta pelo confessor como penitência é um ato «sacramental» e, por isso, tem mais valor que qualquer Ave-Maria ou dezenas de Ave-Marias que nós rezemos por iniciativa pessoal com fins de penitência. Vale à pena fazer a penitência - normalmente bem fácil de cumprir - com o maior esmero e fervor possível.


Conclusão-

Confissão é o encontro com o amor misericordioso de Deus, nos restitui nos devolve a graça santificante, a amizade de Deus, bem como os méritos que perdemos por causa do pecado. A Confissão nos traz muitas forças para não mais pecar.
Jesus Cristo, no seu amor, vem em auxílio do pecador por meio de um Sacramento especial. Durante sua vida terrena, perdoou aos pecadores arrependidos, e na Cruz expiou a culpa de toda a humanidade. No dia da sua Ressurreição, deu aos Apóstolos e aos seus sucessores no sacerdócio, o poder de perdoar os pecados em seu nome. Instituiu assim o Sacramento da Confissão ou Penitência e o confiou à sua Igreja.

Absolvido, o pecador experimenta em si a alegria da paz. O projeto da vida batismal, desfigurado pelo pecado, é reconstruído pela graça de Deus. O penitente é, agora, uma nova criatura. Por isso que, na opinião do Pe. Härig, "a alegria é a nota mais viva da absolvição".
A pessoa que se deixa interpelar pela Palavra de Deus é inclinada à conversão e essa conversão toca no mais profundo da existência. Deixar-se tocar por Deus é, de certa forma, permitir que Ele haja na vida. Isso implica que se deixem de lado mecanismos de defesa e autojustificações.
O principal efeito do perdão pelo sacramento da reconciliação consiste na reconciliação com Deus, que pode ser acompanhado de paz e serenidade da consciência, com consolação do espírito. Com efeito, o perdão traz consigo a reconciliação com a Igreja. Esta reconciliação com a Igreja "(pax ecclesiae) é o sinal e a manifestação externa pela qual se realiza a reconciliação do pecador arrependido com Deus"
"O sacramento da reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira ?ressurreição espiritual?, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade com Deus"
Com o sacramento da reconciliação, o Pai acolhe o seu Filho que regressa; Cristo coloca sobre os ombros a ovelha perdida, reconduzindo-a ao redil; e o Espírito Santo santifica de novo seu templo ou passa a habitá-lo mais plenamente. Isso se manifesta finalmente na participação frequente ou mais fervorosa na mesa do Senhor, havendo grande júbilo na Igreja de Deus pela volta do filho distante
O Documento de Aparecida, a respeito do sacramento da reconciliação, convida a todos os batizados que "valorizem esse presente maravilhoso de Deus e se aproximem dele para renovar a graça batismal e viver, com maior autenticidade, o chamado de Jesus a serem seus discípulos e missionários" 71. Diz Jesus: "Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e a Samaria, e até os confins da terra" (At 1,8). Todo cristão é convocado, em Cristo, a se renovar, a cada dia, a superar o pecado, a viver com autenticidade a sua fé, a testemunhar, pela reconciliação, a misericórdia de Deus no mundo.
A confissão não é nova, já existia no Antigo Testamento, mas foi elevada à dignidade de Sacramento por Nosso Senhor, que conhecia a fraqueza humana e desejava salvar seus filhos.
O ato de confessar pecado é parte tanto do Velho como do Novo Testamento. Sob a velha aliança, os sacerdotes e guias confessavam seus próprios pecados e os pecados do povo a Deus (Levítico 16:21; Esdras 10:1, 11; Neemias 9:2, 3). Frequentemente, esta confissão era ligada com os dias santos ou com os sacrifícios individuais pelo pecado. As pessoas também confessavam seus próprios pecados diretamente a Deus, em oração, ou os confessavam uns aos outros (Números 5:7; Josué 7:19-21; Daniel 9:4,5,20).
Assim, concluindo a apresentação do Sacramento da Reconciliação. Vale à pena terminar, recordando a belíssima fórmula de absolvição sacramental, que revela de modo admirável o sentido do Sacramento: "Deus Pai de misericórdia, que pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e infundiu o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".