TERRA BRASILIS.

 

BRASIL.“Quem descobriu quem?”

                                            José Wilamy Carneiro Vasconcelos

1- Brasil, uma breve História.

 

                A História do descobrimento vem muito além da época em que os portugueses chegaram e avistaram pela primeira vez um monte. “Monte Pascoal”, nome dado ao primário pedaço de terra da América do Sul-(Brasil) avistado na costa nordestina pelos povos da Península Ibérica. 

                Enfim, o que queremos deixar claro é escrever História é assumir e marcar uma presença no mundo, em determinadas circunstâncias; é registrar os acertos e os erros cometidos, ou seja, o que foi considerado certo ou errado de acordo com os interesses de determinada posição social e ideológica.

                 Nesse sentido, esse registro está sendo escrita a superação de etapas- isto é, registrando vivências, você pode ter a ampla possibilidade de não incorrer nos mesmos erros.(...) Onde está a História dos escravos, dos servos, dos operários? Onde está a História dos que não podem eles próprios escrevê-la?  (AQUINO, 2008, p. 37).

                  A História nos mostra que antes da chegada dos portugueses na Terra Brasilis -“Terra de Vera Cruz”-, já habitavam, em toda a América, povos nômades que migravam constantemente em busca de melhores condições de vida, na busca de pesca e de caça, possuindo costumes, crenças, diferentes dialetos e organização do trabalho bem dividida entre os grupos. Esses nativos foram chamados de indígenas. (FARIAS, 2015, p. 6)

                    No período do descobrimento do Brasil, falo da “Invasão e Colonização dos Portugueses” em terras do nordeste brasileiro em 1500, diversos povos nativos habitavam as regiões litorâneas, com sua cultura, danças, músicas e agricultura familiar já existentes na época, como o plantio de milho, feijão, mandioca, amendoim, vivendo da pesca, fazendo seus artesanatos de palha e barro, morando em habitações (grandes construções com mais de 30 metros em estruturas feitos de madeira e palmeiras) que chamaram de Oca.

                       Prova disso consta na carta de Pero Vaz de Caminha no contato dos primeiros grupos indígenas e portugueses em 1500.¹

                      “Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.

                        (...) andam nus, sem cobertura alguma. Acerca disso são de grande inocência. Não pareciam mal.(...) davam-nos daqueles arcos e setas em troca de sombreiros e carapuças de linho, e de qualquer coisa a gente lhes queria dar”.

                         Na palavra enfatizada de Schwarz (1999, p. 06 e 07) ele descreve:

                          Efetivamente, um olhar sobre o passado, revela desde o proclamado descobrimento do Brasil em 1500, a exploração irracional e predatória de seus recursos. Os portugueses, ou bois-du brésil dos piratas franceses associada à substituição dos ecossistemas naturais pelos sistemas artificiais dos campos cultivados, sobretudo os canaviais – tal exploração tem significado a destruição progressiva da antiga Floresta Atlântica, importante reserva genética. Desse fato, desde a sua chegada ao Brasil, os colonizadores empreenderam uma luta incessante contra o meio ambiente, com o qual raramente se encontra em harmonia. (grifo nosso).

                            Os grupos indígenas existiam em toda costa, no norte (os indígenas Tupis ou tupinambás) e nordeste brasileiro (os indígenas tabajaras, potiguaras, tamoios e caetés), nas regiões litorâneas da Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí, Maranhão e Amazonas.

                              As nações indígenas Tupi não eram homogêneas, devido a grandes rivalidades internas entre os guerreiros e caciques indígenas, que foram explorados pelos europeus na tentativa de colonizar a região. Alguns historiadores não definiram de maneira transparente as principais tribos que existiam em regiões na época da colonização.    

                               A história da nação indígena na América, existe muito antes tanto da chegada de Colombo quanto da colonização dos portugueses ao povo indígena. Tal população era chamada de Colonização pré-colombiana, conforme a história demográfica do povo indígena nas Américas.

                              Destacam os estudiosos que existiam grupos indígenas não só no Brasil, mas em toda a América. Os nativos tupis, os jê, os arauques eram vistos não só no interior do Brasil, e sim na Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Estados Unidos e Canadá. 

