Dizem que os dilúvios nos olhos dos amantes são os reflexos das tempestades que lhes ocorrem no coração.
Não sei se é verdade, mas neste momento faço tudo para acreditar que sim.
Por isso não chores. Seca as tuas lágrimas e não fiques triste. Não foi por mal nem por não nos querermos bem que aconteceu.
Ambos sabemos que em momento algum das nossas vidas nos traímos, nos tramámos ou nos faltou amor um pelo outro, fomos sempre o melhor que poderíamos ter sido. Nenhum de nós é ou foi injusto com o outro. A única injustiça que cometemos, foi termos permitido que o ciúme se instalasse entre nós e pouco a pouco acabesse por dominar por completo as nossas vidas.
Desculpa, mas não posso apenas fazer como tu; remar a outras águas silenciosamente e sem fazer ondas, sem nada dizer que denuncie que estou vivo. Sabes que não suporto silêncio, essa ausência despropositada de sentido.
Não consigo acreditar que o destino seja tão cruel desinteressadamente, sem um propósito, uma intenção meticulosamente estudada.
Recuso-me acreditar que o que havia entre nós e que parecia indestrutível e eterno, tenha terminado em tão poucos dias consumido pela desconfiança.
Basta que me digas o que posso fazer para te compensar do mal que julgas que te fiz, e tudo farei para te ver feliz de novo.
Diz-me como  poderei trazer novamente o brilho aos teus olhos e tudo farei para o conseguir.
Sabes?
...Acho que finalmente a nossa relação amadureceu.
Arrisco afirmar que chegou ao ponto em que não interessam divergências.
Largemos então as lanças com que nos debatemos.
Juntemos as pedras que atirámos um ao outro e façamos com elas uma muralha que nos abrigue das intempéries que nos desgastaram.
Amassemos  o chão que pisamos com as lágrimas que chorámos e edifiquemos uma parede que nos defenda das tempestades que provocámos.
Se estiveres de acordo, vamos tentar
concentrar-nos no que nos resta e que ainda temos em comum. Lamentavelmente nenhum de nós poderá garantir que resulte. O que irá acontecer a seguir só Deus sabe, mas tenho esperança que aconteça algo bom.. pois sei que deixámos um no outro  para sempre a indelével marca da saudade.
E se ambos sabemos que em tempos  o amor nos uniu também sabemos que não foi a a sua ausência que nos separou.
Já trocámos beijos tão puros como o mais fino pó das estrelas mais longínquas do universo, e abraços que poderiam ter unido galáxias, mas dos quais nunca vimos qualquer resultado.
E se já o fizemos uma vez, voltaremos a fazê-lo sempre que quisermos porque somos nós os senhores da nossa vontade.
Sabemos agora ondee errámos e não voltaremos a cometer o mesmo erro.
Vamos acreditar novamente em nós e tentar algo novo... fazer com que o ciúme que nos tem separado seja o elo mais forte da corrente que nos une.
Pois ambos sabemos e acreditamos que na verdade, por muito distraídos que sejamos, também não somos parvos... e que nenhum de nós quererá perder um amor deste tamanho.