Título: TEORIA DA CURVA DE PHILLIPS NOS ESTADOS UNIDOS: Uma atualização do estudo de Samuelson e Solow para o período de 1990 a 2014

1 INTRODUÇÃO

O desemprego, é definido como o percentual da força de trabalho que está sem trabalho, porém está disponível e a procura de emprego é uma variável extremamente relevante no âmbito econômico. Devido a sua importância, existem diversas teorias que buscam explicar esse fenômeno, tentando analisá-lo, demonstrando sua relação de causa e efeito. Uma dessas teorias é a Curva de Phillips, que segundo Blanchard (1999), busca relacionar o desemprego com a inflação nominal, mostrando que as duas variam de forma inversamente proporcional, onde existe uma relação de troca entre as duas variáveis. Ou seja, a teoria da Curva de Phillips pressupõe que a diminuição da inflação nominal leva ao aumento do desemprego.

O primeiro a ter publicado um trabalho que analisa exclusivamente esta relação, foi Alban William Phillips, em 1958, intitulado The Relation between Unemployment and the Rate of Change of Money Wage in the United Kingdom, 1861-1957, na revista Econômica, porém, esta analise não foi uma obra exclusiva de Phillips, outros autores como Karl Marx (1867) e Irving Fisher (1926), já haviam feito menção à relação entre desemprego e a taxa de inflação em seus trabalhos.

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De acordo com Phillips (1958), quanto menor for a taxa de desemprego, ou seja, mais pessoas estiverem empregadas, menos flexível será o mercado de trabalho, uma vez que as pessoas tendem a não ficar trocando de emprego, logo, mais rapidamente as empresas precisariam aumentar seus salários nominais para atraírem a mão-de-obra de necessitam, esta ação se daria pelo fato do mercado de trabalho não atender a demanda das empresas sendo estas obrigadas a atrair trabalhadores que já estejam empregados, aumentando os custos produtivos, que rebateram na inflação.

Quanto maior for a taxa de desemprego, ou seja, mais pessoas estivem a procura de emprego, menos pressionado estará o mercado de trabalho em aumentar os salários nominais, já que existiriam mais pessoas a procura de emprego e dispostas a receberem um salário menor para ocupar a vaga disponível.

Após o estudo de Phillips, que focou na economia do Reino Unido entre 1861 e 1957, Paul Samuelson e Robert Solow, em 1960, aplicaram a mesma análise para os Estados Unidos da América, observando dados do período entre 1934 a 1958, constatando a mesma correlação inversa entre as duas variáveis. Samuelson e Solow também fizeram a primeira modificação na teoria original de Phillips, na qual utilizaram a taxa de inflação dos preços , no lugar da variação da taxa de salários nominais onde a taxa é medida pelo índice do preço ao consumidor, reflete a mudança percentual anula do custo ao consumidor comum de adquirir uma cesta de bens e serviços, que pode ser fixado ou alterado em intervalos especificados, como anualmente. Geralmente a formula de Laspeyres é utilizada.

Esta relação ficou conhecida como a Curva de Phillips e passou a ter um papel decisivo nas escolhas de políticas macroeconômicas, mostrando o trade-off entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego. Porém, no longo prazo, a inflação não teria efeitos sobre o desemprego, levando em consideração que ocorrem alteração nas políticas monetárias que afetariam o estoque de moeda, não tendo impactos nas variáveis reais da economia, sendo o caso do desemprego. Mankiw (2003), observa que esta relação de trade-off entre inflação e desemprego, onde o aumento da taxa de desemprego ocasiona uma diminuição na inflação, ou vice-versa, só pode ser analisada no curto prazo.

Apesar disso, Blanchard (2008), aponta que, em 1960/70 diversos países vivenciaram altas taxas de inflação e de desemprego simultaneamente, contrariando os princípios da teoria da Curva de Phillips, mesmo está recebendo diversas críticas e sendo questionada sobre sua efetividade, a Curva de Phillips ainda é relevante na teoria econômica.

Assim, este trabalho tem como objetivo criar uma reaplicação do modelo aplicado por Samuelson e Solow para a atualidade. Será analisada se a teoria da Curva de Phillips, ainda é aplicável na economia americana no período de 1990 a 2014, 25 anos de dados, igualmente ao aplicado pelos dois autores em sua obra original de 1960.