                               Relatos ditos pelos estudiosos, antes da Invasão dos portugueses em terras brasileiras, constam que os nativos já faziam referências a nossas terras com o codinome de “Região das Palmeiras”, batizada oficialmente de Pindorama, que em tupi significa “País das Palmeiras,região influenciada na formação do povo brasileiro.

                                Vale indagar que não foi um “Descobrimento” e sim uma “Invasão e povoamento”, dos europeus na nação indígena, menos desprovida e ingênua.

                                 Os navegadores portugueses na época queriam conquistar novos territórios, pelas cartas náuticas, para as ilhas da Oceania e da Índia. Daí o nome que deram aos índios, habitantes da Terra Brasilis, pois pensavam eles que tinha chegado à Índia, em busca de encontrar riquezas, a mando de seu Rei.

                                 Não é fácil falar da verdadeira história do descobrimento e da nação indígena que habitava no Brasil antes da “Invasão dos Portugueses”.  Falo invasão em negrito, pois foram os brancos que primeiros escreveram em carta sobre os nativos que já habitavam a terra, com seus costumes, com suas crenças e com muita inocência e ingenuidade.

                                  Quando os portugueses avistaram as primeiras terras em 1500 que hoje chamamos Brasil, existia uma nação diversificada em todo território à procura de sobrevivência, especialmente na parte litorânea, por melhores condições de vida para seu povo, com clima ameno, fauna e flora para sua alimentação.

                                 A história nos mostra com clareza, não apenas pelo fato de os indígenas serem desprovidos de recursos, mas por ser povo ingênuo, acreditando em suas crenças e mitos dos seus antepassados.

                                Anteriormente os livros de Histórias faziam distinção entre os grupos indígenas Tupis e Tapuias. Hoje já se fala em semelhanças entre estes dois grupos, que habitavam na época da “Invasão Portuguesa”. Os próprios jesuítas faziam distinção entre eles, descrevendo os Tapuias como povos arredios e ferozes e forasteiros.

 

2 As Grandes Navegações Portuguesas.

 

                                 Na época, grande era a concorrência das navegações portuguesas e espanholas, bem como o atraso das navegações da França, Holanda e Inglaterra na conquista de invadir novas terras nas costas do Atlântico e do Pacífico.

                                  A monarquia portuguesa organizava sucessivas navegações no Litoral do Atlântico e no Oceano Índico para liderar o processo de expansão mercantil da Europa, resultando em um conjunto de fatores políticos para a formação da Monarquia Portuguesa.

                                   As grandes navegações e conquistas portuguesas percorreram o “Ciclo Oriental” desde 1415 por expedição militar, invadindo o noroeste da África, dando um marco inicial na expansão marítima portuguesa e alavancando o tráfego mercantil.²

                                     Nos anos seguidos, em 1445, os portugueses atingiram a Ilha do Cabo Branco, conquistaram o litoral africano, a Ilha de Cabo Verde, de Açores, introduzindo o trabalho escravo africano na lavoura canavieira, praticando o comércio de especiarias e tráfego de escravos.  

                                       Grande e árdua é a discussão entre estudiosos e historiadores no surgimento do primeiro povoamento das Américas e do Brasil. Se, por um lado, os portugueses afirmam que descobriram o Brasil, outros afirmam que a História do povoamento por muito tempo teria ocorrido a partir da África (Ásia) há mais de 11 mil anos. 

                                        Então pergunto; “Quem descobriu quem?”. Para os cientistas modernos, teria surgido numa teoria que passou ser aceita cientificamente e não se tem dúvida que os primeiros grupos humanos teriam cruzado a Sibéria e Ásia, em ondas migratórias, atravessando o Estreito de Bering, o qual tinha uma ligação entre Alasca, Estados unidos, Rússia, ocupando a América em direção ao sul do continente.

                                        Muitos cientistas e pesquisadores têm se esforçado para um verdadeiro estudo científico com recursos e pesquisas na descoberta da verdadeira História da humanidade, realizando também pesquisas do povoamento das Américas.

                                          Recentemente em 1970, a história nos mostra evidências de antigo povoamento na região brasileira, onde foi encontrado um “Esqueleto mais antigo das Américas,” de uma mulher em Lagoa Santa, Minas Gerais, e em São Raimundo no Sul do Estado do Piauí.

