No rescaldo do ataque ao quartel do "Bérets rouges", que matou sete pessoas, o regime de Bissau acusa o ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e Portugal de tramar um contra golpe de Estado.

 Seis meses depois de um golpe de Estado que derrubou, Carlos Gomes Júnior, o governo da Guiné-Bissau, , o novo regime deste país instável é atormentado por tráfico de drogas.

 O Portugal foi apontado ser por trás da tentativa de golpe de Estado, que matou sete pessoas.

 Foi num Domingo de madrugada, o povo assistiu a um grupo de homens armados que   invadem o quartel da elite do exército, frente ao quartel de "Berets rouge" situado perto do aeroporto na capital Bissau. Tal grupo armado fugiu depois de uma hora de combates mortais.

 Os atacantes foram liderados pelo Capitão Pansau N'Tchama, considerado próximo ao ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, derrubado em 12 de abril passado. O Capitão N'Tchama, membro ele mesmo dos "Berets rouges" considerado o chefe do comando, tendo assassinado em 2009, o Presidente João Bernardo Vieira.

 O Governo considera o Portugal, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Carlos Gomes Júnior como os promotores desta tentativa de desestabilização; cujo objetivo é a estratégia, tendo  derrubar o governo de transição", segundo um comunicado da governo.

 O texto acrescenta que o objectivo foi também "minar todo o processo político em curso, com um único objetivo, devolver Carlos Gomes Júnior para o poder, e também para justificar a presença de uma força internacional" de estabilização na Guiné -Bissau.

 O governo de Carlos Gomes Júnior, que vive no exílio em Portugal foi derrubado em 12 de Abril por um golpe militar ocorrido  entre os dois turnos da eleição presidencial, enquanto Gomes Júnior liderava a primeira rodada.

 O golpe de Estado, liderado pelo Chefe da Defesa, o general Antonio Indjai, que intregou o poder aos políticos com os quais  assinou um acordo, autorizando a transição, liderado pelo presidente, Serifo Nhamadjo manual.

 Pelo menos sete pessoas, incluindo seis agressores, de acordo com um relatório elaborado pela AFP, foram mortos no ataque ao quartel do "Berets Rouge". O governo fala no seu comunicado de seis mortos, um deles gravemente feridos e quatro presos.

O Capitão N'Tchama retornou recentemente de Portugal, onde estava em treinamento militar desde julho 2009, de acordo com fontes de segurança.

 Ele era o líder de um comando que matou o presidente Vieira em março 2009, poucas horas após o assassinato do Chefe de Estado Maior das forças armadas, Batista Tagme Na Waie.

 País "sob vigilância"

 Guiné-Bissau é um pequeno estado Oeste Africano cuja história é marcada por golpes e violência político-militar desde sua independência de Portugal em 1974, depois de uma guerra de libertação.

 Sua instabilidade transformou este país em um centro de tráfico de droga entre a América do Sul e a Europa, nos últimos anos. Os altos militares são acusados e envolvidos  no tráfico de drogas e armas.

 A Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO), pela qual pertence à Guiné-Bissau, condenou o golpe de Estado de 12 de abril, antes de confirmar o acordo entre golpe político e militar.

 A CEDEAO retirou suas sanções impostas após o golpe, mas o país onde as eleições serão organizadas em 2013, está "sob vigilância" de seus vizinhos.

 Os líderes derrubados do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde se recusaram a reconhecer o novo regime, e muitos deles vivem no exílio.

 Após este golpe, A UE principal parceiro suspendeu a sua ajuda a Guiné Bissau, impondo muitas sanções contra suspeitos militares de corrupção, incluindo o General Indjai.

 Apesar deste isolamento, o presidente Nhamadjo chamou no final de setembro a comunidade internacional a apoiá-lo na luta contra o tráfico de drogas e realizar eleições em 2013.

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador

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