                                          A História nos surpreende quando fazemos relatos das “Origens da Humanidade e das Grandes Civilizações”.

                                          Para os nativos, a chegada dos portugueses em terra brasileira eram dádivas se seu deus “O SOL”, aquele que vinha pelas ondas do mar para todas as criaturas. Os nativos eram povos de muito misticismo, acreditavam no deus trovão e em muitos espíritos oriundos das florestas, das águas, do sol, da lua.

                                            Para os colonizadores portugueses, em relação a Terra Brasilis, foi um descobrimento, e não uma  exploração colonial e invasão territorial no continente sul americano.

                                            Em outros territórios como Ásia, seria uma tomada de território, invadida pelas tropas do exército da monarquia portuguesa, existindo ali uma exploração colonial.

                                            No Brasil, não há pensar o contrário, sabendo que houve muita exploração pela Colônia Portugueses dos nossos recursos naturas, ouro, pedras preciosas e artesanato.      

                                             Daí porque os nativos brasileiros não revidaram e foram pacíficos ao povo branco com enormes embarcações. Foram enganados anos depois, escravizados, aculturados, exterminados pelas doenças dos brancos (gripe, sarampo, varíola, tuberculose, sífilis), sendo vítimas dos conflitos e massacres sangrentos.


3 Caminho do Peabiru- “A História.”

 

                                            Peabiru, palavra da língua Tupi indígena que significa “pe” = caminho  “abiru” que quer dizer  gramado amassado.

                                            São antigos caminhos utilizados pelos indígenassul-americanos desde muito antes do descobrimento pelos europeus, ligando o litoral ao interior do continente. ³

                                              Esse caminho era utilizado pelos nativos na região brasileira em São Vicente, hoje São Paulo logo após o descobrimento do Brasil pelos portugueses em 1500. (SOLARI, 2010, p. 27).

                                             O caminho tinha diversas ramificações utilizadas pelos guaranis, que, através delas, se deslocavam pelas diversas partes do seu território, mantendo, em contato, as tribos confederadas através de uma espécie de correio rudimentar chamado parejhara que ligava o norte e o sul do Brasil, da Lagoa dos Patos até a Amazônia.  Segundo a tradição desse povo, o caminho não foi aberto por eles, que atribuem a sua construção ao ancestral civilizador Sumé, que teria criado a rota no sentido leste-oeste.

                                               Através do caminho, era realizada uma intensa troca comercial (na base do escambo) entre os índios do litoral e do sertão e os incas: os índios do litoral forneciam sal e conchas ornamentais, os índios do sertão forneciam feijão, milho e penas de aves grandes como ema e tucano para enfeite, e os incas forneciam objetos de cobrebronze, prata e ouro. Como prova desse comércio, pode ser citada a descoberta de um machado andino pré-colombiano de cobre em Cananeia, no litoral de São Paulo.(Revista Superinteressante. Edição 329. Fevereiro de 2014. São Paulo. Editora Abril. p. 34).

 

REFERÊNCIAS

 

AQUINO, Rubin Santos Leão de. Histórias das Sociedades, das Comunidades primitivas, às sociedades medievais. 3 ed. Rio de Janeiro. 1929. 

FARIAS, José Airton de. Uma breve História  do índio no Brasil.- 1 ed. Revista e atualizada- Fortaleza.  2015 

¹ CAMINHA, Pero Vaz de. Escritor português que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral. 

SCHWARZ, Alf. As Ilusões de Racionalidade na Concepção de Projetos de Desenvolvimento: o processo de planejamento como uma secessão de escolhas cegas. Maceió, 1999. Ed. Eletrônica.

 SOLARI, P. Ymaguaré mokôi po ha mbohapy. Paraty. Associação Artístico-Cultural Nhandeva. 2010. p. 27-29.

____ A Desconhecida Maravilha Indígena- A Nova  Democracia. Acesso em 21 de maio 2015.

 ² http://www.infoescola.com/historia/grandes-navegacoes. Acesso em 21 de maio de 2015.

³ http://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho_do_Peabiru. Acesso em 21 de maio de 2015.

 ______Revista Superinteressante. Edição 329. Fevereiro de 2014. São Paulo. Editora Abril. p. 34.